DDT EM SEDIMENTOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO AURÁ: NIVEIS E IMPLICAÇÕES ECOLOGICAS

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ambiental

Autores

Rosivaldo, M. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Marcelo, L. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Danilo, F. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Jamile, M. (ÚNIVERSIDADE FEDERAL DO PARA)

Resumo

Neste estudo foram determinados os níveis de DDTs em sedimentos superficiais da bacia hidrográfica do Rio Aurá com o objetivo de averiguar possíveis riscos de exposição humana e ambiental as populações que vivem próximas ou as margens dos corpos hídricos da região devido a presença de um lixão a céu aberto. A distribuição de DDTs e seus metabolitos variaram muito ao longo das quatro amostragens, com concentrações totais variando entre 170,58 a 451,99 µg.kg -1. Todas as amostras de sedimento superficial apresentaram níveis de pp´-DDT e pp´-DDD acima do estabelecido pelo PEL das Diretrizes de qualidade dos sedimentos aquáticos, indicando uma maior probabilidade de ocorrências de impactos ambientais pelos organismos aquáticos nestas regiões.

Palavras chaves

DDT; risco ambiental; contaminação

Introdução

O DDT (diclorodifeniltricloroetano) foi utilizado para o controle do vetor transmissor da malária no Brasil durante anos. É um composto organoclorado que apresenta alta toxicidade, tendência de bioacumulação e persistência ambiental. O Rio Aurá, localizado na Região Metropolitana de Belém (RMB), está próximo de um lixão a céu aberto, que foi utilizado por mais de 20 anos como o destino do descarte de diversos tipos de rejeitos sem uma devida separação, classificação e sem nenhuma preocupação com o risco ambiental que esta atividade poderia proporcionar. O funcionamento do lixão sem atender nenhum critério de proteção ambiental, certamente poderia gerar através principalmente do lançamento de chorume no rio Aurá, graves problemas ambientais com a poluição do rio com consequências para a biota aquática com a contaminação da água e sedimentos, afetando a população que vive em áreas próximas e que dependem das águas dos rios para diversas atividades. Contaminantes como metais pesados, compostos orgânicos voláteis, pesticidas podem estar associados à poluição deste rio. O clima quente acelera a decomposição do lixo orgânico que devido à grande quantidade de chuva na região penetra o solo e podendo atingir os lençóis freáticos. O objetivo deste trabalho foi determinar os níveis de DDT em sedimento superficial do rio Aurá, para avaliar o grau de contaminação por este contaminante e verificar os possíveis riscos ecológicos de exposição das comunidades que vivem as margens do rio.

Material e métodos

Foram coletadas 28 amostras de sedimento distribuídas em 7 pontos durante 4 amostragens realizadas entre out/14 e jul/15 a cada 3 meses, atendendo a influência da sazonalidade da região. A coleta das amostras foi realizada em draga tipo Van Veen, armazenadas em saco plástico e preservadas em gelo enviadas para o laboratório, onde foram submetidas a processos de secagem a temperatura ambiente. Após a secagem, as amostras foram desagregadas em ultrassom e peneiradas em peneira de aço inoxidável com abertura de 200 µm e armazenadas em tubos de acrílicos de 30 ml devidamente identificados. Cerca de 2 g da amostra de sedimento superficial foram colocados em tubo de teflon com 10 mL de solução n-Hexano:acetona (8/2) e extraídos por extração assistida por Microondas (MAE) com uma rampa de temperatura de 30 ºC a 120 ºC por 30 min, com agitação média e pressão de 800W. Para a análise quantitativa, utilizou-se um Cromatografo Gasoso (CG) CP 3800 VARIAN com detecção por captura de elétrons, equipado com software workstation 5.0 para o processamento dos dados cromatográficos.

Resultado e discussão

Foram detectados resíduos de pp’-DDT, op’-DDT, pp’-DDE, op’-DDE, pp’-DDD e op’-DDD em 71%, 21%, 89%, 68%, 64% e 35% das amostras respectivamente. A distribuição de DDTs e seus metabólitos apresentaram uma grande variabilidade e heterogeneidade de contaminação nos pontos ao longo das quatro amostragens realizadas neste estudo, com concentrações totais variando entre ND – 1179,96 µg/kg-1. A figura 1 mostra os níveis de DDT e metabólitos ao longo das quatro amostragens. As maiores concentrações foram encontradas no mês abril/15, com valores médios de 589,77 µg/kg-1. Esses valores foram maiores que os meses de out/14, jan/15 e jul/15, que apresentaram valores médios de 250,55 µg/kg-1, 49,96 µg/kg-1 e 105,92 µg/kg- 1, respectivamente. Entre os sete pontos estudados, o ponto 02 que está próximo ao lixão, apresentou os maiores níveis de DDTs, com maior abundância encontrada para o metabólito pp’-DDT (567,80 µg/kg-1) em abril/15. Para a avaliação do risco ambiental associado à concentração de DDTs, foram utilizadas a Diretriz Canadense de Qualidade de Sedimentos para Ambientes Aquáticos, que estimam o risco ecológico causado pela concentração de DDTs e seus metabólitos. Estas diretrizes agrupam duas categorias, as diretrizes provisórias de qualidade de sedimento (ISQGs) e níveis prováveis de efeito (PELs) para DDT, DDD e DDE em sedimentos superficiais de água doce. As concentrações DDE, DDD E DDT analisadas apresentaram valores acima de ISQG e PEL e a carga de contaminação entre ambos foi próxima. DDE apresentou limites de contaminação com 89% das amostras acima do ISQG e 86% das amostras acima do PEL. Os maiores níveis de contaminação foram registrados em out/14 onde os níveis de ISQG e PEL ficaram acima em quase todas as amostras.

Figura 1

Níveis de DDE, DDD e DDT na Bacia Hidrográfica do Rio Aurá.

Conclusões

Este estudo forneceu a primeira investigação sobre a distribuição de DDT e seus metabólitos em sedimentos superficiais do rio Aurá. Os resultados encontrados sugerem uma entrada antiga no ambiente relacionado ao uso histórico na região, mas que os rejeitos descartados e liberados no rio através da lixiviação podem estar gerando uma entrada deste contaminante no rio, podendo ocasionar impactos adversos na ambiente ecológico e na saúde humana. As concentrações excederam os valores da diretriz de qualidade dos sedimentos, causando preocupações quanto aos riscos ecotoxicológicos para a região.

Agradecimentos

Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) e Ministério Público do Estado do Pará.

Referências

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