DIMENSIONAMENTO DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES (ETE) COM BASE NA ANÁLISE DOS EFLUENTES DESCARTADOS PELO LABORATÓRIO DE IMUNOPATOLOGIA KAIZO ASAMI (LIKA) DA UFPE.

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ambiental

Autores

Vasconcelos, G.T.S. (UFPE) ; Miranda, V.F.S. (UFPE) ; Costa, R.S. (UFPE) ; Almeida, L.S. (UFPE)

Resumo

O instituto de pesquisa de Imunopatologia Kaizo Asami descarta seus efluentes no Riacho Cavouco/PE sem tratamento adequado,conforme Resolução n°430/11 do CONAMA.Este trabalho dimensionou uma Estação de Tratamento de Efluentes(ETE) neste ponto de descarte,com base em Demanda Bioquímica de Oxigênio(DBO),Demanda Química de Oxigênio(DQO),Oxigênio Dissolvido(OD),pH,metais,condutividade,turbidez e Sólidos Totais(ST).DBO,ST e OD foram os principais indicativos de poluição.As etapas sugeridas foram:peneiramento,coagulação,floculação,decantação primária,filtro biológico,decantação secundária e filtro prensa.Obteve-se remoções teóricas de 97,34% para DBO e 98,29% de ST.Indica-se que o lodo proveniente deste tratamento pode ser destinado a aterros sanitários.A ETE dimensionada ocupa área de 50,4 m².

Palavras chaves

Tratamento de Efluentes; Efluentes de Laboratório; Dimensionamento de ETE

Introdução

A água possui sua importância mundialmente conhecida, e com o crescimento populacional e econômico sua demanda tem apresentado índices ainda mais elevados. A qualidade das águas está normatizada nas Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), dentre as quais a Resolução CONAMA 430/11 dispõe sobre o lançamento de efluentes em corpos hídricos. Inúmeros laboratórios de análises que envolvem uma gama de resíduos no desenvolvimento de seus estudos, descartam seus efluentes com alto teor de contaminantes. A quantidade gerada de resíduos neste segmento é desprezível comparando-se à industrial, mas a questão ambiental é que estes resíduos não possuem uma técnica padrão para seu tratamento devido ao potencial de variação de sua composição (PENATTI et al, 2016). O Laboratório de Imunopatologia Kaizo Asami (LIKA/ Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)) é um dos pontos que elimina seus efluentes sem um tratamento adequado no Riacho Cavouco/PE. Por se tratar de um laboratório que realiza estudos clínicos, considera-se que o efluente gerado pelo mesmo é diferenciado dos domésticos e industriais, tornando-se relevante a implantação de um sistema de tratamento dos efluentes adequado. O projeto de uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) depende diretamente da caracterização dos efluentes descartados (Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Demanda Química de Oxigênio (DQO), Oxigênio Dissolvido (OD), pH, metais, condutividade, turbidez e Sólidos Totais (ST)), assim como do volume de resíduos a serem tratados em função do tempo, sendo geralmente constituído por quatro etapas: tratamento preliminar, primário, secundário e terciário. Tendo em vista o estudo dos parâmetros físico-químicos destes esgotos, dimensionou-se uma ETE para o tratamento dos mesmos.

Material e métodos

Foi aferida a vazão dos efluentes utilizando-se uma proveta de 1L e um cronômetro.Coletou-se as amostras de esgotos da tubulação de descarte e mediu-se a temperatura in loco.As análises de DQO,DBO,pH,condutividade e metais foram realizadas no Laboratório de Engenharia Ambiental e da Qualidade da UFPE.Todas as análises seguiram metodologia do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater e foram determinadas em triplicatas.A relação entre DQO e DBO foi superior a 2 indicando como adequado o tratamento físico-químico, e acoplou-se um tratamento bioquímico devido à alta carga orgânica.Propôs-se as etapas de tratamento preliminar (Peneira Estática),tratamento primário (Tanque de Coagulação,Tanque de Floculação e Decantador Primário),secundário (Filtro Biológico e Decantador Secundário) e terciário (Filtro Prensa de Placas). Observou-se a necessidade dos Testes de Jarros para seleção do agente coagulante, os quais seguiram a metodologia de Leme(1979).Utilizou-se três jarros, nos quais adicionou-se 1L do efluente e os coagulantes em análise (sulfato de alumínio, cloreto férrico e GENFLOC (Cloridróxido de alumínio a 23%)), sendo os mesmos submetidos à agitação rápida e ,posteriormente, à lenta. Posteriormente, foram vertidos em cones de Imhoff, para sedimentação em 1hora.Mediu-se a turbidez e o pH do efluente inicialmente e após a decantação, e verificou-se o volume de sólidos decantados após o tempo estabelecido para o processo de sedimentação.Vale salientar que o dimensionamento da ETE foi realizado considerando-se os equipamentos utilizados para o tratamento sugerido, incluindo-se um tanque de equalização (Figura 1) e calculando-se as áreas para cada unidade da ETE.

Resultado e discussão

Os resultados da turbidez, dos metais, do pH e da temperatura apresentaram- se conforme o CONAMA 430/11, porém a DBO, a condutividade e os Sólidos Totais ficaram acima do valor permitido (Tabela 1-Figura 2). O Oxigênio Dissolvido não foi detectado, sendo zero o valor obtido, apresentando-se fora desta Resolução. O dimensionamento dos equipamentos sugeridos (Peneira Estática, Tanque de Equalização, Tanque de Coagulação, Tanque de Floculação, Decantador Primário, Filtro Biológico, Decantador Secundário e Filtro Prensa de Placas) resultou em uma área total ocupada pela ETE de aproximadamente 50,4 m². Após o tratamento teórico, obteve-se eficiência na remoção de DBO e ST de 97,34% e 98,29%, respectivamente, em função dos teores de DBO e ST remanescentes ao final do tratamento proposto. (Tabela 2-Figura2). Para a disposição final do lodo gerado em uma ETE tem-se algumas opções, tais como aterros sanitários, incineração, utilização agrícola e lançamento no mar. Contudo, dependendo da composição deste resíduo, há grandes riscos de contaminação, tornando-os inviáveis (RICHTER, 2001). Diante disso, tendo-se em vista que os sólidos obtidos são provenientes de análises laboratoriais, entretanto o teor de metais (toxicidade) do esgoto líquido encontrou-se dentro do estabelecido pela Resolução, sugere-se que os mesmos podem ser destinados a aterros sanitários.

Figura 1

Proposta de tratamento para o efluente do LIKA/UFPE.

Figura 2

Tabelas com os resultados das análises e teores remanescente4s de DBO e ST

Conclusões

Pode-se constatar pelas análises realizadas nos efluentes lançados pelo LIKA/UFPE no Riacho Cavouco/UFPE, que os parâmetros tais como DBO, ST e OD são os principais indicativos de poluição nestes efluentes. O tratamento proposto apresentou uma alta eficiência na remoção de DBO e ST, obtendo-se 97,34% e 98,29%, respectivamente. Além disso, a ETE ocupa uma área de aproximadamente 50,4 m², podendo ser instalada próxima ao LIKA. Como o esgoto líquido não apresentou metais acima do permitido, o lodo proveniente deste tratamento proposto indica que este pode ser destinado a aterros sanitários.

Agradecimentos

Referências

American Public Health Association Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 21thEdition, 2005.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução nº 430, de 13 de maio de 2011. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Diário Oficial da União. Brasília, DF, 2011.
LEME, Francisco Paes. Teoria de tratamento de água. CETESB, 1979.
PENATTI, F. E.; GUIMARÃES, S. T. L.; SILVA, P.M. da; Gerenciamento de resíduos químicos em laboratórios e análises e pesquisa: O desenvolvimento do sistema em laboratórios de área química. São Paulo, 2016.
RICHTER, C. A. Tratamento de lodos de estações de tratamento de água. 1 ed. São Paulo. Editora Blucher, 2001. 102 p.

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