CONCEPÇÕES DE PROFESSORES DE QUÍMICA SOBRE USO DE SABERES TRADICIONAIS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO CIENTIFICA

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ensino de Química

Autores

Pereira, M.G. (UFMA) ; Lima, J.B. (UFMA) ; Silva, C.C. (UFMA) ; Marques, P.R.B.O. (UFMA) ; Marques, C.V.V.C.O. (UFMA)

Resumo

Nas últimas décadas, a literatura vem relatando sobre a inserção dos saberes populares na escola e a possibilidade de construção coletiva do conhecimento a partir da diversidade cultural. Nesta ótica, o presente estudo objetivou traçar um panorama sobre saberes tradicionais implementados em escolas de ensino fundamental da rede pública de ensino, a partir da concepção dos professores de ciências/química. A metodologia seguiu a abordagem qualitativa e a organização dos dados configurou-se na análise de unidades de significados dos discursos dos professores. Os resultados revelaram que a grande maioria dos professores detém concepções significativas o uso desses saberes, porém existem aqueles que não tem conhecimento do que se trata o tema e afirmam que carecem de apoio pela escola.

Palavras chaves

Ensino de Quimica; Concepção de professores; Saberes tradicionais

Introdução

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais (PCN) o ensino de ciências permite introduzir e explorar as informações relacionadas aos fenômenos naturais, à saúde, a tecnologia, a sociedade e ao meio ambiente, favorecendo a construção e ampliação de novos conhecimentos (BRASIL, 1997). A alfabetização científica está colocada como uma linha emergente na didática das ciências, que comporta um conhecimento dos fazeres cotidianos da ciência, da linguagem científica e da decodificação das crenças aderidas a ela (AGUILAR, 1999). Conforme o autor Cobern (1996) o espaço educativo é transitado por várias culturas que são representadas pelos estudantes, como, por exemplo, de árabes, judeus, budistas e de sociedades tradicionais, dentre outras. Autores também chamam a atenção para o desconhecimento, por parte dos professores, dos saberes científicos envolvidos ou com potencial para se trabalhar partir dos saberes populares, bem como o apego ao livro didático e aos conteúdos determinados nos currículos (PINHEIRO e GIORDAN, 2010; RESENDE et al., 2010).Nesse sentido, o presente estudo é um recorte de pesquisa de iniciação cientifica (PIBIC/UFMA) que objetivou traçar um panorama investigativo sobre saberes tradicionais x saberes científicos aplicados em escolas de ensino fundamental do 6° ao 9° ano da rede pública de ensino da cidade de Codó- Maranhão, pela ótica da concepção dos professores de ciências, uma vez que são eles responsáveis pelo implementação e de manutenção da cultura curricular.

Material e métodos

A metodologia deste trabalho teve por base a pesquisa qualitativa (ANDRÉ e LUDKE, 1994; BLISS e OGBORN, 1983). O campo de pesquisa direcionou-se para o conjunto de professores das escolas da zona urbana de Codó/Maranhão. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados, questionários estruturados e semi-estruturados, aplicados a professores de química do 9° ano do ensino fundamental da Rede Pública da Codó- Maranhão, pontualmente sobre os saberes tradicionais aplicados no ensino de química. A organização dos dados seguiu a perspectiva de análise quanti e qualitativa, estruturada a partir da análise de conteúdo pela retirada de unidades de significados atentando para categorização dos dados obtidos direcionando para a construção de uma rede sistêmica (MINAYO, 2006; MARQUES, 2010). Ressalta-se que as perguntas elaboradas foram idealizadas para suscitar categorias e subcategorias para responder as questões desta pesquisa. Para Strauss e Corbin (2008) agrupar signos em categorias serve para facilitar a organização dos dados e a interpretação do objeto de estudo.

Resultado e discussão

A pesquisa foi realizada em 13 escolas municipais da zona urbana da cidade de Codó que ofertam o ensino fundamental – 2ª Etapa. Identificou-se 28 professores e todos foram convidados a participarem da pesquisa, embora alguns se mostraram resistentes sobre a sua participação. A análise do conteúdo organizou-se nas respostas fornecidas por um conjunto de professores a partir de três blocos analíticos, a saber: (i) Bloco I – Concepção dos professores de ciências sobre saberes tradicionais; (ii) Bloco II- Implementação de atividades de ciências de atreladas a saberes tradicionais; (iii) Bloco III – Atividades realizadas nas escolas sobre os saberes tradicionais.Para a categoria concepções, os dados demonstram que os professores apresentam conhecimentos empíricos significativos sobre o assunto e não um conhecimento sistematizado. Para a categoria visão, os professores de ciências têm ciência e consciência da importância da inclusão dos saberes tradicionais na comunidade escolar e em geral. Para a categoria memórias, podemos observar que os professores de ciências citaram vários exemplos de saberes tradicionais lembrados comumente pela comunidade. Para a categoria intervenção, os resultados registraram formas de intervenções que correlaciona os saberes tradicionais realizados pelos professores, porém alguns professores afirmam não terem aplicado atividades pedagógicas sobre os saberes tradicionais e que a escola até o momento não ofereceu espaço para se trabalhar os conhecimentos populares. Para a categoria ações, alguns professores afirmaram à dificuldade de se trabalhar à interdisciplinaridade, destacando as dificuldades institucionais, metodológicas, pedagógicas, o currículo, o livro didático e a falta de entrosamento com a comunidade.

Conclusões

A pesquisa revelou que a grande maioria dos professores detém concepções significativas sobre a vertente de pesquisa e que uma pequena parcela dos mesmos, não tem conhecimento do que se trata o tema e afirmam que a escola não oferece espaço para se trabalhar os saberes populares. Os docentes relataram que não costumam trabalhar temas relacionados aos saberes tradicionais, porém alguns trabalham os conteúdos de ciências fazendo alusão ao cotidiano dos alunos. Percebe-se nos relatos dos docentes que há uma supervalorização dos conhecimentos científicos em detrimento dos saberes tradicionais.

Agradecimentos

A Universidade Federal do Maranhão/ Campus – Codó, SEMECTI, FAPEMA, PIBIC e Foco Acadêmico.

Referências

AGUILAR, T., (1999).Alfabetización científica para laciudadanía. Madrid: Narcea.
BLISS, J. M., M.; OGBORN, J. Qualitative data analysis for educational research: a guide of systemic network. London: Croom Helm, 1983.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências naturais/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997 a, p.23.
COBERN, W. W. The competing influence of secularism and religion on science education in a secular society. In: WORKSHOP ON SCIENCE EDUCATION AND SECULAR VALUES, 2007, Hartford.
LÜDKE, M.; ANDRÉ M. E. D. A (1986) Pesquisa em educação : abordagens qualitativas. São Paulo : EPU.

MARQUES, Clara V. V. C. O. Perfil dos cursos de formação de professores dos programas de licenciatura em química das instituições públicas de ensino superior da região nordeste do país. São Carlos: UFSCar, 2010. 291 f.

PINHEIRO, P. C.; GIORDAN, M. O preparo de sabão de cinzas em Minas Gerais, Brasil: do status de etnociência à sua mediação para a sala de aula utilizando um sistema hipermídia etnográfico. Investigações em Ensino de Ciências, Porto Alegre, v. 15, n. 2, p. 355-383, ago. 2010.
STRAUSS, A.; CORBIN, J. Pesquisa qualitativa: técnicas e procedimentos para o desenvolvimento de teoria fundamentada.2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. 288 p.

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