O MODELO ATÔMICO DE DALTON NO ENSINO DE REAÇÕES QUÍMICAS EM UMA ALDEIA MUNDURUKU

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ensino de Química

Autores

Diniz, V.W.B. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)

Resumo

A escola indígena tem importante papel no processo de ensino-aprendizagem pois é um espaço de alfabetização científica e para auxiliar nesse processo é importante conhecer as transformações químicas. Com o objetivo de facilitar o entendimento de reações químicas foi proposto a representação das mesmas através de sementes com base no modelo atômico de Dalton. A atividade foi realizada em uma aldeia Munduruku localizada no Pará. Os alunos se mostraram muito motivados e relataram que conseguiram entender como os átomos se recombinam para formar os diferentes produtos. A proposta se mostrou válida e além de ser de baixo custo, utiliza materiais comuns encontrados no cotidiano dos indígenas Munduruku.

Palavras chaves

Indígena; Dalton; Reações

Introdução

A educação indígena tem gerado vários estudos para tentar sanar as dificuldades enfrentadas no processo de ensino-aprendizagem. As lógicas indígena e cientifica não devem ser encardas como antagônicas, mas sim como formas de complementação que auxiliam professores e alunos no processo da construção do conhecimento. Um cidadão alfabetizado cientificamente pode ter condições de produzir conhecimentos que possam contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos tenham o direito de acesso aos diversos produtos da ciência e da tecnologia. Neste aspecto, o ensino de ciências/química na escola indígena tem fundamental importância na construção do espaço de alfabetização cientifica dos indígenas, pois é ela quem contribuirá para que estes tenham pleno exercício de seus direitos (LOPES, 2015). Nas aulas de Química, são apresentados os diferentes modelos atômicos e sua evolução, porém é importante relatar que os modelos tentam explicar uma realidade e servem de base para o bom entendimento das situações reais. O modelo de atômico de Dalton, o qual é feito a analogia com “bolas de bilhar”, pode ser utilizado para ilustrar as reações químicas mais simples. As analogias para este modelo podem ser também feitas com sementes, as quais tem tamanhos, massas e formas diferentes. Neste trabalho, foi proposto a utilização do modelo atômico de Dalton para o ensino de reações químicas, onde os alunos indígenas da etnia Munduruku, representaram as reações químicas mais simples com diversas sementes coletadas na aldeia.

Material e métodos

O trabalho foi desenvolvido em uma aldeia Munduruku, localizada no município de Jacareacanga-PA, durante as aulas do curso de graduação em Licenciatura Intercultural Indígena através da Universidade do Estado do Pará – UEPA. A turma é composta por alunos de diversas aldeias da etnia Munduruku que se encontram em uma aldeia que sedia as aulas para a formação de professores indígenas. Esta atividade foi desenvolvida durante a disciplina “Saberes Indígenas e Fundamentos de Química”, onde em um primeiro momento foi apresentado o conteúdo referente à reações químicas e para auxiliar no processo de ensino-aprendizagem, foi relembrado o modelo atômico de Dalton, onde as “bolinhas coloridas” desenhadas no quadro representariam os átomos e assim poderiam ser previstos os produtos das reações químicas inorgânicas mais simples. Em um segundo momento foi proposto a turma que representasse, com o modelo atômico de Dalton as reações, prevendo os produtos formados, utilizando para isso as sementes que eles coletaram na aldeia nas proximidades da escola. A turma foi dividida em grupos de três alunos e cada grupo sorteou uma reação química inorgânica e os alunos a representariam, prevendo seus produtos, colando as sementes em uma folha de papel. Em um terceiro momento, as atividades foram socializadas para a toda a turma, onde pode-se apresentar diversas reações utilizando o modelo de Dalton.

Resultado e discussão

Para representar as reações químicas os alunos utilizaram papel, cola e sementes diversas, as quais foram coladas no papel. Em cada representação havia uma legenda onde se relacionava os átomos da reação química com o tipo de semente escolhida. Foi observado que os alunos conseguiram representar as reações químicas e prever os produtos formados corretamente. As sementes coloridas e com formatos distintos ajudaram a diferenciar muito bem os diferentes átomos e ajudaram a compreender que estes átomos se recombinam para forma substâncias que são diferentes daquelas que apareceram no início da atividade (reagentes). A turma se mostrou bastante motivada e disposta a realizar a atividade proposta, utilizando de materiais que são encontrados do dia-a-dia da aldeia. Os alunos, após a socialização das representações, relataram que a atividade contribuiu para o melhor entendimento do que é uma reação química e como se formam os produtos da reação. “Usar caroço é legal porque a gente vê os átomos e não é só as palavras”, relatou um aluno, referindo-se à representação das reações com os símbolos dos elementos químicos. Para este aluno a representação dos átomos por sementes facilitou o entendimento de que as ligações químicas são rompidas e ligadas novamente entre os átomos durante uma reação química. Esse depoimento, nos mostra a importância de se utilizar os modelos como ferramentas para compreender um mundo real e de difícil acesso que é o mundo atômico, além de mostrar que materiais encontrados no dia-a-dia podem ser utilizados como recurso pedagógico para o ensino de química (CHASSOT, 2001).

Conclusões

Os alunos da turma Munduruku se mostraram bastante envolvidos e com a utilização das sementes para representar as reações químicas. O processo de ensino-aprendizagem torna-se mais dinâmico com a utilização de materiais comuns, da própria aldeia, pois os recursos do cotidiano podem e devem ser utilizados nas aulas. O modelo atômico de Dalton, utilizando sementes, se mostrou muito eficiente para o ensino de reações químicas, pois além de facilitar a aprendizagem, mostrou aos alunos que é possível aprender e ensinar com os mais diferentes recursos.

Agradecimentos

Referências

LOPES, E. T. Ensino-Aprendizagem de Química na Educação Escolar Indígena: O Uso do Livro Didático de Química em um Contexto Bakairi. Química Nova na Escola. N. 4. Volume 37. 2015.
CHASSOT, A. I. Alfabetização Científica: Questões e Desafios para Educação. 2. ed. Ijuí: Ed. Unijuí. 2001.

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