A EXECUÇÃO DE AMOSTRAS DE EXPERIMENTOS COMO INSTRUMENTO FACILITADOR NA APRENDIZAGEM DE QUÍMICA.

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ensino de Química

Autores

Bitencourt, K.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Pires, N.L.P. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Silva, A.T. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Carneiro, J.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)

Resumo

Este trabalho tratou de uma amostra de experimentos através de uma minifeira, para facilitar na aprendizagem de alguns conceitos químicos. O público alvo foram alunos do 3º ano do ensino médio turnos manhã e tarde, de duas escolas públicas do município de Barcarena/PA. Os experimentos foram acompanhados das explicações teóricas envolvidas neles e ao decorrer das demonstrações foram analisados questionários e o envolvimento dos alunos, perante o que estava sendo exposto, com o intuito de verificar se o procedimento executado foi eficaz ou não. Os resultados demonstraram que a maioria dos alunos considerou importante a utilização de experimentos, observou-se o envolvimento deles nas atividades e a curiosidade em pergunta, e ainda consideraram importante a realização das feiras na escola.

Palavras chaves

Experimentação; Amostra de experimentos; Aprendizagem eficaz.

Introdução

O ensino de ciências em particular, a química, da forma como vem sendo ensinada é desestimulante para o aluno, uma vez que não é feita uma articulação do assunto com o cotidiano do aluno, o que implica no distanciamento do que foi lecionado, com a sua realidade de vida. Segundo Souza, (2013) uma das dificuldades apresentada pelos estudantes foi a de selecionar informações de diferentes fontes, estabelecer ligações entre a ciência escolar e as situações que fazem parte de suas vidas e ainda tirar suas próprias conclusões, a partir dos conteúdos abordados. Santos et al (2010) concordam no sentido de que o ensino de química, tem sido desenvolvido de forma a valorizar a memorização de nomes e fórmulas, sem alguma relação com o cotidiano do educando. Além disso, a maioria dos processos e conceitos que permeiam tal ciência são abstratos. Em virtude disso, passa-se a exigir então uma busca diligente por métodos que possam ser utilizados para tentar diminuir a apatia que os alunos têm pela disciplina, dentre eles uma proposta seria utilizar a experimentação no ensino. A utilização de experimentos é um poderoso aliado ao ensino, pois além de tornar a aula mais dinâmica, facilita a compreensão do assunto estudado, pois possibilita ver na prática o que a teoria, muitas vezes não consegue explicar, além disso, na maioria dos casos, o aluno consegue com tais experimentos relacionar a química com o seu dia-a-dia, e assim perceber a importância que esta tem para a sua vida, promovendo assim uma aprendizagem mais consistente. Este método [...] representa uma excelente ferramenta para que o aluno faça a experimentação do conteúdo e possa estabelecer a dinâmica e indissociável relação entre teoria e prática (REGINALDO; SHEI; GÜLLICH, 2012). Aliado à experimentação está à realização de feiras nas escolas, pois muitas vezes um dos motivos que é apontado, sobretudo pelos professores, para a não realização de experimentos, é a falta de tempo e espaço para a execução de tais atividades, conforme ratifica Oliveira et al (2016), em que mesmo que as escolas não ofereçam suporte nem laboratórios adequados para a realização de experimentos, ou o fato dos professores terem uma vasta gama de conteúdo a serem cumpridos, as feiras surgem como uma ótima alternativa para auxiliar e facilitar na realização de tais atividades, buscando relacionar os experimentos, com os assuntos estudados em sala. Outro ponto é que as pessoas que assistem as feiras dizem terem aprendido conceitos que antes eram desconhecidas por eles, e compreendido assuntos que outrora não conseguiam entender quando estudados somente na teoria, produzindo sempre um aspecto positivo para tais eventos (BERNARDES, 2011). Dessa forma ao demonstrar, por exemplo, o experimento intitulado “pilha de limão”, pode-se abordar inúmeros conceitos, tais como, reações químicas (redox) e todos os processos que ocorrem nos elementos químicos, corrente elétrica, condutividade, entre outros. Ainda, ao demonstrar o experimento denominado “monstro de açúcar”, o docente poderá abordar diversos assuntos, tais como, reações de desidratação e exotérmica, detecção de uma transformação química por alteração de cor, ácidos fortes e seus efeitos, entre outros. Nesse sentido, o professor executa as experimentações, propiciando, concomitantemente, a abordagem dos inúmeros conceitos supracitados. Com isso, este trabalho teve como finalidade conferir se a demonstração de experimentos em química, entre eles, o experimento “pilha de limão” e o “monstro de açúcar”, mediante uma minifeira, acompanhados das explicações teóricas envolvidas, quando aplicados no ambiente escolar favorecem ou não o entendimento dos conceitos, proporcionando uma aprendizagem eficaz para o aluno.

Material e métodos

A pesquisa foi parte integrante avaliativa da disciplina “Práticas integradoras II”, do componente curricular do Curso de Ciências Naturais da Universidade do Estado do Pará. Foram elaborados alguns experimentos aos alunos pertencentes ao 3º ano do ensino médio, uma vez que nesta série provavelmente eles já terão estudados os assuntos que envolvem os experimentos em questão, de duas escolas estaduais da rede pública de ensino, turnos manhã e tarde, ambas localizadas no município de Barcarena-PA. O estudo foi desenvolvido em fevereiro de 2018. Os experimentos ficaram expostos em espaços fora da sala de aula, em cima de algumas bancadas. As explicações sobre o experimento se deram conforme os alunos iam chegando. Em algumas vezes achou-se imprescindível “desmontar” a pilha, uma vez que, os alunos gostariam de saber como seria realizada a construção da mesma. Porém, tal procedimento não demandava muito tempo, e então eles puderam compreender como a pilha foi construída. Já em relação ao segundo experimento “monstro de açúcar”, foi necessário que ele fosse realizado novamente em todas as suas demonstrações, visto que, a atenção dava-se à medida que os reagentes eram misturados, e o produto formava-se. Para a coleta dos dados, foi realizada uma observação detalhada da reação dos alunos e do interesse que estes demonstravam pelos experimentos abordados, procurando sempre anotar todas as informações possíveis, além disso, foi elaborado um questionário entrevista, a fim de obter maiores informações sobre a opinião e a importância que os alunos tinham a respeito da realização das feiras nas escolas, a utilização de experimentos no ensino e a realização deles pelos professores, com as seguintes questões subjetivas: (1) Você considera importante a realização das feiras nas escolas, Por quê? (2) Você considera importante a utilização de experimentos em sala de aula, Por quê? (3) O seu professor em algum momento já realizou experimentos em sala de aula? Optou-se por utilizar o questionário entrevista, porque, apesar de serem tomados os devidos cuidados para que nada passasse despercebido de quem estava observando e anotando, sabe-se que é impossível que tudo venha a ser analisado, logo a informação que pode não ter sido observada, e/ou anotada, foi adquirida através do questionário. Assim, a utilização dessa ferramenta foi de extrema importância, pois, auxiliou a conseguir o máximo de informações para uma análise mais detalhada e elaborada dos resultados, a então enriquecer mais ainda o trabalho. Na análise dos resultados provenientes da coleta de dados, foi utilizado o método qualitativo, o qual não tem por objetivo imediato a generalização dos resultados obtidos. [...] enfatiza as relações que determinam o comportamento de um determinado grupo ou sujeito. Ela tem um caráter exploratório, no sentido de que fazemos um mapeamento do terreno estudado, visando a sua descrição detalhada (ROSA, 2013, p. 41).

Resultado e discussão

No decorrer da minifeira, pôde-se perceber que os alunos estavam bastante entusiasmados com os experimentos e curiosos para saber o que iria acontecer e o porquê de acontecer, e também, queriam saber como os experimentos haviam sido feitos, pois queriam fazer em suas casas. Nas figuras (01 e 02) é possível observar os experimentos em questão. No momento da explicação, os alunos estavam bastante atentos para o que estava sendo exposto e para os experimentos, sempre perguntando, e até mesmo acrescentando algumas informações. Isso foi de grande importância, e trouxe uma maior segurança, porque demonstrou que eles estavam entendendo o que estava sendo explicado. Com respeito aos questionários, os alunos sempre mostraram um aspecto positivo em relação à importância que eles davam à realização das feiras nas escolas, conforme relato de alguns deles: “A realização de feiras na escola sempre é muito legal, porque a gente aprende coisas novas. Eu gosto muito”; “As feiras de ciência que tem na minha escola são muito legais eu sempre apresento trabalhos e consigo aprender mais com elas”; “Quando tem feira de ciência na escola eu sempre vou acho muito legal aqueles trabalhos que eles apresentam tem sempre coisas novas”; “Eu acho muito importante”. Dando ênfase, Bernardes (2011) articula que a realização de feiras é um importante incentivo ao aluno na hora da aprendizagem, e também para que fatos científicos que já ocorreram ou estão ocorrendo, venha ao conhecimento de todos que fazem parte da comunidade escolar. Quando questionados sobre a importância da utilização de experimentos em sala de aula, a maioria dos alunos disse ser muito importante, pois torna a aula mais dinâmica e prazerosa. “Se tivesse experimentos como esses na nossa sala eu ia gostar mais de estudar”; “Eu acho muito importante ter os experimentos na aula, por que a gente consegue aprender mais e a aula fica mais bacana”; “Eu acho muito legal os experimentos, eu não consigo aprender logo e o experimento ia me ajudar muito”; “Eu queria que sempre tivesse experimento, porque as aulas são muito chatas”. Com base nisso, Russel (1994), afirma que quanto mais associada à teoria e a prática, mais consistente torna-se a aprendizagem de Química, ela assume sua verdadeira função dentro do ensino, auxiliando na construção do conhecimento químico, não de modo linear, porém transversal, ou seja, não apenas trabalha a química em uma sequência de conteúdos, mas faz o elo entre o conteúdo com o cotidiano dos alunos de maneira diversificada, integrada à experimentação do dia-a-dia, valendo-se das suas argumentações e indagações. A respeito da utilização de experimentos pelo professor em sala, a maioria dos alunos disse que os seus professores nunca haviam utilizado tal ferramenta, e alguns ainda ressaltam que as aulas seriam muito melhores se houvesse esse tipo de atividade. Resposta de alguns alunos: “Não, o meu professor nunca fez experimentos”; “Não, o professor sempre diz que ele não tem tempo para essas coisas”; “Não, e eu achava muito melhor que ele fizesse, porque as vezes eu não consigo entender o assunto e eu acho que eu ia entender com o experimento”; “Não, e a aula é muito difícil as vezes, seria muito legal que eles fizessem experimentos, pois nós iríamos compreender melhor”. Fazendo alusão a isso, Amaral (1996) argumenta que a situação que a escola pública apresenta em relação às aulas ministradas pelo docente de química, é desanimador. Sabe-se que é necessário reformular o ensino de química nas escolas, uma vez que as atividades experimentais têm o papel de proporcionar um melhor conhecimento ao aluno [...]. Notou-se que a exposição da feira foi bastante tranquila e prazerosa, causou admiração e motivação nos alunos, ao ponto de aguçar sua curiosidade, evidenciando que o ensino quando aliado à experimentação sempre traz uma nova visão ao aluno, e faz com que ele passe a estudar não apenas com o objetivo de passar de ano, mas também com o intuito de aprender mais e buscar novos conhecimentos.

Figura 01 – Demonstração da pilha construída.

Fonte: Dos autores, 2018.

Figura 02 – Produto obtido no experimento monstro de açúcar.

Fonte: Dos autores, 2018.

Conclusões

A realização desse trabalho demonstrou que, a execução da amostra de experimentos através da minifeira, é uma alternativa para facilitar a aprendizagem de alguns conceitos químicos, visto que o aluno tende a relacionar o que foi aprendido na teoria, com o observado na experimentação. Ressaltando a resposta do aluno “As feiras de ciência que tem na minha escola são muito legais eu sempre apresento trabalhos e consigo aprender mais com elas”. Com isso, observou-se que o ensino passa a ser mais eficaz, do que quando é lecionado somente baseado nos conceitos teóricos, pois o aluno fica mais curioso em aprender além do que foi exposto, à medida que as atividades experimentais irão chamando sua atenção. Como se observou na resposta do aluno: “Se tivesse experimentos como esses na nossa sala eu ia gostar mais de estudar”. Porém, a maioria deles afirma não ter tido contato com as experimentações durante as aulas, como se notou na resposta de um deles: “Não, e eu achava muito melhor que ele fizesse, porque as vezes eu não consigo entender o assunto e eu acho que eu ia entender com o experimento”. Ratificando dessa forma, a importância que os docentes devem ter em aplicar e conhecer mais essa importante ferramenta de ensino. Além disso, a aula torna-se mais dinâmica e interessante, o aluno acaba relacionando o que aprendeu com a sua realidade de vida, o que consequentemente culminará na ideia de que a ciência química apresenta grande importância para a sociedade, e por isso deve ser estudada.

Agradecimentos

A Universidade do Estado do Pará – Campus XVI (Barcarena) e, além disso, aos diretores e professores das escolas públicas onde foi executada a atividade.

Referências

AMARAL, L. Trabalhos práticos de química. São Paulo, 1996

BERNARDES, A.O. Algumas considerações sobre a importância das feiras de ciências. Educação em Ciências, 2011. Disponível em: <www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao_em_ciencias/0006.html>. Acesso em: 19 de jul. de 2018.

OLIVEIRA, A.C. et al. A Feira de Ciências como instrumento de desenvolvimento de competências dos estudantes no processo de ensino-aprendizagem. Faculdade de Ciências Integradas do Pontal – Universidade Federal de Uberlândia, 2016. p 1-11.

REGINALDO, C.C.; SHEID, N.J; GULLICH, R.I.C. O ensino de ciências e a experimentação. Seminário de pesquisa em educação da região sul – IX ANPED SUL. p. 1-12, 2012. Disponível em: < http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/2782/286>. Acesso em: 23 de nov. de 2017.

ROSA, P.R.S. Uma introdução a pesquisa qualitativa em ensino de ciências. Universidade Federal de Mato Grosso dos Sul. Campo Grande, 2013. p. 1-172.

RUSSELL, J.B. Química Geral. 2. ed. São Paulo, 1994.

SANTOS, M.R.S. et al. O ensino de química na formação cidadã. XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos v. 1, nº. 1, 2010.

SOUZA, A.C. A experimentação no ensino de ciências: importância das aulas práticas no processo de ensino aprendizagem. Monografia de especialização. Medianeira, 2013. p. 1-12. Disponível em:<http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4718/1/MD_EDUMTE_II_2012_20.pdf>. Acesso em: 23 de nov. de 2017.

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