Análise do perfil químico do extrato etanólico de folhas Lithraea brasiliensis e o efeito carrapaticida sobre larvas do carrapato Riphicephalus microplus

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Serejo, R.S. (UFMA) ; Lima, A.S. (UFMA) ; Rocha, A.P.S. (UFV) ; Oliveira, E.E. (UFV) ; Silva, C.R. (UFMA) ; Costa-junior, L.M. (UFMA) ; da Rocha, C.Q. (UFMA)

Resumo

A Lithraea brasiliensis Marchand é uma espécie arbórea da família Anacardiaceae, conhecida popularmente como “aroeira”. Atividades antimicrobiana, antiviral e citotóxica foram descrita por plantas pertencentes a esse gênero. Neste trabalho, realizou-se análise de extrato etanólico desta espécie para avaliação do efeito carrapaticida sobre larvas do carrapato Riphicephalus microplus. Portanto os resultados dos testes foram significativos demostrando que o extrato de L. brasiliensis pode ser utilizado no desenvolvimento de biocarrapaticida para o controle de infestação R. microplus em bovinos.

Palavras chaves

Extratos; Carrapaticida; Controle

Introdução

As plantas produzem uma diversidade de compostos químicos, que podem ser utilizados para diversas atividades biológicas (VIZZOTTO ET AL., 2010). Os constituintes químicos do metabolismo secundário das plantas têm sido cada vez mais usados como fins terapêuticos. A Lithraea brasiliensis Marchand é uma espécie arbórea pertencente à família Anacardiaceae, conhecida popularmente como aroeira, aroeira-braba ou aroeira-preta. São encontradas na Mata Atlântica e em áreas de Restinga (GOMES ET. AL, 2013). Plantas pertencentes a esse gênero têm sido descrita com atividades antimicrobiana, antiviral e citotóxica (RUFFA ET AL., 2002). O efeito biológico pode esta associada aos seus constituintes químicos presente na planta, que são caracterizados como derivados do pirocatecol (ALÉ ET AL., 1997; DA SILVA 2016 ) e substâncias alergênicas contidas na resina dessas plantas, são comumente conhecidas como urushiol (SELVA ET AL.,1997; DA SILVA 2016). Moléculas de plantas tem se tornado uma fonte como alternativa para uso de muitos sintéticos químicos para o tratamento de doenças de humanos e animais de produção. O sistema de produção animal de bovinos tem sofrido ao longo dos anos fortes prejuízos econômicos com altas infestações de carrapatos da espécie. O controle deste parasito tem sido realizado com uso de carrapaticidas sintéticos, no entanto, o uso desordenado tem ocasionado a seleção de populações resistentes a esses carrapaticidas químicos sintéticos presente no mercado (BENDELE ET AL., 2015). Compostos de plantas têm sido cada vez mais explorados para o controle de parasitos de bovinos. Analisar a composição química do extrato etanólico de folhas Lithraea brasiliensis e avaliar o efeito carrapaticida do extrato sobre larvas de carrapato R. microplus.

Material e métodos

Preparação dos extratos e análise química Folhas de Lithraea brasiliensis foram coletadas, secas a sombra e pulverizada em moinho elétrico. Para extração, as folhas foram maceradas duas vezes em álcool PA 99,5% com o objetivo de aumentar a extração. Foram coletados 3 amostras do liquido extrator em intervalos de 72h entre cada coleta. Após a extração as amostras foram concentradas em evaporador rotativo, obtendo o extrato etanólico bruto das folhas de L. brasiliensis. Para a análise fitoquímica do material vegetal, o extrato foi submetido a uma triagem cromatográfica por cromatografia em camada delgada a fim de determinar a classe dos compostos químicos presente no extrato. A composição química do extrato também foi verificada usando o HPLC-UVvis. Para avaliar o efeito carrapaticida do extrato etanólico de folhas de Lithraea brasiliensis foi realizado o teste de imersão de larval sobre carrapatos resistentes e sensíveis de R. microplus. Foram preparadas diferentes concentrações variando de 5- 0,4mg/mL, diluídos em Dmso 3%. Aliquota de 1 mL foi transferido para microtubos de 1,5mL e cerca de 500 larvas foram adicionadas a cada tubo. Após 10 minutos as larvas foram secas em papel filtro e aproximadamente 100 larvas foram transferidas para um envelope de papel filtro (8,5cm x 7,5cm), que foi fechado e acondicionado em estufa a 27 ± 1ºC e UR 80%, por 24 horas. Após este período, as larvas vivas e mortas foram contadas. Foram usados como controle negativo DMSO 3%. As concentrações letais foram calculadas usando o software GraphPad Prism 6.0, obtendo a concentração letal para 50% das populações estudadas.

Resultado e discussão

O extrato etanólico de L. brasiliensis apresentou alta atividade carrapaticida sobre larvas do R. microplus, exibindo concentrações letais de 0,64 mg/mL e 0,76mg/mL para larvas resistentes e sensíveis, respectivamente (tabela 1). A atividade carrapaticida pode esta atribuída a presença de compostos fenólicos ou a interação de outros constituintes presentes no extrato de L. brasiliensis. O gênero Lithraea é conhecido por possuir substancias alergênicas, contidas na resina desta planta, conhecido comumente como um grupo de catecol (Alé et al., 1997). Esse grupo químico pode está associado com a alta atividade carrapaticida. O extrato L. brasiliensis tem também sido descrito por possuir outras atividades biológicas, como antimicrobial, antiviral, citotóxico e imunomoduladoras (Shimizu et al., 2006). Este estudo demonstra o primeiro relato do efeito carrapaticida do extrato de L. brasiliensis contra larvas do R. microplus.

Figura 1 – Cromatograma obtido por HPLC-Uvvis (254 nm): extrato bruto

O perfil por HPLC-UV/Vis mostrou que a composição química de L. brasiliensis é majoritariamente de compostos fenólicos derivados do catecol.


Tabela 1: Concentração letal (CL50) do extrato etanólico de folhas de Lithraea brasiliensis sobre larvas resistentes e sensíveis de R. microplus.

Conclusões

O extrato etanólico de Litrhaea brasiliensis mostrou uma significativa atividade carrapaticida sobre as larvas de R. microplus, demonstrando ter um grande potencial para o controle do carrapato dos bovinos. O isolamento e purificação dos compostos majoritários deverão ser realizados para uma melhor compreensão do efeito biológico elucidação dos mecanismos de ação.

Agradecimentos

Referências

ALÉ, S. I.; et al. Allergic Contact Dermatitis Caused by Lithraea molleoides and Lithraea brasiliensis: Identification and Characterization of the Responsible Allergens. American Journal Of Contact Dermatitis: Official Journal of The American Contact Dermatitis Society. Montevideo, p. 144-149. Set. 1997.

BENDELE, K.G.; GUERREIRO, F. D.; MILLER, R.J.; LI, A. Y.; BARRERO, R.A.; MOOLHUIJZEN, P.M.; BLACK, M.; MCKOOKE, J.K.; MEYER, J.; HILL, C.A.; BELLGARD, M.I. Acetylcholinesterase 1 in populations of organophosphate-resistant North American strains of the cattle tick, Rhipicephalus microplus (Acari: Ixodidae). Parasitology Research, 114, 3027–3040, 2015.

DA SILVA, M.M. Obtenção de extratos e frações de Lithraea molleoides e Lithraea brasiliensis e avaliação da atividade antifúngica contra Sphaceloma ampelinum. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Agronomia, do Centro Curitibanos da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Agronomia. Curitibanos, SC. 35p, 2016.

GOMES, G. C. et al. Árvores da Serra dos Tapes: guia de identificação com informações ecológicas, econômicas e culturais. Brasília: Embrapa, 2013.

SHIMIZU, M.T.; BUENO, L.J.F.; RODRIGUES, R.F.O.; SALLOWICZ, F.A.; SAWAYA, A.C.H.F.; MARQUES, M.O.M. (2006). Essential oil from Lithraea molleoides (Vell.): chemical composition and antimicrobial activity. Braz. J. Microbiol., 37, 556-560.

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VIZZOTO, M.; KROLOW, A.C.; Metabólitos Secundários Encontrados em Plantas e sua Importância. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, 2010.



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