AVALIAÇÃO DA MUTAGENICIDADE E DA ESTROGENICIDADE DE EXTRATO, FRAÇÃO E SUBSTÂNCIAS OBTIDOS DAS FLORES DE Arrabidaea brachypoda

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Santos, A.L.P.A. (UFMA) ; Vasconcelos, L.N. (UFMA) ; da Rocha, C.Q. (UFMA) ; Resende, F.A. (UNIARA) ; Nascimento, J.R. (UFMA) ; Rodrigues, C.D.P. (UFMA) ; Vieira, F.C. (UFMA) ; Filho, J.L.P. (UFMA) ; Serejo, R.S. (UFMA) ; Fernandes, Y.M.L. (UFMA)

Resumo

Arrabidaea brachypoda, conhecida popularmente como “cervejinha-do-campo”, corresponde a uma planta arbustiva proveniente do cerrado brasileiro que apresenta importante atividade biológica para o tratamento de cálculo renal e doenças negligenciadas. No entanto, informações científicas sobre esta espécie são escassas, e não há relatos relacionados aos seus possíveis efeitos estrogênicos e mutagênicos. O presente trabalho teve como objetivo evidenciar uma importante atividade presente nas flores de Arrabidaea brachypoda que é a antimutagenicidade e sua caracterização química.

Palavras chaves

Planta; Cerrado; Mutagenicidade

Introdução

A espécie Arrabidaea brachypoda (DC) Bureau é uma planta arbustiva pertencente à família Bignoniaceae nativa das regiões de Cerrado (RIO DE JANEIRO, 2018) popularmente conhecida como "cervejinha-do-campo" ou "cipó- uma", (NOGUEIRA, C.H., 2015). Diversos estudos sobre essa planta são realizados com o intuito de elucidar sua composição química e a relação dessas biomoléculas as atividades biológicas desempenhadas pela espécie. Segundo Nogueira (2015) dentre as principais classes de metabólicos secundários têm-se : “lignanas, flavonoides, iridóides, triterpenos, xantonas, naftoquinonas, ácidos cinâmicos e benzóicos e seus derivados” que juntas são responsáveis pelas atividades anticancerígena, antifúngica, antibacteriana e anti-inflamatória (NOGUEIRA, C.H., 2015), tais características dão a A. brachypoda considerável potencial para formulações inéditas de origem natural ou com biomoléculas análogas ao do extrato vegetal daquela espécie. Atualmente para que um medicamento novo seja adicionado a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) possibilitando o seu acesso a população de forma mais abrangente por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) é necessário que sua segurança seja comprovada cientificamente por meio de testes que visam mensurar a qualidade no uso terapêutico do extrato de A. brachypoda, dos quais os mais utilizados são: O teste de Ames que analisa graus de mutagenicidade a partir de utilização de linhagens de Salmonella typhimurium que são capazes indicar substâncias que possam levar à uma mutação celular (SANTOS, F.V., 2006) e o teste RYA (Recombinant Yeast Assay) que utiliza leveduras Saccharomyces cerevisiae geneticamente modificadas expressando o receptor de estrógeno humano para avaliação do potencial estrogênico do fármaco.

Material e métodos

As flores foram coletadas em regiões de cerrado do estado do Piauí, secas à sombra e moídas em moinho de faca. Para extração, realizou-se percolação com álcool etílico 70% e todo extrato obtido foi concentrado em evaporador rotativo. Este extrato foi submetido à partição líquido-líquido com água-metanol (7:3) e em seguida adicionado 25mL de diclorometano, uma das fases foi coletada e repetiu-se o procedimento três vezes, com intervalo de 24h entre cada coleta. Para o isolamento dos compostos, utilizou-se a fração diclorometânica das flores, como fase estacionária, a sílica gel 60 e como fase móvel, solventes hexano, acetato de etila e metanol. As amostras foram analisadas por cromatoplacas, reveladas em câmara escura com lâmpada ultravioleta (UV) a 254nm e agrupadas segundo comparações de Rf. Os compostos isolados passaram por caracterização espectroscópica. Um desses compostos teve sua estrutura elucidada e se trata de um derivado de calcona (composto A). Para os ensaios biológicos realizou-se a avaliação da atividade mutagênica através do Teste de Ames e a atividade estrogênica através do ensaio de leveduras recombinantes (RYA) do extrato das flores de A. brachypoda.

Resultado e discussão

O processo de partição líquido-líquido mostrou-se uma forma eficiente de seleção de compostos presentes no extrato bruto das flores (Figura 1), evidenciados pela análise em HPLC-UVvis. Esta mesma análise serviu para comprovar o êxito do isolamento (Figura 2) e, juntamente com a espectrometria de massas permitiu a elucidação de compostos presentes nas flores de A. brachypoda. Quanto a avaliação da mutagenicidade percebeu-se que na ausência e presença do sistema de metabolização, mistura S9, na linhagem TA98, o extrato bruto induziu um aumento estatisticamente significativo, de maneira dose-dependente, no número de colônias revertentes em relação ao controle negativo, indicando a atividade mutagênica direta e indireta.

Figura 1

Cromatogramas sobrepopostos obtidos por HPLC- UVvis: extrato bruto (preto) e fração DCM (rosa).

Figura 2

Cromatograma obtido por HPLC-UV/Vis para o composto-A isolado fração DCM das flores de A. brachypoda.

Conclusões

Os testes realizados no estudo foram importantes para avaliar o grau toxicológico do extrato vegetal da Arrabidaea brachypoda: o teste RYA cujos resultados foram importantes para análises no que diz respeito sobre a viabilidade do uso daquela espécie em formulações de fitoterápicos para uso continuo, não obstante os resultados sobre o grau de mutagenicidade foram satisfatórios e promissores fazendo-se propicio a continuidade em pesquisas aprofundadas sobre o potencial biológico da A. brachypoda e desenvolvimento de formulações inéditas a partir desta.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao CNPQ pelas bolsas concedidas, à FAPEMA (Proc.:00863/16) e à equipe do Laboratório de Mutagênese (UNIARA-Araraquara) pela colaboração na pesquisa.

Referências

SANTOS, Fabio Vieira dos. Avaliação da mutagenicidade in vivo e in vitro de compostos obtidos de plantas nativas do cerrado. 2006. 152 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, 2006. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/104029>.
NOGUEIRA, Catarine Haidê. Avaliação da mutagenicidade e da estrogenicidade dos extratos etanólicos padronizados, frações e substâncias isoladas de Arrabidaea brachypoda (DC.) Bureau. 2015. 73 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, 2015. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/124129>.
RIO DE JANEIRO. Coppetec-ufrj. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (Org.). Bignoniaceae Juss. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/listaBrasil/FichaPublicaTaxonUC/FichaPublicaTaxonUC.do?id=FB112305>. Acesso em: 31 maio 2018.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Brasília: Editora MS, 2017. 210 p. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_nacional_medicamentos_rename_2017.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2018.

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