Comparação da atividade antimicrobiana dos extratos aquoso e hidroetanólico da casca do caule da espécie vegetal Luehea candicans (Açoita Cavalo)

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Pereira Filho, J.L. (UFMA) ; da Rocha, C.Q. (UFMA) ; Pinheiro, A.A. (UFMA) ; Camara, M.B.P. (IFMA) ; Cantanhede Filho, A.J. (IFMA) ; Carneiro, F.J.C. (IFMA) ; Santos, A.L.P.A. (UFMA) ; Rodrigues, C.D.P. (UFMA) ; Martins, L. (UFMA) ; Serejo, R.S. (UFMA)

Resumo

A espécie Luehea candians, conhecida popularmente como mutamba-preta ou açoita cavalo, pertence à família Malvaceae e encontra-se distribuída em quase todo o território nacional (PEREIRA et al., 2017 apud LEITÃO et al., 2016). O presente trabalho teve como objetivo avaliar comparativamente a atividade antimicrobiana do extrato aquoso e hidroetanólico da casca do caule de Luehea candicans por meio das técnicas de Perfuração em Ágar, microdiluição e macrodiluição. Diante dos resultados obtidos, constatou-se atividade antimicrobiana pelo extrato aquoso através da técnica de microdiluição. Assim como também, a resistência das cepas bacterianas e fúngicas contra o extrato hidroalcoolico, evidenciando, por tanto, a ineficiência deste contra diferentes cepas de microrganismos.

Palavras chaves

Luehea candicans; Atividade Antimicrobiana; Extrato

Introdução

Segundo Duarte (2006), a resistência a drogas de patógenos humanos e animais é um dos casos mais bem documentados de evolução biológica e um sério problema tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento. Apesar da existência de antibióticos e antifúngicos potentes, surgem continuamente cepas resistentes ou multirresistentes de fungos e bactérias, impondo a necessidade de busca permanente e desenvolvimento de novas drogas (ALVES et al., 2000 apud SILVER; BOSTIAN 1993). A espécie Luehea candians, conhecida popularmente como mutamba-preta ou açoita-cavalo, pertence à família Malvaceae, que corresponde no Brasil a 70 gêneros e 757 espécies, distribuída em todo território nacional. Essa espécie é nativa, encontrada principalmente nas regiões centro-oeste e sudeste do país (PEREIRA et al., 2017 apud LEITÃO et al., 2016). De acordo com estudos realizados por Silva (2004), essa espécie está relacionada com alguns usos terapêuticos por apresentar as atividades antiproliferativa, antibacteriana e antifúngica. A utilização de plantas medicinais é um recurso terapêutico de grande aceitação pela população e vem crescendo junto à comunidade médica (LIMA NETO et al., 2015 apud KINGHORN, 2001). Diante das evidências científicas supracitadas, este trabalho tem como objetivo avaliar comparativamente a atividade antimicrobiana do extrato aquoso e hidroetanólico da casca do caule da espécie vegetal Luehea candicans através das técnicas de Perfuração em Ágar, microdiluição e macrodiluição.

Material e métodos

As plantas pertencentes à espécie L. candians foram coletadas no povoado Contrato- Morros/MA e sua identificação taxonômica está sob o número 4586, no herbário Rosa Mochel da UEMA. O extrato hidroetanólico foi obtido a partir do processo de extração por percolação. Já o extrato aquoso foi preparado sob aquecimento por 2h em banho maria à temperatura de 50-60°C. Para todas as técnicas microbiológicas foram utilizadas diferentes cepas bacterianas e fúngicas, tais como: E. coli, P. aeruginosa, K. pneumonia, S. aureus, C. albicans, S. typhi, S. flexneri, dentre outras. Para a efetuação da técnica de Perfuração em Ágar, foram utilizadas placas de TSA (teste de sensibilidade antimicrobiana), contendo 50 mL de Ágar Sabouraud (para fungos) e Ágar Mueller Hinton (para bactérias). As placas foram incubadas em estufa por 48h para os fungos e 28h para bactérias à 37°C. O controle negativo utilizado para ambos foi álcool 70%. Como controle positivo para os fungos utilizou-se Fluconazol e para bactérias Cloranfenicol. A determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) do extrato aquoso foi realizada em ensaio de microdiluição em caldo BHI. Para controle negativo utilizou-se álcool 70% estéril. Para controle positivo das cepas fúngicas utilizou-se Fluconazol 50 μL e Cloranfenicol 50 μL para as cepas bacterianas. Tanto a Concentração Bactericida Mínima (CBM), como a Concentração Fungicida Mínima (CFM) foi avaliada por meio da obtenção da CIM. Para o extrato hidroetanólico, a CIM foi realizada em ensaio de macrodiluição em caldo BHI. Como controle positivo utilizou-se o clorafenicol para cepas bacterianas, nistatina para fungos e para controle negativo de ambas, o álcool 70%. Avaliou-se a Concentração Bactericida Mínima por meio da obtenção da CIM.

Resultado e discussão

Mediante a técnica de microdiluição, constatou-se através da Concentração Inibitória Mínima (CIM) a eficiência do extrato aquoso como agente antimicrobiano, principalmente por sua ação bacteriostática. Tabela 1: Análise da concentração inibitória mínima (CIM), concentração bactericida mínima (CBM) e concentração fungicida mínima (CFM) do extrato aquoso de Luehea candicans. Fonte: PEREIRA et al., (2017, p. 19). CIM: concentração inibitória mínima; CBM/CFM: concentração bactericida mínima/concentração fungicida mínima; CN: controle negativo. De acordo com estudos realizados por Lima Neto et al., (2015), no método de microdiluição, o extrato aquoso de Luehea Candians, apresentou alta relevância contra as cepas de E. coli. Semelhantemente, nos resultados obtidos pelo presente estudo, evidenciou-se potencial ação bactericostática do extrato aquoso. O extrato testado contém em sua composição flavonóides, sendo estes os responsáveis pela ação antimicrobiana (PACKER; LUZ, 2007). Conforme os resultados obtidos pela técnica de macrodiluição, concluiu-se que todas as cepas bacterianas e fúngicas apresentaram alta resistência contra do extrato hidroetanólico. Tabela 2: Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Bacteriostática Mínima (CBM)

Tabela 1: Análise da CIM e CBM/CFM do extrato aquoso

CIM: concentração inibitória mínima; CBM/CFM: concentração bactericida mínima/concentração fungicida mínima; CN: controle negativo.

Tabela 2: Análise da CIM e CBM/CFM do extrato hidroetanólico

CIM: concentração inibitória mínima; CBM/CFM: concentração bactericida mínima/concentração fungicida mínima.

Conclusões

O extrato aquoso da casca do caule da espécie L. candians, apresentou resultados satisfatórios apenas no método de microdiluição, uma vez que obteve-se resultado bacteriostático para todas as cepas gram negativas. Em contrapartida, o extrato hidroetanólico foi ineficaz nas técnicas de perfuração em Ágar e macrodiluição, pois, tanto as cepas bacterianas como as fúngicas apresentaram resistência. Por fim, torna-se necessário um estudo mais aprofundado do extrato aquoso para a padronização de futuros fitoterápicos a base de L. candicans.

Agradecimentos

Universidade Federal do Maranhão, Programa de Pós-Graduação em Química do IFMA-Campus Monte Castelo, FAPEMA, LEAF e Faculdade Estácio de São Luís.

Referências

ALVES T.M.A., SILVA A.F., BRANDÃO M., GRANDI T.S.M., SMÂNIA E.F., SMÂNIA JUNIOR. A., ZANI C.L. Biological screening of Brazilian medicinal plants. Mem. Inst. Oswaldo Cruz. Vol. 95(3): 367-373, May/Jun, 2000.

DUARTE, Marta C.T. Atividade Antimicrobiana de Plantas Medicinais e Aromáticas Utilizadas no Brasil, 2006. Disponível em: < https://www.multiciencia.unicamp.br/artigos_07/a_05_7.pdf>. Acesso em: 14 de agosto de 2018.

LIMA NETO, G.A.; KAFFASHI, S.; LUIZ, W.T.; FERREIRA, W.R.; DIAS DA SILVA, Y.S.A.; PAZIN, G.V.; VIOLANTE, I.M.P. Quantificação de metabólitos secundários e avaliação da atividade antimicrobiana e antioxidante de algumas plantas selecionadas do Cerrado de Mato Grosso. Rev. Bras. Pl. Med., Campinas, v.17, n.4, supl. III, p.1069-1077, 2015.

PACKER, Janaina F.; LUZ, Marisa M.S. Método para avaliação e pesquisa da atividade antimicrobiana de produtos de origem natural. Rev. bras. farmacogn. vol.17 no.1 João Pessoa Jan./Mar, 2007.

PEREIRA, G.C.M.; ARAÚJO, L.C.B.; LIMA, T.C.P. Avaliação da atividade antimicrobiana “in vitro” dos extratos de Luehea candicans. 2017. [Monografia]. Faculdade Estácio de São Luís- São Luís/MA.

SILVA, Dioni A. Estudo químico e avaliação de atividade antifúngica e antiproliferativa da espécie Luehea candicans Mart et Zucc. (Tiliaceae). 2004. [Dissertação de Mestrado]. Universidade Estadual de Maringá – UEM. Maringá/PR.

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