COMPOSIÇÃO QUÍMICA E AVALIAÇÃO DO EFEITO ALELOPÁTICO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Artemisia absinthium L. SOBRE O MATA-PASTO

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Amorim Gomes, G. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; Lopes, P.H.R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; de Paiva, I.G. (IFCE SOBRAL) ; Araújo, B.A. (IFCE SOBRAL) ; Souza, A.A.L. (IFCE SOBRAL) ; Bandeira, P.N. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; dos Santos, H.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; de Carvalho, M.G. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO) ; Moreira, F.J.C. (IFCE SOBRAL) ; Parente, L.S. (IFCE SOBRAL)

Resumo

O objetivo deste trabalho foi determinar a composição do óleo essencial de Artemisia absinthium (OAA), bem como avaliar seu efeito alelopático sobre Senna occidentalis. As análises de OAA em CG/EM e CG/DIC possibilitou identificar β-tuiona e acetato de trans-sabinila como componentes majoritários. No bioensaio, as variáveis avaliadas foram porcentagem de germinação (%G), índice de velocidade de germinação (IVG), tempo médio de germinação (TMG), altura da planta (ALT), comprimento da raiz (CR), comprimento da raiz (CR), peso seco da parte aérea (PSPA) e peso seco das raízes (PSR). Desse modo, verificou-se que OAA exibiu atividade inibitória somente para ALT. Os componentes majoritários do óleo podem ser os responsáveis por esse efeito fitotóxico.

Palavras chaves

Efeito fitotóxico; Artemisia absinthium; Mata-pasto

Introdução

As plantas daninhas têm sido um grande problema para a agricultura mundial, pois todos os anos cerca de 10% das culturas do mundo são perdidos devido a danos causados por essas ervas, sendo o uso de herbicidas sintéticos a principal forma de controle dessa praga nos países desenvolvidos (BESSA; TERRONES; SANTOS, 2007). Porém, o uso contínuo desses produtos causa danos ao meio ambiente, favorece o desenvolvimento de ervas daninhas resistentes e traz prejuízos a saúde humana (LOTINA-HENNSEN; KING-DÍAZ; PEREDA-MIRANDA, 2013). Assim, a preocupação com os efeitos danosos dos agrotóxicos têm aumentado a busca por novas estratégias para o controle de ervas daninhas, como o uso de produtos naturais de origem vegetal que são conhecidos pela baixa toxicidade para mamíferos e biodegrabilidade (CORREA; SALGADO, 2011). Dentre os fitoquímicos que podem apresentar efeito inibidor contra ervas daninhas, estão os óleos essenciais que são produtos originados do metabolismo secundário das plantas e possuem composição complexa, destacando-se a presença de terpenos e fenilpropanoides (GONÇALVES et al., 2003; SILVA et al., 2003). Artemisia absinthium L. é uma planta usada tradicionalmente como anti-helmíntica, anti-séptica, antiespasmódica e para tratamento de câncer, disenteria bacilar e doenças neurodegenerativas (JOSHI, 2013). Seu óleo essencial possui propriedades antimicrobiana, antiparasitária, inseticida (BAILÉN et al., 2013) e herbicida (FOUAD et al., 2015) comprovadas. Desse modo, o objetivo deste trabalho foi determinar a composição do óleo essencial de A. absinthium (OAA), bem como avaliar o efeito alelopático do mesmo sobre S. occidentalis, planta daninha conhecida popularmente como mata-pasto.

Material e métodos

OAA é oriundo dos Estados Unidos, sendo o mesmo obtido a partir de suas folhas pelo método de destilação por arraste a vapor. O óleo foi adquirido comercialmente na loja virtual de uma empresa do ramo de Aromaterapia. A análise qualitativa da composição de OAA foi feita em cromatógrafo a gás acoplado a espectrômetro de massa (CG/EM), enquanto a análise quantitativa foi efetuada em cromatógrafo a gás acoplado a detector de ionização por chama (CG/DIC). O ensaio de efeito alelopático frente a S. occidentalis foi feito a partir da escolha das duas concentrações do óleo que obtiveram os melhores resultados no teste previamente realizado com sementes de alface (RODRIGUES et al., 2017). Assim, OAA foi diluído em Tween 80 PS Polissorbato. A partir dessa solução, foram efetuadas três diluições para os tratamentos (0,0; 0,25; 0,50%) que foram feitas em quadruplicata. De cada concentração foi transferido 3,0 mL para placas de Petri, contendo duas folhas de papel germiteste. Foram distribuídas 25 sementes de S. occidentalis por placa que, por sua vez, foram acondicionadas em incubadora (25 ºC) por sete dias. Durante esse tempo, foi acompanhado o processo de germinação. Após os sete dias de ensaio, observou-se o comprimento da raiz e a parte aérea da semente. As variáveis avaliadas no teste foram porcentagem de germinação (%G), índice de velocidade de germinação (IVG), tempo médio de germinação (TMG), altura da planta (ALT), comprimento da raiz (CR), comprimento da raiz (CR), peso seco da parte aérea (PSPA) e peso seco das raízes (PSR) (ARAÚJO et al. 2016). Os dados obtidos no ensaio foram tabulados em planilhas no Excel©, depois foram submetidos à verificação da homogeneidade das variâncias e o teste F para a comparação das médias, usando o programa estatístico ASSISTAT® 7.7 Beta.

Resultado e discussão

Os compomentes de OAA foram identificados e estão listados na Tabela 1. Desse modo, foram detectados 29 compostos em OAA, correspondendo a 95,11% desse óleo, sendo a classe de substancias mais abundante a dos monoterpenos oxigenados (58,85%) e tendo como majoritários os constituintes β-tuiona (47,92%) e acetato de trans-sabinila (25,50%). Através da análise dos dados obtidos do bioensaio de atividade alelopática de OAA frente a sementes de Senna occidentalis (Tabela 2), verificou-se que houve resultados significados somente para a variável ALT, onde o tratamento usando 0,25% do OAA obteve o menor valor (1,3808 cm), um resultado adverso, já que as demais concentrações, diferente do que era esperado, não indicaram diferenças significativas. Quanto as demais variáveis avaliadas no teste, não houve diferença significativa (P<0,05) entre os tratamentos. No estudo realizado por Fouad et al. (2015) foi verificado que o óleo essencial das partes aéreas de Artemisia absinthium, na maior dose (0,2%), foi capaz de inibir totalmente a germinação de Sinapis arvensis, assim como o crescimento da parte aérea e de raiz dessa espécie de planta daninha. O óleo citado apresentou como componentes mais abundantes a β-tuiona (35,6%) e o chamazuleno (3,0%). Dessa forma, observam-se diferenças na intensidade do efeito alopático de óleos obtidos de Artemisia absinthium, pois a atividade biológica de um dado aleloquímico depende tanto da concentração como do limite da resposta da espécie vegetal afetada (FILHO et al., 2009). Geralmente, o constituinte majoritário é o responsável pela atividade biológica apresentada pelo óleo essencial (OOTANI et al., 2013). Portanto, no presente estudo a atividade fitotóxica exibida por OAA contra S. occidentalis pode ser atribuída a β-tuiona e acetato de trans-sabinila.







Conclusões

No presente trabalho, a análise da composição de OAA revelou que os monoterpenos oxigenados é a classe de substâncias mais abundantes nesse óleo e que beta-tuiona e acetato de trans-sabinila são seus constituintes majoritários. Através de ensaio de fitotoxidade, verificou-se que o referido óleo apresentou potencialidade alelopática inibitória em sementes de Senna occidentalis somente para ALT. Esse efeito pode estar relacionado aos elevados teores dos componentes mais abundantes do óleo.

Agradecimentos

A FUNCAP pela concessão de bolsa de IC.

Referências

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JOSHI, R. K. Volatile composition and antimicrobial activity of the essential oil of Artemisia absinthium growing in Western Ghats region of North West Karnataka, India. Pharm. Biol., v. 51, p. 888-92, 2013.

LOTINA-HENNSEN, B.; KING-DÍAZ, B.; PEREDA-MIRANDA, R. Tricolorin A as a natural herbicide. Molecules, v. 18, p. 778-788, 2013.

OOTANI, M. A. et al. Use of Essential Oils in Agriculture. J. Biotec. Biodivers., v. 4, p. 162-175, 2013.

RODRIGUES, L. K. M. et al. Caracterização química e avaliação de atividade anti-Leishmania dos óleos essenciais de Thuja occidentalis e Leptospermum scoparium sobre Leishmania infantum. In: REUNIÃO REGIONAL DA SBPC NO CARIRI, 2017, Crato. Anais eletrônicos..., Crato. Disponível em: < http://www.sbpcnet.org.br/livro/cariri/resumos/1868.pdf >. Acesso realizado em: 12 de ago. de 2018.

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