Inventário de composição química de óleos essenciais de plantas aromáticas da Amazônia oriental no Maranhão.

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Fernandes, Y.M.L. (UFMA) ; Vieira, F.A.P. (UFMA) ; Monteiro, O.S. (UFMA) ; Maia, J.G.S. (UFPA) ; Jacinto, G.S.S. (FACULDADE PITAGORAS) ; Monteiro, I.N. (FACULDADE PITAGORAS) ; Fonseca, W.S. (FACULDADE PITAGORAS) ; Rocha, E.M. (FACULDADE PITAGORAS) ; Melo, M.P.C. (FACULDADE PITAGORAS)

Resumo

A utilização de óleos essenciais tem sido datada desde os tempos antigos, principalmente em bálsamos perfumados. Com a evolução da ciência, cresceu o interesse sobre os potenciais que estes óleos possuem. Atividades biológicas e químicas de OE variam de acordo com sua composição química, o que faz a investigação desta o ponto de partida para novos estudos. O Maranhão, detentor de biodiversidade singular em sua área de Cerrado, é palco das mais diversas plantas aromáticas, espécies vegetais que mostram a riqueza da diversidade estrutural da flora maranhense através dos constituintes de seus OE. O estudo descrito nesta pesquisa investigou a composição dos óleos essenciais de 14 espécies de 13 gêneros e 8 famílias diferentes cujos rendimentos de suas extrações variou entre 0,1 a 4,86%.

Palavras chaves

composição química; óleos essenciais; Cerrado maranhense

Introdução

Como material de pesquisa, as plantas fornecem desde simples substâncias, que podem ser extraídas e purificadas através de sucessivas aplicações de solventes orgânicos, a complexas misturas de constituintes, cujo valor biológico depende da necessidade da espécie em questão. Óleos essenciais, também chamados de óleos voláteis, são exemplos dessas complexas misturas. Entretanto, produzir óleos essenciais não é tarefa simples para toda espécie vegetal. Aquelas que possuem certa capacidade oleífera é denominada aromática devido ao forte odor que estes óleos exalam. Essas plantas aromáticas desenvolvem seus óleos a partir de seu metabolismo secundário e muitas vezes dependem de estímulos externos para determinar qual constituinte do óleo produzirá em maior quantidade (GOBBO-NETO & LOPES, 2007). Na antiguidade, eram comercializados como matéria-prima para bálsamos e fragrâncias, e além disso também eram utilizadas como ervas medicinais. No Egito Antigo, por exemplo, por volta de 1550 a.C. surge o Papiro Ebers, contendo aproximadamente 700 fórmulas medicinais e entre elas algumas que envolvem as plantas aromáticas (CURAZI, 2013). Atualmente, as aplicações de óleos essenciais têm ultrapassado as fronteiras e, de tão interdisciplinar, é utilizada nas mais diversas áreas do conhecimento. Ribeiro (2016), por exemplo, mostra que são eficazes agentes no saneamento básico ao propor uma solução para a esquistossomose. Gomes et al. (2016) evidencia a possibilidade de usá-los na luta contra a dengue, além de atividades inseticidas estudadas por Magalhães et al. (2015) e até carrapaticida (AGNOLIN et al., 2014). Sabendo-se que um determinado metabólito, mesmo que em maior proporção na composição do óleo não necessariamente ditará suas características químicas ou biológicas, podendo substâncias em menores concentrações trabalhar sinergicamente ou antagonicamente a uma determinada ação de seu constituinte majoritário (CASTRO, 2015), fica então demonstrado a importância de estudar a composição de óleos essenciais, para que seus potenciais químicos e biológicos sejam avaliados.

Material e métodos

A coleta foi realizada no mês de maio de 2014 no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba e no mês de abril de 2016 no Parque Nacional da Chapada das Mesas. Sendo levadas para o Laboratório de Produtos Naturais (LPN) no Centro de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), para a subsequente extração dos óleos essenciais. As exsicatas de cada uma delas foram preparadas e enviadas para o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) para a realização de suas identificações botânicas. O OE foi obtido pelo processo de hidrodestilação com extrator de Clevenger modificado pelo período de três horas e armazenado em ampolas âmbar para suas futuras análises (MAIA et al., 2009; VERMA et al., 2013). O cálculo do rendimento de cada extração se deu pelo quociente entre o volume de óleo obtido e a massa de planta utilizada descontado o teor de umidade. Em seguida, os óleos da primeira coleta foram analisados por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-EM) e por cromatografia gasosa acoplada ao detector de ionização de chama (CG-IC) no Laboratório de Engenharia de Produtos Naturais na UFPA (FOCUS acoplado a DSQ II), e os da segunda coleta por um equipamento SHIMADZU QP 2010 equipado com uma coluna capilar Rtx-5MS e fonte de ionização por impacto eletrônico no Laboratório de Bioprospecção e Biologia Experimental na UFOPA. As espectrotecas utilizadas para a elucidação dos dados obtidos através da análise por CG-EM foram a Adams, NIST e FFNSC 2.

Resultado e discussão

Foram coletados 27 espécimes no PNNRP e 49 no PNCM. O estudo obteve uma amostragem abrangente, envolvendo 39 gêneros de 22 espécies e 16 famílias diferentes. O estudo obteve uma amostragem abrangente, envolvendo 39 gêneros de 22 espécies e 16 famílias diferentes. No processo de extração dos óleos essenciais por hidrodestilação, foi possível encontrar rendimentos distintos, entre aquelas que não obtiveram quantidade suficiente para análise, e as que variaram entre 0,1 a 4,86%. Em sequência, a análise por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas concedeu dados suficientes para a montagem do inventário de composições químicas, elucidando desde componentes majoritários até pequenos traços. Nas tabelas, encontram-se os 3 componentes de maiores proporções nos óleos essenciais que foram analisados bem como o rendimento em % (v/m) de cada extração.

Figura 1: rendimento e composição química dos OE obtidos

Na tabela encontram-se os valores em percentual do rendimento da extração e dos três componentes majoritários de cada óleo.

Figura 2: rendimento e composição química dos OE obtidos

Na tabela encontram-se os valores em percentual do rendimento da extração e dos três componentes majoritários de cada óleo.

Conclusões

Os processos de extrações dos óleos dos vegetais obtiveram rendimentos distintos, que variaram entre aqueles que foram considerados desprezíveis até o maior deles que apresentou 4,86% de aproveitamento. Todas as extrações geraram óleos de alta qualidade, onde a presença de impurezas foi imperceptível. Em sequência, as análises instrumentais de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas concedeu dados suficientes para a montagem do inventário de composições químicas, elucidando desde seus componentes majoritários até pequenos rastros. Fica claro que o estudo, mesmo com as amostras que não obtiveram rendimento o suficiente para análise, possui uma amostragem abrangente, envolvendo 14 espécies de 13 gêneros e 8 famílias diferentes, mas ainda pequena perto do que se pode ser estudado, tanto em relação à flora maranhense e aos óleos respectivos de cada espécie vegetal capaz de produzi-los. Com o estudo das plantas aromáticas, foi possível realizar suas caracterizações químicas de maneira satisfatória, o que permite que estas sejam dispostas em um inventário com os dados obtidos a partir da extração e das análises de seus óleos.

Agradecimentos

Agradeço a toda a equipe que participou do desenvolvimento desta pesquisa e à CAPES pelo auxílio financeiro concedido.

Referências

AGNOLIN, C. A.; OLIVO, C. J.; PARRA, C. L. C. Efeito do óleo de capim-limão (Cymbopogon flexuosus Stapf) no controle do carrapato bovino. Revista Brasileira de Plantas Medicinais. v.16. n.1. p.77-82. 2014.

CASTRO, J. A. M. Avaliação sazonal, circadiana, antifúngica e antioxidante do óleo essencial de Ocimum gratissimum L. (Alfavaca). 73p. Dissertação (Mestrado em Química) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís. 2015.

CURAZI, B. I. M. Actividad antibacteriana de aceite esencial de Mentha spicata L. sobre flora mixta salival. 89p. Monografia (Graduação em Odontologia) – Universidad Nacional Mayor de San Marcos, Lima – Peru. 2013.

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MAGALHÃES, C. R. I.; OLIVEIRA, C. R. F.; MATOS, C. H. C.; BRITO, S. S. S.; MAGALHÃES, T. A.; FERRAZ, M. S. S. Potencial inseticida de óleos essenciais sobre Tribolium castaneum em milho armazenado. Revista Brasileira de Plantas Medicinais. v.17. n.4, supl. III. p.1150-1158. 2015.

MAIA, J. G. S.; ANDRADE, E. H. A. Database of the Amazon aromatic plants and their essential oils. Quimica Nova. v.32. n. 3, p.595-622. 2009.

RIBEIRO, E. C. G. Atividade moluscicida de óleos essenciais de plantas aromáticas da região amazônica maranhense. 91p. Dissertação (Mestrado em Saúde e Ambiente) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís. 2016.

VERMA, Ram S.; PADALIA, Rajendra C.; CHAUHAN, Amit; THUL, Sanjog T. Exploring compositional diversity in the essential oils of 34 Ocimum taxa from Indian flora. Industrial Crops and Products, 45, 7-19, 2013.

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