Investigação dos constituintes químicos de Erythroxylum suberosum

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Maciel, J.R.F. (UFC) ; Pinto, F.C.L. (UFC) ; Pessoa, O.D.L. (UFC)

Resumo

Erythroxylum suberosum, conhecido popularmente como “cabelo-de- negro” é utilizada popularmente como adstringente, antirreumático, anestésico e no tratamento de problemas digestivos. Esta espécie pode ser encontrada em ambientes úmidos como na Mata Atlântica, nas regiões semiáridas e, principalmente no Cerrado. O presente trabalho teve como objetivo isolar e caracterizar constituintes ativos, particularmente com propriedades citotóxica, a partr dos extratos hexanicos e etanólicos das diversas partes de E. suberosum. Somente o extrato hexanico da casca do caule apresentou percentual de inibição significativo em células de carcinomas humano. Desta forma, este extrato foi submetido a fracionamentos cromatográ-ficos em gel de sílica resultando no isolamento de três triterpernos.

Palavras chaves

Erythroxylum suberosum; Atividade citotóxica; Triterpenos

Introdução

Entre os quatro gêneros descobertos da família Erythroxylaceae, o gênero Erythroxylum é o maior do grupo, compreendendo cerca de 250 espécies, amplamente distribuídas nas regiões tropicais da America do Sul, África e Madagascar. Somente no Brasil, encontram-se cerca de 110 espécies já autenticadas (ZANOLARY et. al., 2004). Erythroxylum suberosum, conhecido popularmente como “cabelo-de- negro”, é indicado na medicina popular como um antidiarreico e no tratamento de problemas digestivos. Do ponto de vista químico E. suberosum foi pouco explorado, sendo relatado até o presente momento o isolamento de metabolitos secundários tais como: diterpenos, flavanoides e alcaloides (NASCIMENTO, 2014). Como parte de um projeto buscando compostos bioativos, particularmente com propriedades citotóxicas, tem-se investigado plantas nativas da flora da região do nordeste. Nesta perspectiva, realizou-se o estudo de diferentes partes de E. suberosum: folhas, lenho e casca do caule, as quais foram submetidas a maceração com n-hexano e etanol. Após a obtenção dos extratos, estes foram avaliados frente a um painel de quatro linhagens de células tumorais de humano [câncer de próstata, câncer de colo e câncer no cérebro (astrocitoma e meduloblastoma)]. Somente o extrato hexânico da casca do caule (ESCCH) apresentou percentual de inibição do crescimento celular com percentual de inibição acima de 95 % contra as linha-gens testadas. Desta forma, este extrato foi submetido a fracionamentos cromatográficos em gel de sílica resultando no isolamento de três triterpernos, caracterizados por RMN 1H e 13C, como sendo 3β-hidroxi-oleanol, 3-oxi-oleanona e ácido betulônico. Cabe ressaltar, que este estudo encontra-se em fase inicial, entretanto, outros compostos encontram-se em fase de purificação.

Material e métodos

No presente estudo foram utilizados folhas, casca e lenho do caule de E. suberosum, coletados na Chapada Diamantina –BA, no cerrado do nordeste brasileiro. Os materiais botânicos foram submetidos a secagem à temperatura ambiente, pulverizados e em seguida submetidos a extração com n-hexano e etanol por um período de 48 horas. Os filtrados foram rotaevaporados em temperatura de 40 ºC, fornecendo ao final deste procedimento os extratos: folhas [ hexano ( 23,20 g) e etanol (141,18 g)]; casca do caule [ hexano ( 9,65 g ) e etanol ( 65,68 g)]; lenho do caule [ hexano (10,51 g) e etanol (101,31 g)]. Amostras dos extratos foram enviadas para testes citotóxicos frente a linhagens de células cancerigenas. O extrato hexânico da casca do caule (ESCCH) foi submetido à cromatografia em gel de sílica, eluida com hexano e AcOEt puros ou em misturas binárias em ordem crescente de polaridade (1:0; 2:1; 1:1; 0:1), finalizada com MeOH 100%, resultando em cinco frações identificadas como Hex 1, Hex/AcOEt 2:1; Hex/AcOEt 1:1; AcOEt 1 e MeOH 1. Na fração Hex/AcOEt 2:1 foi observado a presença de um precipitado, o qual foi separado do líquido mãe, obtendo-se a fração Hex/AcOEt 2:1ppt. Essa fração foi submetida à cromatografia em gel de sílica, eluída com n-hexano/AcOEt nas proporções de 99:1, 98:2, 95:5 e 100%, obtendo-se 55 subfrações. Nas subfrações 14 e 27-29, foram observados manchas uniformes cujos os espectros de RMN 1H e 13C revelaram que esses compostos se tratavam de triterpenos ( ES-1 e ES-2). O terceiro composto, codificado como ES- 3, foi isolado por cromatografia em gel de sílica realizada com as frações Hex/AcOEt 2:1 e Hex/AcOEt 1:1.

Resultado e discussão

Os testes de citotoxicidade realizados com os extratos hexânicos e etanólicos da casca do caule, lenho do caule e folhas frente a quatro linhagens de células tumorais de humanos (câncer de próstata, câncer de colo e câncer de cérebro) mostrou que o extrato hexânico da casca do caule foi o que apresentou maior percentual de inibição, acima de 95%. Da mesma forma, o extrato hexânico do lenho do caule também apresentou um percentual significativo frente à linhagem câncer de próstata. Os compostos ES-1, ES-2 e ES-3 foram caracterizados como 3β- hidroxi-oleanol, 3-oxi-oleanona e ácido betulônico, respectivamente, após análise dos dados de RMN 1H e 13C. Os compostos de esqueleto oleanano isolados são comuns em plantas superiores e para nenhum deles foram encontrado relatos de citotoxicidade. No entanto, o ácido betulônico apresenta atividade já registrada frente ao câncer de próstata. Portanto, o trabalho continua na perspectiva de isolar novos compostos com atividade citotóxica.

Figura 1: Esquema de isolamento

Ilustração do método de isolamento dos compostos de Erythroxylum suberosum (ES)

Figura 2: Estrutura dos metabólitos isolados

Triterpenos isolados de E. suberosum.

Conclusões

O extrato da casca do caule foi o mais citotóxico para os carcinomas de próstata, colo e cérebro. Além disso, o estudo químico do E. suberosum levou ao isolamento de três triterpenos : 3β-hidroxi-oleanol, 3-oxi-oleanona e ácido betulônico, os quais são conhecidos na literatura. Cabe destacar que os estudos estão em fase inicial e outros compostos encontram-se em fase de purificação

Agradecimentos

CNPq, CAPES e FUNCAP pelas bolsas e suporte financeiro. Ao CENAUREMN pela obtenção dos espectros de RMN para realização deste trabalho.

Referências

ZANOLARI, B.; et al. Methylpyrrole tropane alkaloids from the bark of Eryhtroxylum vaccinii-folium. Journal of Natural Products. v.68, p. 1153-1158, 2005.
NASCIMENTO, Michelle Nauara Gomes. Estudo Químíco de Erythroxylum suberosum (Erythroxylaceae) frente as catepsinas K, L e V. 2014. 122 f. Tese (Doutorado) - Curso de Química, Universidade Federal de Goiás, Catalão, 2014.

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