AVALIAÇÃO DO RENDIMENTO E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DAS FOLHAS, FRUTOS DE Virola sebifera Aubl. (Myristicaceae).

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Pereira, S.F.M. (MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI) ; Andrade, E.H.A. (MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI) ; Cascaes, M.M. (MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI) ; Nascimento, L.D. (MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI) ; Anjos, T.O. (MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI) ; Moraes, A.A.B. (MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI)

Resumo

Óleos essenciais das folhas, casca/polpa dos frutos e sementes de um espécime de Virola sebifera coletado no Campus de Pesquisa do Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG) Belém, Pará, foram obtidos por hidrodestilação e analisados por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG/EM). Os constituintes químicos majoritários identificados nos óleos das folhas, casca/polpa e semente foram (E,E)-α-farneseno (49,67%; 18,7%; 58,72%), biciclogermacreno (3,1%; 1,44%; 3,48%), α-pineno (14,99%; 4,11%; 1,14%), (E)-cariofileno (13,19%; 11,43%; 10,99%), respectivamente. Variações quantitativas foram observadas em todas as partes vegetais estudadas e variação qualitativa foi observada para o monoterpeno (E)-β-ocimeno (44,51%), identificado somente na semente.

Palavras chaves

Virola sebifera; (E,E)-α-farneseno; óleo essencial

Introdução

A família Myristicaceae possui ampla distribuição em regiões tropicais e subtropicais, no território brasileiro é representada por 64 espécies, incluindo Virola sebifera Aubl. (Rodrigues, 2015). No Brasil, a espécie ocorre do Estado do Pará até São Paulo (Lorenzi 2000), sendo comum em cerrados, matas mesofíticas e de galeria do Brasil Central (Rodrigues 1980; Araújo, Haridasan, 1997). As árvores do gênero Virola têm flores unissexuadas e são dioicas (Hinojosa,1993) as quais chegam a atingir até 30 metros (Rodrigues 1982), Nas Myristicaceae, o fruto simples, unicarpelar, monospermo e carnoso abre-se na maturação por fenda ventral, como um folículo. Essa abertura ventral pode continuar através da parte dorsal, acabando o fruto por se abrir em duas valvas. A semente é basal, recoberta em sua maior parte por um arilóide carnoso, geralmente vermelha, de bordo fimbriado ou laciniado (Barroso et al. 1999). As cascas de V. sebifera têm uso popular como antiulcerogênico, e na Venezuela são utilizadas no tratamento do reumatismo (Martínez et al., 1999). Populações indígenas de regiões amazônicas fazem uso das cascas de várias espécies de Virola em preparações consumidas em rituais religiosos. O efeito alucinógeno atribuído a essas preparações é consequência da presença de alcalóides indólicos triptaminérgicos (Agurrel et al., 1969; Lai et al., 1973; Lopes et al., 1982. A variação de constituintes químicos encontrados em espécies de Myristicaceae justificam o estudo químico do óleo essencial de um representante dessa família, portanto o presente trabalho tem como objetivo avaliar rendimento e composição química dos óleos essenciais obtidos das folhas, casca/polpa dos frutos e sementes por Cromatografia em fase gasosa acoplada a espectrometria de massas.

Material e métodos

O material botânico foi coletado no Campus de Pesquisa do Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG), onde foi seco em estufa a uma temperatura de 35º, em seguida foi moído, homogeneizado, pesado e submetido ao processo de extração por hidrodestilação, utilizando sistemas de vidros do tipo Clevenger modificado, acoplado a um sistema de refrigeração para manutenção da água de condensação entre 10-15º C, durante 3 h. Os óleos, após extração foram centrifugados durante 5 min a 3000 rpm, desidratados com Na2SO4 anidro e novamente centrifugados nas mesmas condições, onde a composição química dos constituintes voláteis dos óleos essenciais foi analisada por cromatografia em fase gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG/EM), em sistema Shimatzu QP Plus-2010 equipado com coluna capilar de sílica DB-5MS (30 m x 0,25 mm; 0,25 µm de espessura do filme) nas seguintes condições operacionais: gás de arraste: hélio, em velocidade linear de 36,5 cm/s; tipo de injeção: sem divisão de fluxo (2 µL de óleo em 1mL de hexano); temperatura do injetor: 250 ºC, programa de temperatura: 60-250 ºC, com gradiente de 3ºC/min; temperatura da fonte de íons e outras partes 220ºC. O filtro de quadrupolo varreu na faixa de 39 a 500 daltons a cada segundo. A ionização foi obtida pela técnica de impacto eletrônico a 70 eV. A identificação dos componentes voláteis foi baseada no índice de retenção linear (IR) calculado em relação aos tempos de retenção de uma série homóloga de n-alcanos injetados nas mesmas condições das análises, e no padrão de fragmentação observados nos espectros de massas, por comparação destes com amostras autenticas existentes nas bibliotecas do sistema de dados e da literatura (ADAMS, 2007).

Resultado e discussão

Os óleos essenciais obtidos das folhas, casca/polpa e semente apresentaram o rendimento de 0,69%; 0,26%; <0,06%, respectivamente. Foram identificados 28 constituintes químicos (tabela 1) no óleo essencial das folhas, casca/polpa e sementes de Virola sebifera com seus respectivos índices de retenção em ordem crescente. Os óleos essenciais das folhas, casca/polpa e sementes secas de V. sebifera são caracterizados pela presença de alguns constituintes majoritários como o (E,E)-α-farneseno, biciclogermacreno, (E)-β-ocimeno, 6-metil-5-hepten-2-ona, α-pineno, E-cariofileno, onde houve a predominação do hidrocarboneto sesquiterpenico (E,E)-α-farneseno entre a casca/polpa e folha, e do constituinte hidrocarboneto monoterpênico (E)-β-ocimeno na semente das amostras. A cetona 6-metil-5-hepten-2-ona nao foi observada nas cascas.

TABELA 1. Constituintes químicos identificadas nos óleos essenciais da



FIGURA 1. Gráfico dos constituintes químicos principais nos óleos ess



Conclusões

Dentre os órgãos vegetais de V. sebifera estudados os maiores teores de óleo essencial foram observados nas folhas, seguida da casca/polpa. O perfil químico do óleo essencial das folhas e das cascas/polpa é caracterizado por hidrocarbonetos sesquiterpênicos, com predominância de (E,E)-α-farneseno e pela predominância do hidrocarboneto monoterpênico (E)-β-ocimeno nas sementes.

Agradecimentos

agradeço ao Museu Paraense Emílio Goeldi, ao Cnpq,a UFPA

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