Estudo químico e avaliação da atividade microbiológica do óleo essencial das folhas de Eugenia punicifolia (HBK) DC.

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Monteiro, O.S. (UFMA) ; Fernandes, Y.M.L. (UFMA) ; Paixão, B.L.A. (UFMA) ; Gama, D.G.A. (UFMA) ; Silva, M.L.C. (UFMA) ; Ferreira, A.C.C. (UFMA) ; Monteiro, I.N. (UFMA) ; Vieira, F.A.P. (UFMA) ; Ferreira, A.M. (UFMA) ; Figueiredo, P.M.S. (UFMA)

Resumo

Este estudo apresenta a avaliação química e a atividade microbiana do óleo essencial das folhas de Eugenia punicifolia (HBK) DC. Através de CG-EM, os constituintes majoritários do OE detectados foram o α-pineno (57,84%), 1,8-cineol (9,81%) e α-terpineol (6,97%). A atividade antimicrobiana foi avaliada por microdiluição em caldo para a determinação das Concentrações Inibitória (CIM), Bactericida (CBM) e Fungicida Mínima (CFM). Frente a Escherichia coli, o OE apresentou CIM e CBM de 62,5µL/mL e frente Pseudomonas aeruginosa, CIM e CBM de 15,625µL/mL. Contra Candida albicans, apresentou CIM e CFM de 250µl/mL. Já para C. glabrata e C. parapsilosis, apresentou CIM e CFM de 125µL/mL. Os resultados evidenciam o OE como potencial fitoterápico para doenças causadas pelos microorganismos.

Palavras chaves

Eugenia punicifolia (HBK); óleo essencial; atividade antimicrobiana

Introdução

A busca por recursos da natureza para combater enfermidades é um comportamento humano já conhecido. Na sociedade moderna, a produção sintética adquiriu um vasto espaço na indústria farmacêutica. Porém, os recursos naturais ainda nos fornecem uma infinidade de compostos capazes de suprir nossas necessidades de forma tão eficiente ou mesmo melhor que os produtos sintéticos. Desde o ano 3000 a.C. há dados de que a China se destacava no cultivo e estudo de plantas medicinais (JORGE, 2003). Machado e Junior (2011) citam que as terapias naturais têm como origem as chamadas medicinas tradicionais. Os óleos essenciais ou essências e possuem funções diversas funções relacionadas ao metabolismo secundário das plantas (VIZZOTO et al., 2010), e sua importância se intensificará na idade moderna e contemporânea com o avanço de estudos sobre os óleos voláteis graças ao interesse farmacológico na aplicação de suas características químicas e biológicas, auxiliando o combate a doenças (BAKKALI et al., 2008; BURT, 2004). Duas amostras de Eugenia punicifolia (HBK) DC. coletadas em localidades distintas do Pernambuco por Oliveira et al. (2005) apresentaram o linalol como componente majoritário. Este estudo tem foco no óleo essencial da espécie vegetal Eugenia punicifolia (HBK) DC encontrada no Parque Nacional Das Nascentes Do Rio Parnaíba, sua composição química e atividades antimicrobianas, proporcionando assim um referencial para futuros trabalhos como o uso deste produto natural em fitoterápicos.

Material e métodos

A coleta foi realizada no mês de maio de 2014 no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba, sendo levada para o Laboratório de Produtos Naturais (LPN) no Centro de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). As exsicatas de cada uma delas foram preparadas e enviadas para o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) para a realização de suas identificações botânicas. O OE foi obtido pelo processo de hidrodestilação com extrator de Clevenger modificado e armazenado para suas futuras análises. Em seguida, foi analisado por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-EM) no LEPRON (Laboratório de Engenharia de Produtos Naturais) na UFPA, por um cromatógrafo a gás FOCUS (Thermoelectro) equipado com uma coluna capilar DB-5 acoplado a um espectrômetro de massas DSQ II com fonte de ionização por impacto eletrônico. No Laboratório de Microbiologia Clinica (LabMic) no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da UFMA foi realizada a avaliação da atividade antimicrobiana, testada in vitro através de dois bioensaios. Inicialmente por difusão em ágar e depois pela microdiluição. Ambos os protocolos descritos pelo Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI, 2013). Os microrganismos testados foram as bactérias Escherichia coli (ATCC 25922) e Pseudomonas aeruginosa (ATCC 27853); e os fungos Candida albicans (isolado clínico), Candida glabrata (isolado clínico), Candida albicans (ATCC 90028) e Candida parapsilosis (isolado clínico). A determinação da CIM foi feita através da técnica de microdiluição segundo a metodologia da diluição em caldo proposta pelo National Committee for Clinical Laboratory Standard (2013). Para isto, as colônias foram ressuspendidas em solução fisiológica (0,9 %) até atingir uma turbidez equivalente 0,5 na escala de McFarland, as placas de 96 poços estéreis foram preparadas com 50µL de caldo BHI e 50µL do óleo essencial seguido de diluições seriadas. Os tubos foram homogeneizados e levados à estufa a 35°C por 24 horas. Após o período de incubação foi adicionado 20µl do revelador resazurina a 0,01%. A CIM será a menor concentração da solução onde não houve crescimento bacteriano ou fúngico visível. Foram utilizadas as placas incubadas para determinação da CIM em meio líquido para determinação da CBM e CFM. Uma alíquota (1 mL) de cada tubo foi inoculada em placas de Ágar Müeller Hinton e posteriormente incubadas em ambiente à 35°C por 24 horas. A CBM e CFM serão consideradas para a menor concentração da solução onde não houve crescimento celular sobre a superfície do ágar inoculado (99,9% de morte microbiana).

Resultado e discussão

A extração do óleo essencial das folhas de Eugenia punicifolia (HBK) DC apresentou rendimento de 1,58% (v/m), que representa, matematicamente, a quantidade em mililitros de óleo presente em 100 gramas de amostra vegetal descontada sua umidade. Através da análise por CG-EM foi possível identificar vários constituintes, correspondendo a 98,41% da composição total do óleo (Tabela 1). Entre os constituintes temos o α-pineno (57,84%) como composto majoritário seguido de 1,8-cineol (9,81%) e α-terpineol (6,97%). O óleo essencial das folhas de Hyptis Eugenia punicifolia (HBK) DC Frente à Escherichia coli (ATCC 25922), o OE apresentou CIM e CBM de 62,5µL/mL e frente Pseudomonas aeruginosa (ATCC 27853), CIM e CBM de 15,625µL/mL. Quanto à atividade antifúngica o óleo expressou atividade contra os fungos Contra Candida albicans (isolado clínico e ATCC 90028), apresentou CIM e CFM de 250µl/mL. Já para Candida glabrata (IC) e Candida parapsilosis (IC), apresentou CIM e CFM de 125µL/mL.

Tabela 1: Composição química do OE das folhas de Eugenia punicifolia

a)Tempo de retenção na coluna cromatográfica. b)Índice de Retenção Calculado. C)Indice de Retenção da Biblioteca (ADAMS, 2011; NIST, 2005)

Conclusões

Os resultados apresentados pelo estudo da espécie Eugenia punicifolia (HBK) DC permitem a observação de rendimento mediano na extração do óleo essencial de suas folhas. O óleo gerado foi de alta qualidade e livre de impurezas. A análise da composição química do óleo essencial por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas forneceu dados suficientes para permitir o estudo de um novo quimiotipo de Eugenia punicifolia (HBK) DC, evidenciando o alfa-pineno como o composto majoritário com teor de mais de 57% em sua composição. O óleo essencial de Eugenia punicifolia (HBK) DC também demonstrou uma forte ação bactericida frente ao Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosas, obtendo bons resultados inibitórios e bactericidas em baixas concentrações. Sua ação antifúngica frente a Candida albicans, Candida glabrata e Candida parapsilosis, o óleo apresentou apenas moderada eficácia, onde a eliminação dos fungos somente ocorreu em concentrações mais elevadas. O presente estudo colabora para com a continuidade dos estudos químicos e biológicos da espécie Eugenia punicifolia (HBK) DC, considerando a possibilidade de desenvolvimento de fitoterápicos que ajam no combate às doenças relacionadas aos microorganismos estudados.

Agradecimentos

UFMA CAPES

Referências

BAKKALI, F. et al. Biological effects of essential oils. Food and Chemical Toxicology, v. 46, n. 02, p. 446-475, 2008.

BURT, S. Essential oils: their antibacterial properties and potential applications in foods. International Journal of Food Microbiology, v. 94, n. 03, p. 223-253, 2004.

CLSI. M100-S23: Performace Standards for Antimicrobial Susceptibility Testing. Clinical and Laboratory Standards Institute. Pennsylvania, USA, v. 33, n.1, p.1-199, jan. 2013. M100-S23.
JORGE, S. S. A. Plantas Medicinais: Coletânea de Saberes. 2003. Disponível em: <http://docplayer.com.br/2788147-Plantas-medicinais-coletanea-de-saberes-schirlei-da-silva-alves-jorge.html>. Acesso em: 29 de abr. 2018.

MACHADO, B. F. M. T.; JUNIOR, A. F. Óleos Essenciais: Aspectos Gerais e usos em Terapias Naturais. v. 3, n. 2, p. 105-127, 2011.

MELO, J. L. M.; SILVA, J. K. R; Bioprospecção da Atividade Antimicrobiana e Anticolinesterásica de Óleos Essenciais de espécies de Hyptis com ocorrência na Amazônia Oriental. RESUMOS DO XXIV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPA - 2013: ISSN 2176-1213

OLIVEIRA, R. N.; DIAS, I. J. M.; CÂMARA, C. A. G. Estudo comparativo do óleo essencial de Eugenia punicifolia (HBK) DC. de diferentes localidades de Pernambuco. Revista Brasileira de Farmacognosia. V. 15. N. 1. P. 39-43. 2005.

VIZZOTTO, M.; KROLOW, A. C.; WEBER, G. E. B. Metabólitos Secundários Encontrados em Plantas e sua Importância. Embrapa Clima Temperado, Documentos, 316. Pelotas, 2010. 16p.

Patrocinadores

CapesUFMA PSIU Lui Água Mineral FAPEMA CFQ CRQ 11 ASTRO 34 CAMISETA FEITA DE PET

Apoio

IFMA

Realização

ABQ