Análise comparativa in vitro da efetividade antimicrobiana das medicações intracanais – Ca(OH)2, CFC e omeprazol, sobre o Enterococcus Faecalis

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Química Tecnológica

Autores

Vanessa, O.G. (UNIPLAC) ; França de Almeida Ramos, I. (UNIPLAC) ; Gonçalves da Rosa, C. (UNIPLAC) ; Viapiana Masiero, A. (UNIPLAC)

Resumo

O objetivo deste trabalho foi analisar in vitro a atividade antimicrobiana das medicações intracanais, Ca(OH)2, CFC e omeprazol, sobre o microrganismo Enterococcus faecalis. Dentre todas as medicações testadas, a medicação que se mostrou mais efetiva foi o CFC, embora sem diferenças estatísticas significativas em relação ao hidróxido de cálcio. Em relação ao omeprazol, este foi menos efetivo comparado às demais medicações. Entre diferentes concentrações do omeprazol, a que promoveu maiores halos de inibição foram o de concentração menor (10mg). O tamanho dos halos de inibição em relação ao tempo se manteve sem alterações significativas para as medicações de Ca(OH)2, CFC e omeprazol. Apenas o omeprazol na concentração de 20mg, não apresentou mais atividade antimicrobiana após 72h.

Palavras chaves

Medicação intracanal; Enterococcus faecalis; Endodontia

Introdução

Preocupada com o tratamento das afecções pulpares e periapicais a Endodontia esta constantemente desenvolvendo pesquisas que possibilitem descobrir técnicas e medicamentos que permitam manter o dente envolvido em condições funcionais. No entanto, Masiero em 2006, cita que em determinadas situações o profissional se depara com sinais e sintomas não condizentes com o reparo dos tecidos acometidos, caracterizando-se desta forma o insucesso da terapia instituída. Bactérias alojadas no sistema de canais radiculares desempenham um papel importante no desenvolvimento e manutenção de lesões periapicais. Em processo infeccioso de longa duração, bactérias podem se propagar para os sistemas de canais e túbulos dentinários. Situados nestas regiões, elas podem não ser afetadas, ou mesmo, eliminadas pelo processo químico-mecânico (AZAMBUJA, 2012). Os microrganismos presentes em infecções primárias são geralmente sensíveis ao tratamento endodôntico de rotina e o prognóstico para esse tipo de tratamento é bom. Pelo contrário, os casos de retratamento têm um prognóstico menos favorável devido a canais perfurados ou desviados, instrumentos fraturados, limitações da técnica de retratamento, ou mesmo a composição da microbiota. As bactérias associadas com a infecção endodôntica secundária contemplam poucas espécies, destacando-se o Enterococcus faecalis, como um dos principais microrganismos, responsáveis pelas infecções resistentes. Como descreve Ferreira em 2010, reconhecendo o papel dessa bactéria no fracasso da terapia do canal radicular, torna-se importante desenvolver estratégias que promovam o controle das infecções causadas por este microrganismo. Diante da observação de que as bibliografias que abordam esta temática não destacam uma substância ou um medicamento intracanal que reúna totalmente as condições ideais, limitando-se a citar os principais requisitos que são: Capacidade antimicrobiana, biocompatibilidade, longo espectro de ação, atividade prolongada, não ser alérgico, não manchar a estrutura dentária e ser de fácil remoção. Estudos têm demonstrado a resistência do Enterococcus faecalis à ação do Ca(OH)2, principal medicação utilizada para os casos de infecções crônicas e presença de lesão periapical. Na tentativa de suprir as limitações do Ca(OH)2, a literatura propôs o emprego de uma associação medicamentosa a base de hidróxido de cálcio, ciprofloxacina e metronidazol (CFC). Porém, poucos trabalhos comprovam o poder antimicrobiano de tal associação, ficando seu emprego mais nos resultados clínicos favoráveis. Pouco se sabe sobre o Omeprazol como medicação intracanal. Estudo recente, como Wagner 2011, mostra o omeprazol associado com o hidróxido de cálcio, agindo como inibidor da bomba de prótons, sendo assim, conseguem inibir o crescimento bacteriano nas lesões periapicais. Assim, foi objetivo do presente estudo, verificar a efetividade antimicrobiana do omeprazol, medicamento usado para tratar bactérias virulentas do trato gastrointestinal, como possível medicação intracanal, comparando sua ação ao Ca(OH)2 e CFC.

Material e métodos

As análises foram realizadas no Laboratório de Microbiologia da Universidade do Planalto Catarinenese. Foi avaliado pelo método clássico de difusão radial em Ágar, preconizado pro Grove e Radall (1955); com placas de camada dupla e Ágar Muller Hinton esterilizados e resfriados em cerca de 50º C, para avaliar através da presença ou ausência do halo de inibição do crescimento microbiano. Os medicamentos utilizados (Ca(OH)2; CFC-Ciprofloxacina 30mg; Hidróxido de cálcio 60mg; Metronidazol; Omeprazol 10mg; Omeprazol 20mg) foram manipulados utilizando-se uma placa de vidro e uma espátula metálica. Para facilitar a colocação dos materiais após sua manipulação, cada uma das drogas testadas foram inserida nos poços utilizando-se de seringa plástica esterilizadas. Tendo-se o cuidado que cada um dos orifícios fosse preenchido com as respectivas pastas, sem extravasar o material e assim, divididos em grupos. Para a análise dos dados, após pré-incubar as placas por duas horas em temperatura ambiente e deixar 48 horas para o crescimento das cepas, foi utilizado uma régua milimetrada para fazer as medições dos halos de inibição que se formaram ao redor dos poços. Ao final do experimento, as placas de Petri foram colocadas com antibiogramas em um contador de colônias e realizada a leitura do diâmetro dos halos de inibição com auxilio da régua milimetrada.

Resultado e discussão

De posse dos valores descritos na tabela 1 e gráfico 1; os dados inseridos no Programa Estatístico SPSS, versão 22.0, com utilização do teste estatístico ANOVA e nível de significância de 5%. Dentre todos os grupos, o mais efetivo foi o grupo A (CFC), embora sem diferenças estatísticas significativas em relação ao hidróxido de cálcio (grupo B). Em relação ao omeprazol, este foi menos efetivo quando comparado aos grupos A e B. Entre diferentes concentrações, o que promoveu maiores halos de inibição foi o que apresenta menor concentração (10mg). O tamanho dos halos de inibição em relação ao tempo se manteve sem alterações significantes para as medicações A, B e D. Quanto à medicação do grupo C (Omeprazol 20mg), em 72 horas, não apresentou atividade antimicrobiana. As medicações intracanais fazem parte do tratamento endodôntico e são motivo de discussão pelo fato de não haver uma unanimidade sobre qual o melhor medicamento, já que os vários estudos a respeito do assunto são contraditórios. Muitas substâncias foram utilizadas ao longo dos tempos com o objetivo principal de eliminar os microorganismos que sobrevivem ao preparo físico-mecânico sem que essa medicação causasse danos aos tecidos vivos (RUBIK, 2007). Por isto a importância de uma adequada solução irrigadora e o emprego correto de uma medicação intracanal frente às bactérias (RICUCCI et al. 2009). Levando em consideração o presente estudo, mostrou-se que o CFC (Hidróxido de cálcio + Ciprofloxacina + Metronidazol) atingiu os maiores halos de inibição. Acredita-se que a sua eficácia sobre a bactéria Enterococcus faecalis ocorre devido às características da medicação, ou seja, a referida bactéria carateriza-se por um Coco Gram-positivo, ficando dentro do espectro de ação do medicamento (TAVARES e BEUMER, 2007).

Tabela 1 – Médias, em milímetros, dos halos de inibição obtidos em ca

Tabela 1 – Médias, em milímetros, dos halos de inibição obtidos em cada medicação empregada:

Gráfico 2 – Média dos halos de inibição para cada grupo:

Gráfico 2 – Média dos halos de inibição para cada grupo:

Conclusões

A análise dos resultados do presente estudo demonstrou que o CFC foi a medicação mais efetiva frente às outras medicações, com resultados significante ao nível de 5%. O hidróxido de cálcio também apresentou uma boa ação antimicrobiana frente ao Enterococcus faecalis nos intervalos de 24, 48 e 72 horas. A medicação omeprazol 10mg mostrou-se mais potente quando comparada ao omeprazol 20mg, sendo que o omeprazol 20mg, após 72 horas, não possui efeito antimicrobiano.

Agradecimentos

À UNIPLAC.

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