Estudo da adsorção de D-xilose na superfície do substrato de grafite/parafina modificado com nanotubos de carbono e polímeros molecularmente impressos para a sua determinação em hidrolisados de biomassa lignocelulósica

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Materiais

Autores

Sales Porto de Sousa, M. (UNESP) ; Ferreti, C. (UNL-CONICET) ; Kneeteman, M. (UNL-CONICET) ; Lataro Paim, L. (UNESP)

Resumo

O etanol de segunda geração (2G) é uma ótima opção para diminuir a dependência aos combustíveis fosseis. Assim, é de extrema importância a avaliação da produção do etanol 2G, principalmente, na análise composicional dos hidrolisados da biomassa lignocelulósica. Logo, o presente trabalho tem o desenvolvimento de sensores eletroquímicos constituídos por eletrodos compósitos de grafite/parafina, modificados com nanotubos de carbono funcionalizados (FMWCNTs) e polimeros molecularmente impressos (MIPs). Uma excelente alternativa de baixo custo que apresenta pela técnica de Espectrometria no Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR) sua seletividade e sensibilidade para D-xilose, devido à presença de grupos funcionais característicos deste açúcar após a etapa de adsorção.

Palavras chaves

D-xilose; Sensor eletroquímico; Etanol 2G

Introdução

Com o intuito de promover a sustentabilidade e a independência ao combustível fóssil, muitos países têm impulsionado o desenvolvimento de alternativas renováveis (LIDDLE; SADORSKY, 2017; NEAMHOM; POLPRASERT; ENGLANDE, 2016). A produção do etanol 1G surge como uma opção atrativa, porém o mesmo compete com a cadeia alimentar, assim, gerando a necessidade de encontrar outras fontes. O etanol 2G, o qual é caracterizado pelo seu relevante potencial de produção, devido à grande disponibilidade de sua matéria prima (biomassa lignocelulósica), é considerado como uma boa alternativa. E mesmo que a tecnologia empregada durante a sua produção não seja tão avançada quanto a primeira, isto pode ser compensado pelo esforço cientifico continuo (ADITIYA et al., 2016; DECHAMBRE; THIEN; BARDOW, 2017). Desta forma, com o objetivo de realizar uma análise composicional do hidrolisado da biomassa lignocelulósica, o qual é de extrema importância para verificação da eficiência da produção do etanol 2G. Neste trabalho, tem-se o desenvolvimento de sensores eletroquímicos constituídos por eletrodos compósitos de grafite/parafina modificados com FMWCNTs e MIPs. Os nanotubos de carbono possuem propriedades elétricas altamente sensíveis, resistência mecânica, estabilidade química e atuam como elementos ativos dos sensores (BAIG; SAJID; SALEH, 2019; KWON et al., 2016). E os polímeros molecularmente impressos nas superfícies permitem que se obtenha uma alta afinidade com a molécula template (D-xilose), dado que após a extração do template é estabelecido sítios de reconhecimento que permitem que o sensores sejam seletivos à molécula de D-xilose mediante ao processo de adsorção, onde as pontes de hidrogênio entre a matriz polimérica e o açúcar são restabelecidas (GUI et al., 2018; LIU et al., 2017).

Material e métodos

Os reagentes analíticos: ácido acético (pureza: 97.3%), D-xilose (pureza: ≥98.0%), o-fenilenodiamina (o-PD) (flaked, 99.5%), ácido nítrico (pureza: ≥98.0%), dimetilformamida (pureza: ≥98.9%) e grafite (<20 μm, sintetico) adquiridos da Sigma-Aldrich; acetato de sódio (pureza: ≥99.0%), parafina histológica, cloreto de potássio (pureza: 99,0–100,5%) e ferrocianeto de potássio (pureza: ≥99.5%) adquiridos da Synth. Brometo de potássio (FT-IR grade) adquirido da Harshaw Chemical. O potenciostato/galvanostato PGSTAT204 (Metrohm) e o espectroscópio IR Prestige-21 (Shimadzu) foram os equipamentos usados. Os substratos foram preparados a partir da mistura de grafite/parafina na proporção de 7:3(v/v), similar à literatura(ALIZADEH et al., 2009; DU et al., 2008). Depois, os eletrodos são deixados em repouso por 24 horas para cura, sendo então polidos para obtenção de uma superfície lisa e homogênea. A modificação da superfície é realizada por eletrodeposição dos FMWCNTs em uma faixa de -0,5V a 1,0V por 15 ciclos, com uma velocidade de varredura de 50mVs-1(CHEN et al., 2011; MARIBEL G. GUZMÁN, JEAN DILLE, 2008). E também pela eletropolimerização dos MIPs, em uma faixa de -0,4V a 1,0V por 20 ciclos, com uma velocidade de 50 mVs-1 em solução padrão de acetato com pH 5,1 contendo 7,0 x 10-3 mol L-1 o-PD e 3,0 x 10-4 mol L-1 de D-xilose, similarmente à literatura (WANG et al., 2014). Para a etapa de extração é utilizado a solução de dimetilformamida/ácido acético (5:2, v/v), onde os eletrodos modificados são imersos por 60 segundos. Na Figura 1 o comportamento do sensor diante do processo de extração e adsorção por 6 minutos em solução de concentração 1,0 x 10-11mol L-1 de D-xilose é ilustrado.

Resultado e discussão

A técnica de FTIR é amplamente utilizada na literatura para caracterização. Na Figura 2, é identificado no espectro (a) um pico amplo ao redor de 3440 cm-1 que pode ser atribuído a vibrações de estiramento dos grupos metil e metileno, os quais são produzidos nos nanotubos de carbono quando estes se funcionalizam com ácido (UJJAIN et al.,2015). Também, neste mesmo espectro é possível identificar picos na região de 1630-1614 cm-1 que são atribuídos ao estiramento C=N, os picos 1484 cm-1 e 1466 cm-1 que são atribuídos a dupla ligação C=C dos átomos presentes no anel de fenazina, o pico 1261 cm-1 atribuído ao estiramento C- N-C nas unidades de benzenoides, e os picos 713 cm-1 e 524 cm-1 das vibrações de flexão fora do plano C-H no anel de fenazina (DUAN et al., 2013). No espectro (b) é observado o efeito do processo de extração da molécula template na matriz polimérica, devido à utilização da solução de dimetilformamida/acido acético que provoca a quebra das pontes de hidrogênio entre a matriz e D-xilose. No espectro (c), é registrado o comportamento do açúcar (D-xilose), o qual foi utilizado durante a etapa de eletropolimerização. E no espectro (d) é registrado o efeito do processo de adsorção na superfície do sensor eletroquímico desenvolvido para a determinação de D-xilose. Desta forma, utilizando o espectro (c) como parâmetro de comparação entre os espectros (b) e (d) é identificado, principalmente, ao redor do pico de 2950 cm-1, o qual é atribuído ao estiramento de –OH e C-H da molécula de D-xilose, uma relevante diferencia de intensidade, justificado pelo êxito do processo de adsorção.

Figura 1

Fluxograma do eletrodo durante a etapa de eletropolimerização, depois da extração da molécula template, e durante o processo de adsorção.

Figura 2

Espectros FTIR de MIPs com D-xilose (a), depois da extração de D-xilose da matriz polimérica (b), D- xilose (c), após a adsorção de D-xilose na matriz

Conclusões

Neste trabalho foi proposto o estudo da adsorção de D-xilose na superfície do substrato de grafite/parafina modificado com nanotubos de carbono e polímeros molecularmente impressos. Com a utilização da técnica de Espectrometria no Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR) foi verificado os grupos funcionais característicos dos materiais utilizados no desenvolvimento do sensor eletroquímico, sendo identificada a diferença do comportamento do sensor mediante ao processo de adsorção, o que é justificado pela a religação das pontes de hidrogênio entre a matriz polimérica e D-xilose.

Agradecimentos

Ao suporte da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP (Proc.No.2017/09492-4;2018/25830-0 e Proc.No.2017/09123-9). E pelo apoio técnico do grupo de pesquisa 2RE/UNESP/Brasil e IQAL/UNL-CONICET/Argentina.

Referências

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BAIG, N.; SAJID, M.; SALEH, T. A. Recent trends in nanomaterial-modified electrodes for electroanalytical applications. TrAC Trends in Analytical Chemistry, v. 111, p. 47–61, 1 fev. 2019.

CHEN, L. et al. Direct electrodeposition of reduced graphene oxide on glassy carbon electrode and its electrochemical application. Electrochemistry Communications, v. 13, n. 2, p. 133–137, 1 fev. 2011.

DECHAMBRE, D.; THIEN, J.; BARDOW, A. When 2nd generation biofuel meets water – The water solubility and phase stability issue. Fuel, v. 209, p. 615–623, 1 dez. 2017.

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DUAN, Y. et al. Determination of epigallocatechin-3-gallate with a high-efficiency electrochemical sensor based on a molecularly imprinted poly( o -phenylenediamine) film. Journal of Applied Polymer Science, v. 129, n. 5, p. 2882–2890, 5 set. 2013.

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KWON, Y. J. et al. Selective detection of low concentration toluene gas using Pt-decorated carbon nanotubes sensors. Sensors and Actuators B: Chemical, v. 227, p. 157–168, 1 maio 2016.

LIDDLE, B.; SADORSKY, P. How much does increasing non-fossil fuels in electricity generation reduce carbon dioxide emissions? Applied Energy, v. 197, p. 212–221, 1 jul. 2017.

LIU, W. et al. Molecularly imprinted polymers on graphene oxide surface for EIS sensing of testosterone. Biosensors and Bioelectronics, v. 92, p. 305–312, 15 jun. 2017.

MARIBEL G. GUZMÁN, JEAN DILLE, S. G. Synthesis of silver nanoparticles by chemical reduction method and their antibacterial activity. International Journal of Materials and Metallurgical Engineering, v. 2, p. 91–98, 2008.

NEAMHOM, T.; POLPRASERT, C.; ENGLANDE, A. J. Ways that sugarcane industry can help reduce carbon emissions in Thailand. Journal of Cleaner Production, v. 131, p. 561–571, 10 set. 2016.

UJJAIN, S. K. et al. Highly Conductive Aromatic Functionalized Multi-Walled Carbon Nanotube for Inkjet Printable High Performance Supercapacitor Electrodes. PLOS ONE, v. 10, n. 7, p. e0131475, 8 jul. 2015.

WANG, Q. et al. An Electrochemical Sensor for Reducing Sugars Based on a Glassy Carbon Electrode Modified with Electropolymerized Molecularly Imprinted Poly- o- phenylenediamine Film. Electroanalysis, v. 26, n. 7, p. 1612–1622, 1 jul. 2014.

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