Estudo da influência do pH na síntese de nanopartículas de prata usando óleo essencial de tomilho (Thymus vulgaris).

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Materiais

Autores

de Melo, A.P.Z. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA) ; Sganzerla, W.G. (INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA) ; da Rosa, C.G. (UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE) ; Maciel, M.V.O.B. (INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA) ; Nunes, M.R. (INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA) ; Barreto, P.L.M. (INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA)

Resumo

O objetivo do presente trabalho foi sintetizar nanopartículas de prata pelo método de biorredução, em diferentes pHs (7,8, 9 e 10) utilizando óleo essencial de tomilho. Após a síntese as nanopartículas foram caracterizadas por espectrofotometria UV-Visível, tamanho de partícula, índice de polidispersão e potencial zeta. Os picos de comprimento de onda obtidos foram entre 415 e 440 nm, com potencial zeta de 32 mV, índice de polidispersão de 0,30 e tamanho médio de 80 nm. Desse modo, a síntese verde pode ser uma alternativa para produção de nanopartículas, e a utilização de diferentes pHs (7, 8, 9 e 10) não influenciou nas propriedades físico-químicas avaliadas.

Palavras chaves

Nanopartículas; Bioredução; Óleo essencial

Introdução

A nanotecnologia é considerada como uma tecnologia em expansão, utilizada para o desenvolvimento de métodos inovadores, fabricação de nanomateriais, geração de equipamentos resistentes com menor consumo de energia e principalmente, para a substituição dos processos convencionais (NASROLLAHZADEH et al., 2019). Novos mecanismos de produzir nanomateriais estão ganhando espaço pela comunidade científica, como a utilização de métodos verdes (ecologicamente corretos). Além disso, os óleos essenciais são uma rica fonte de fitoquímicos, e podem sem uma alternativa para a produção de nanopartículas de prata. As nanopartículas de prata exibem propriedades que dependem do seu tamanho, forma e morfologia permitindo suas aplicações em biopolímeros (NUNES et al., 2018), biomateriais, (LU et al., 2016) e biosensores (MADURAIVEERAN; SASIDHARAN; GANESAN, 2018). A maneira de produção das nanopartículas determina suas características, toxicidade e a consequente aplicabilidade. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi sintetizar nanopartículas de prata pelo método de biorredução, em diferentes pHs (7,8, 9 e 10) utilizando óleo essencial de tomilho.

Material e métodos

As nanopartículas de prata foram sintetizadas de acordo com Vilas, Philip e Mathew (2014). Para isso, nitrato de prata (3 x 10-4 mol/L) em diferentes pHs (7,8, 9 e 10) foi reagido com 2 mL de acetona contendo óleo essencial de tomilho (1:170, v/v). As nanopartículas foram mantidas sob agitação magnética por 30 minutos, e após mudança de coloração (incolor para amarelo), as amostras foram conduzidas as análises. As amostras foram codificadas como AgNP pH 7, AgNP pH 8, AgNP pH 9 e AgNP pH 10. Após a síntese, as amostras foram caracterizadas em espectrofotômetro UV- Visível (Hitachi U-1800, Tokyo, Japan). Além disso, cada amostra foi analisada quanto aos parâmetros físico-químicos: tamanho de partícula, índice de polidispersão e potencial zeta em um Nano-ZS90 zeta-plus em 173 ° (Malvern Instruments Ltd, Malvern, UK). Os resultados obtidos foram submetidos à Análise de Variância (ANOVA) e a diferença entre as médias foram verificadas pelo teste de Tukey (p<0,05) utilizando o programa Statistica 7.0.

Resultado e discussão

Através da análise em UV-Vis, foi possível confirmar que nanopartículas foram formadas em diferentes pHs. Os picos de comprimento de onda foram entre 415 e 440 nm (Figura 1), caracterizando partículas com diâmetro médio entre 35 e 80 nm, conforme descrito por Solomon et al. (2007). Além disso, as distribuições de tamanho das nanopartículas foram estudadas em função de diferentes pH e sua formação foi confirmada com a cor amarelo / amarelo acastanhado. Na avaliação foi possível observar um aumento na formação de partículas com o aumento do pH, e a maior intensidade de formação de partículas foi no pH 10. Avaliando as propriedades físico-químicas das nanopartículas de prata (Tabela 1), foi possível comprovar que as amostras apresentam tamanho na escala nano, com diâmetro médio de 75 a 85 nm, sem diferença estatística entre as amostras (p<0,05). Além disso, o potencial zeta é um indicativo da estabilidade da suspensão coloidal, indicando mudanças na força superficial e repulsiva que existe entre as partículas (CAZO et al., 2012). Segundo Mohanraj e Chen (2006), valores de potencial zeta superiores a ± 30 mV demonstram que as suspensões coloidais são estáveis devido à repulsão entre as partículas, impedindo a agregação. Desse modo, não houve diferença significativa (p> 0,05) para o potencial zeta, em diferentes pH, sendo os valores obtidos muito próximos do intervalo de estabilidade teórica (30 mV), indicando que as partículas são estáveis.

Tabela 1

Tabela 1: Propriedades físico-químicas de nanopartículas de prata sintetizadas com óleo essencial de tomilho em diferentes pHs.

Figura 1

Figura 1: Espectroscopia UV-Vis das nanopartículas de prata sintetizadas com óleo essencial de tomilho em diferentes pHs.

Conclusões

Foi possível realizar a síntese verde de nanopartículas de prata com óleo essencial de tomilho. A utilização de diferentes pHs (7, 8, 9 e 10) não influenciou nas propriedades físico-químicas avaliadas (potencial zeta, índice de polidispersão e tamanho de partícula). Além disso, as partículas sintetizadas apresentaram tamanho médio de 80 nm e valores de zeta em torno de 30 mV, demonstrando estabilidade.

Agradecimentos

Os autores agradecem a CAPES e ao CNPQ pelo apoio.

Referências

CAZO, N. A.; PEREIRA-FILHO, E. R.; SILVA, M. F. G. F.; FERNANDES, J. B.; VIEIRA, P. C.; PUHL, A.C.; POLIKARPOV, I.; FORIM, M. R. Nanopartículas de poli-ε-caprolactona carregadas com hidrocortisona: preparação usando planejamento fatorial e sua avaliação. Orbital: The Electronic Journal of Chemistry, v. 4, n. 2, 2012.

LU, H.; LIU, Y.; GUO, J.; WU, H.; WANG, J.; WU, G. Biomaterials with antibacterial and osteoinductive properties to repair infected bone defects. International Journal of Molecular Sciences, v. 17, p. 334, 2016.

MADURAIVEERAN, G., SASIDHARAN, M., GANESAN, V. Electrochemical sensor and biosensor platforms based on advanced nanomaterials for biological and biomedical applications, Biosensors and Bioelectronics, v. 103, p. 113-129, 2018.

MOHANRAJ, V.J.; CHEN, Y. Nanoparticles – a review. Tropical Journal of Pharmaceutical Research, v. 5, n. 1, p. 561-573, 2006.

NASROLLAHZADEH, M., SAJADI, S. M., SAJJADI, M., ISSAABADI, Z. Interface Science and Technology: Chapter 4 - Applications of Nanotechnology in Daily Life, v. 28, p. 113-143, 2019.

NUNES, M. R.; CASTILHO, M. S. M.; VEECK, A. P. L.; DA ROSA, C. G.; NORONHA, C. M.; MACIEL, M. V. O. B.; BARRETO, P. M. Antioxidant and antimicrobial methylcellulose films containing Lippia alba extract and silver nanoparticles. Carbohydrate Polymers, v. 192, p. 37-43, 2018.

SOLOMON, S.; BAHADORY, M.; JEYARAJASINGAN, A.; UTKOWSKY, S.; BORITZ, C.; Synthesis and study of silver nanoparticles.Journal of Chemical Education, v. 84, n. 2, p. 322-325, 2007.
VILAS, V; PHILIP, D; MATHEW, J. Catalytically and biologically active silver nanoparticles synthesized using essential oil. Spectrochimica Acta Part A: Molecular and Biomolecular Spectroscopy, v.132, p. 743–750, 2014.

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