PROSPECÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DA MOLÉCULA PIPERINA OBTIDA DA PIMENTA PRETA.

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Iniciação Científica

Autores

Negreiros, A.L.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Nascimento, G.H.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Pinheiro, S.O. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Silva, W.M.B. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Morais, S.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Honório, J.E.R.J. (CENTRO UNIVERSITÁRIO UNICHRISTUS)

Resumo

O uso de compostos orgânicos para estudos biológicos vem ganhando notoriedade, uma vez que esses compostos podem atuar em diversos aspectos no organismo humano, como já descrito na literatura. Os alcaloides sendo uma classe com alta variabilidade de atividades farmacológicas, dentre elas a atividade antioxidante, poderia atuar em conjunto com o sistema nervoso central (SNC) para a eficácia de tratamentos com substâncias naturais. Composto utilizado para o estudo foi a piperina, obtida através da oleorresina da pimenta preta (Piper nigrum), um alcaloide utilizado na dieta humana. O teste antioxidante se mostrou promissor, com um resultado satisfatório. Assim, pode-se afirmar com base no teste e com a descrição na literatura que a molécula de piperina por possuir boa atividade antioxidante.

Palavras chaves

Piperina; Antioxidante; Química Inorgânica

Introdução

O uso de produtos naturais na medicina popular vem desde a antiguidade, mesmo com o surgimento dos fármacos a utilização de ervas continua. Tratamentos alternativos através das plantas surgem e pelo baixo custo e fácil acesso para a população, permitindo também o cultivo pela mesma por conta própria (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006; BATTISTI et al., 2013). A piperina (Figura 1) é o alcaloide principal da pimenta preta (ou pimenta do reino), frequentemente usado como condimento na dieta humana, possui influência antidepressiva do sistema nervoso central, atividade antipirética e anti- inflamatória. Entre suas outras atividades biológicas estão antimicrobiana, antiparasitária e antioxidante. A atividade antioxidante do gênero Piper ganhou notoriedade após diversos estudos, principalmente o estudo da molécula de piperina, extraída da superfície dos grãos de pimenta preta. A piperina pode ser utilizada para estudos in vivo relacionados ao sistema nervoso central (SNC) por sua propriedade antioxidante, já que estudos anteriores demonstram uma ação-sedativa hipnótica. Radicais livres vêm sendo considerados como grandes causadores de várias doenças como câncer, declínio do sistema imune, disfunções cerebrais. (SOUSA et al., 2007). Em excesso, podem gerar o estresse oxidativo (EO), sendo a causa de possíveis teciduais. Um organismo encontra-se sob EO quando ocorre um desequilíbrio entre sistemas prooxidantes e antioxidantes, de maneira que os primeiros sejam predominantes (BIANCHI et al. 1999; SCHNEIDER et al., 2004). O excesso desses radicais pode ser combatido por antioxidantes produzidos pelo corpo ou adquiridos de forma exógena. Com base nas evidências supracitadas, pode- se sugerir que a piperina poderia ser útil para o controle de doenças relacionadas ao estresse oxidativo.

Material e métodos

A extração da piperina foi realizada em duas etapas: a extração da óleorresina e a obtenção da piperina a partir da óleorresina. Para a realização da extração da óleorresina foram utilizados a pimenta preta moída e o acetato de etila (CH3COOC2H5), sendo adicionados em um balão de fundo redondo sob refluxo por 5 horas. A óleorresina é obtida após o solvente ser removido em rota-evaporador. Para a obtenção da piperina a partir da óleorresina, foi acrescentado solução de álcool:solução aquosa de KOH 10% (1:1) e deixada em repouso por 1h30 min, e a mistura foi filtrada a frio em funil de placa porosa e lavada com a solução de KOH. O resíduo foi coletado e seco em estufa por 24 h e em seguida purificado. Para a caracterização da piperina, foi realizado análise por espectrofotometria, o espectro eletrônico na região do ultravioleta e visível (UV-Vis) foi obtido dissolvendo-se a piperina em diclorometano em concentração de 1 x 10-3 mol/L, transferindo a solução para uma cubeta de quartzo, e realizando a espectroscopia em faixa de 200 nm a 800 nm. A atividade antioxidante foi aferida em placas de 96 poços de fungo chato utilizando leitor Elisa BIOTEK, modelo ELX 800, software “Gen5 V2.04.11”, baseando-se na metodologia descrita por Wang (2017). Em placas de 96 poços, foram utilizadas as seguintes soluções por poço: 180 µL de solução metanólica de DPPH (2,2- difenil-1-picrilhidrazil), 20 µL da amostra de extrato dissolvida em metanol e diluída 10 vezes para obter concentração final de 0,2 mg.mL-1. As diluições das amostras e dos padrões positivos utilizadas nas avaliações quantitativas em microplaca, partiram de solução mãe com concentração de 20 mg/mL foram: 200 µg.mL-1, 100 µg.mL-1, 50 µg.mL-1, 25 µg.mL-1, 12,5 µg.mL-1, 6,25 µg.mL-1, 3,12 µg.mL-1, 1,56 µg.mL-1, e 0,78 µg.mL-1.

Resultado e discussão

A absorbância foi aferida a 490 nm até o total de 60 minutos de incubação. Como padrão negativo foram utilizadas todas as soluções, excetuando-se a amostra. Foram extintos da análise os valores referentes às colorações naturais dos extratos. A porcentagem de inibição (PI%) foi calculada através da comparação das velocidades de reação das amostras em relação aos controles. O padrão utilizado como controle positivo foi a molécula Quercetina. Na caracterização da piperina obteve-se as seguintes bandas 243, 254, 261, 310, 341 nm no espectro eletrônico na região do ultravioleta-visível (UV- Vis), como descrito na literatura (NASCIMENTO, 2017). No teste antioxidante obteve-se um IC50 de valor 17,49 para a piperina, mostrando-se um resultado satisfatório quando comparada a quecertina, o padrão do teste. (Tabela 1).

Figura 01 - Representação esquemática da molécula de piperina (PNA)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 1: Tabela de quantificação de radicais livres (DPPH)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Conclusões

A piperina é uma molécula que apresenta atividade antioxidante já conhecida na literatura. Entendendo a ação antioxidante da piperina atuando mediante o SNC na neurodegeneração e déficit de memória, podemos estabelecer uma relação da mesma com o comportamento (movimento), relacionado a ansiedade e depressão, frente a modelos animais, uma vez que já é atuante dentro do SNC. Com base nas evidências, sugere-se que a piperina poderia ser útil para o controle de condições relacionadas ao sistema nervoso central.

Agradecimentos

A Universidade Estadual do Ceará, ao Laboratório de Química Inorgânica (LQUIN) – UECE, ao Laboratório de Química de Produtos Naturais (LQPN) – UECE e ao laboratório do Centro Universitário Christus (Unichristus).

Referências

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