Avaliação da Atividade Antiacetilcolisnesterase e Comportamental da Piperina (PNA) em Camundongos Visando o Desenvolvimento de Fármaco para a Doença de Alzheimer (DA).

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Iniciação Científica

Autores

Ribeiro Nascimento, L. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Hellen Mota do Nascimento, G. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Max Barbosa da Silva, W. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Ribeiro Honorio Junior, J.E. (UNICHRISTUS) ; Maia de Morais, S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Oliveira Pinheiro, S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)

Resumo

A utilização de compostos orgânicos para estudos biológicos vem ganhando prestígio, uma vez que esses compostos podem atuar em diversos aspectos no organismo humano. O composto utilizado para o estudo foi a piperina, obtida através da oleorresina da pimenta preta (Piper nigrum). Foi realizado teste de inibição da enzima acetilcolinesterase para observar a atividade, obtendo um resultado satisfatório para o padrão fisostigma, em conjunto com os testes comportamentais realizados em modelos animais: campo aberto, labirinto em cruz elevado e nado forçado, para a observação do efeito ansiolítico e antidepressivo da piperina em modelos animais sob modelo agudo de depressão, obtendo um resultado eficaz, demonstrando a piperina como um possível ansiolítico e inibidor da enzima acetilcolinesterase.

Palavras chaves

Piperina; Ansiolítico; Camundongos

Introdução

A piperina (Figura 01) é o alcaloide principal da pimenta preta (Piper nigrum L.) frequentemente usado como condimento na dieta humana, sendo a primeira amida isolada do gênero Piper, possui característica de influência antidepressiva do sistema nervoso central, atividade antipirética e anti- inflamatória. Os alcaloides possuem extensa variabilidade biológica alguns princípios são usados como protótipos de fármacos: a morfina (empregada para aliviar fortes dores) pilocarpina (com efeito colinesterásico), mescalina (alucinógeno e anoréxico) (BARREIRO, 2009). Entre tantas atividades biológicas da piperina, estão as atividades antimicrobiana, antiparasitária e antioxidante. Alguns estudos realizados corroboraram que a piperina e seus derivados apontaram ações sedativo-hipnóticas, tranquilizantes e de relaxamento muscular e podem acentuar a ação depressiva de outros depressores e sua capacidade de biodisponibilidade no organismo quando co-administrada com outros fármacos. Os alcalóides vêm demonstrando uma efetividade na inibição de Ache (Acetilcolinesterase), e alguns estudos referenciam a ação da piperina no cognitivo e no humor, aliando-se a sua alta atividade antioxidante motiva pesquisas para a compreensão dos potenciais da piperina sobre a neurodegeneração e déficit de memória em pacientes com doença de Alzheimer (BIAZOTTO, 2014).

Material e métodos

A extração da piperina foi realizada em duas etapas: a extração da óleorresina e a obtenção da piperina a partir da óleorresina. Para a realização da extração da óleorresina foram utilizados a pimenta preta moída e o Acetato de Etila (CH3COOC2H5), sendo adicionados em um balão de fundo redondo sob refluxo por 5 horas. A óleorresina é obtida após o solvente ser removido em rota-evaporador. Para a obtenção da piperina a partir da óleorresina, foi acrescentado solução de álcool:solução aquosa de KOH 10% (1:1) e deixada em repouso por 1h30 min, e a mistura foi filtrada a frio em funil de placa porosa e lavada com a solução de KOH. O resíduo foi coletado e seco em estufa por 24 h e em seguida purificado. Para a caracterização da piperina, foi realizado análise por espectrofotometria, o espectro eletrônico na região do ultravioleta e visível (UV-Vis). O experimento foi realizado dissolvendo-se a piperina em diclorometano em concentração de 1 x 10-3 mol/L, transferindo a solução para uma cubeta de quartzo, e realizando a espectroscopia na região de 200 nm a 800 nm. Para a realização dos testes biológicos, os camundongos machos (28-30g) foram tratados com piperina em doses variando entre 10, 20 mg/Kg (i.p.). Os grupos controles receberam o veículo (álcool 5%) e os testes que foram usados foram: Campo Aberto, Cruz Elevada, e Nado-Forçado. O teste de inibição da enzima acetilcolisterase foi realizado através do leitor Elisa Biotek modelo ELX 800, sendo baseado na metodologia descrita por EELMAN et al (1961), utilizando como padrão de controle positivo a fisostigmina em concentração de 1,56 µg.mL-1.

Resultado e discussão

Na caracterização da piperina obteve-os as seguintes bandas 243, 254, 261, 310, 341 nm no espectro eletrônico na região do ultravioleta-visível (UV-Vis), como descrito na literatura (NASCIMENTO, 2017). Os testes farmacológicos obtiveram resultados significativos (Figura 02). O efeito da piperina sobre o teste de campo aberto, na atividade locomotora apresentou uma diminuição da atividade locomotora na menor dose (10mg/Kg) quando comparada ao controle. Já no teste de campo aberto, não apresentou alterações significativas em nenhuma das doses administradas quando comparados ao controle, mas mostra um possível efeito ansiolítico na menor dose. No teste de nado-forçado não apresentou alterações significativas em nenhuma das doses administradas quando comparados ao controle. O teste de inibição da enzima acetilcolinesterase (AChE), demonstra o quanto a enzima foi inibida em um dado intervalo de tempo, podendo identificar a possibilidade de uma atividade direta no sistema nervoso central, mas especificamente, nos receptores colinégicos. O composto analisado apresentou valores de inibição próximos do padrão, o alcaloide fisostigmina. Na realização do teste, foi verificada uma inibição da enzima acetilcolisterease IC50= 6,37, caracterizando um resultado compatível com o padrão do teste, se apresentando bastante promissor.

Conclusões

A piperina é uma molécula que apresenta atividade antioxidante já conhecida na literatura,apresentou resultados eficazes aos testes. Apresentando um potencial inibitório da enzima acetilcolinesterase, indicando uma possível atuação no SNC através dos receptores colinérgicos.Os testes comportamentais realizados obtiveram resultados probatórios na atuação da piperina frente a alterações emocionais nos modelos animais, apresentando um potencial ansiolítico sem incidência de efeito antidepressor. Assim, podemos destacar a piperina como possível ansiolítico e inibidor da enzima acetilcolinesterase.

Agradecimentos

A Universidade Estadual do Ceará, ao Laboratório de Química Inorgânica (LQUIN) – UECE, ao Laboratório de Química de Produtos Naturais (LQPN) – UECE e ao laboratório do Centro Universitário Christus (Unichristus).

Referências

BIAZOTTO, Fuvia de Oliveira. Atividade antioxidante, anticolinesterásica e perfil metabolômico de diferentes tipos de pimentas: Implicações na doença de Alzheimer. 2014. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

BARREIRO, Eliezer J.; BOLZANI, Vanderlan da Silva. Biodiversidade: fonte potencial para a descoberta de fármacos. Química nova, p. 679-688, 2009.

NASCIMENTO, G.H.M. Síntese e caracterização do complexo inorgânico trans- [sb(h2o)2(pna)2]cl3, onde PNA= piperina. In: Congresso Brasileiro de Química, 57ª Reunião, 2017, Gramado, Anais.

ELLMAN, George L. et al. Uma nova e rápida determinação colorimétrica da actividade da acetilcolinesterase. Farmacologia bioquímica , v. 7, n. 2, p. 88-95, 1961.

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