Atividade antifúngica do extrato acetânico da casca do coco verde (Cocos nucifera L.) frente ao Lasiodiplodia theobromae.

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Iniciação Científica

Autores

Sampaio, M.S.F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Matos, D.M.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Silva, A.L.B. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Maia, S.S.V. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Oliveira, M.R.F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Weller, O.B. (EMBRAPA) ; Romão, A.L.E. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Araújo, F.S.A. (EMBRAPA) ; Alves, C.R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA)

Resumo

A utilização do coco para fins alimentícios gera poluição, por conta do seu descarte após uso. O presente trabalho busca a ação antifúngica do extrato acetânico da casca do coco verde, como uma forma de controle opcional para o fitopatógeno Lasiodiplodia theobromae, que acarreta algumas espécies da flora brasileira, inclusive o coqueiro. A quantificação de fenóis totais foi realizada, obtendo resultado positivo. Os testes antifúngicos foram realizados em concentrações de 200ppm, 500ppm, 800ppm e 1100ppm, obtendo resultados de até 31,07% de inibição nas primeiras 24h. Logo, é possível perceber que o extrato possui possível aplicação como precursor para a produção de novos fármacos.

Palavras chaves

Antifúngico; lasiodiplodia theobromae; coco

Introdução

São mais de 11 milhões de hectares em que o coqueiro (Cocos nucifera L.) está plantado à nível mundial (NOEL, 2008). O crescimento exorbitante do consumo do coco reflete em problemas ambientais, como o acúmulo de lixo e poluição (FONTES e WANDERLEY, 2006). Por outro lado, alguns subprodutos derivados de matéria orgânica, vêm sendo utilizados a fim de controlar doenças e pragas que possam acarretar o desenvolvimento de algumas espécies da flora brasileira, diminuindo assim a utilização de agrotóxicos (KIMATI et al., 1997) e consequentemente diminuindo os danos que causam ao meio ambiente, bem como o custeio desses sintéticos (DIAS et al., 2016). Pode-se citar como uma dessas pragas que vêm trazendo malefícios à algumas espécies, o fungo Lasiodiplodia theobromae (BURGUESS et al., 2006) que pode acarretar diversos problemas, como danificação em folhas, sementes e caule, seca-descendente e cancro em ramos, em diferentes hospedeiros, como o cajueiro, abacateiro, laranjeiras, goiabeiras, limoeiros e até mesmo o coqueiro (FREIRE et al., 2004). Este trabalho, tem como objetivo, o desenvolvimento de um antifúngico, potente frente ao Lasiodiplodia theobromae a partir da extração de metabólitos secundários da casca do coco, com a utilização do acetato como solvente, testando assim suas bioatividades, para que essa casca deixe de ser um subproduto e passe a ser matéria prima no desenvolvimento desse antifúngico, diminuindo assim poluição causada por esse resíduo e melhorando a qualidade de diversas espécies da flora brasileira que são prejudicadas por esse fungo.

Material e métodos

Macerou-se 100g do coco verde anão, proveniente da cidade de Fortaleza, no Ceará. Colocou-se a casca em estufa à 60°C por 24h. Adicionou-se 1L de acetato. Submergiu-se a casca do coco seco no solvente, deixou-se em repouso por 24h. Após isso, rotaevaporou-se o extrato. Para a determinação do teor de fenóis foi utilizado o método de Folin-Ciocaalteu (SOUSA et al., 2007) dissolveu-se 7,5 mg do extrato acetânico em metanol, transferiu-se para um balão volumétrico de 25 mL, completou-se o volume final com metanol. Agitou- se uma alíquota de 100 µL dessa solução com 500 µL de Folin-Ciocaalteu por 30 segundos, acrescentou-se 6 mL de H2O destilada e 2mL de Na2CO3 à 15%. Agitou-se e misturou-se por 1 minuto. Completou-se o volume para 10 mL com H2O destilada. Em espectrofotômetro UV-Vis determinou-se após 2h a absorbância das amostras em 750 nm, em que foi utilizado nas cubetas. Na 1° cubeta continha o branco(a mistura sem a amostra) e na 2° continha a amostra. Para a avaliação de atividade fungicida, o produto foi solubilizado em meio Ágar Potato Dextrose e Dimetil sulfóxido (DMSO), em placas de Petri 9,0 cm que posteriormente foram inoculadas com um disco de micélio do fungo L.theobromae. O ensaio foi feito em triplicata de produto/fungo. Para avaliação do crescimento micelial normal, utilizou-se uma placa padrão inoculada com o fungo contendo apenas o meio de cultura. Mediu-se o diâmetro das colônias três dias sob incubação à 25°C. Utilizou-se a fórmula de porcentagem de inibição do crescimento micelial (PIC) proposta por Menten (1976), onde PIC=CRTE-CRT/CRTE, sendo CRTE o crescimento radial da testemunha e CRT o crescimento radial de tratamento. Utilizou-se teste de variância dois fatores (ANOVA), proposto por Thomas e Hultquist, para análise estatística dos resultados.

Resultado e discussão

O potencial fungicida se dá pela presença de fenóis no extrato em questão, que foi comprovado através da quantificação de fenóis totais, calculado a partir da curva padrão de regressão do ácido gálico (EAG) em que encontrou- se um resultado de 1,97±0,02 mg EAG/g equivalente ao padrão ácido gálico por grama. Ao analisarmos o gráfico, depreende-se que houve diferença significativa nos tempos testados, e que quanto maior concentração de extrato acetânico no meio de cultura Ágar Potato Dextrose, maior foi a inibição do fitopatógeno, em que os resultados foram validados estatisticamente por comparação de múltipla de médias, o que, consequentemente, gera confiabilidade no presente trabalho. Nas primeiras 24h as melhores inibições do crescimento micelial se deram nas concentrações de 500ppm, com 25,82%% de inibição, e 1100ppm, com inibição de 31,07%. Nas 48h, as melhores inibições também se deram nas concentrações de 500ppm, com 10,16% de inibição, e 1100ppm, com 18,25% de inibição. Após as 72h, não houve mais diferença significativa entre as concentrações.

Gráfico de concentrações/tempo



Conclusões

Dessa forma, pode-se perceber que o presente trabalho apresenta aplicabilidade positiva frente a inibição do fitopatógeno Lasiodiplodia theobromae. O extrato acetânico da casca do coco verde possui fenóis e apresentou máxima inibição de 31,07% na concentração 1100 ppm, em 24h. Os resultados que foram obtidos contribuem tanto para a inibição do crescimento desse fungo, quanto para a utilização desse resíduo como matéria prima, diminuindo assim, os futuros danos que causariam ao meio ambiente.

Agradecimentos

Agradeço a Universidade Estadual do Ceará pela oportunidade, agradeço ao laboratório SisNaBio pelo acolhimento e a EMBRAPA por ceder a cepa do fungo para estudo.

Referências

MENTEN, J. O. M.; MACHADO, C. C.; MINUSSI, E.; CASTRO, C.; KIMATI, H. Efeito de Alguns fungicidas no crescimento micelial de Macro-phomina phaseolina (TASS.) GOID. “In vitro”, Fitopatologia Brasileira, v.1, n.2, p. 57-66, 1976.
Freire, F.C.O.; Viana, F.M.P.; Cardoso, J.E.; Santos, A.A. Novos hospedeiros dos fungo Lasiodiplodia theobromae no estado do Ceará. Fortaleza: Centro Nacional de Pesquisa de Agroindústria Tropical/EMBRAPA, 2004. 6 p. (Comunicado Técnico, 91).
BURGESS, T. I. et al. Three new Lasiodiplodia spp. from the tropics, recognized based on DNA sequence comparisons and morphology. Mycologia, New York, v. 98, n. 3, p. 423-435, 2006.
CASTILHO, A. N. Controle alternativo de Lasiodiplodia theobromae com extratos vegetais. 2015, p. 36. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Agronomia) Universidade do Estado de Mato Grosso. Alta Floresta, 2015.
Rosa, M. F.; Bezerra, F.C.; Brígida, A. I. S.; Brígido, A.K. L.; Correia Neto, R. V.; Maia, G. X. 2002. Aproveitamento de resíduos da indústria da água de coco verde como substrato agrícola: 1 – Processo de obtenção de substrato. Seminário Nacional de Resíduos Sólidos 6
MAIA, S. S. V. ; ABREU, K. V. ; MATOS, D. M. A. ; LIMA, S. N. L. ; ALVES, C. R. . ESTUDO COMPARATIVO DO CARDANOL E SEU ANÁLOGO NO TRATAMENTO DO FITOPATÓGENO LASIODIPLODIA THEOBRAMAE.. In: Semana Universitária UECE, 2018, Fortaleza. 2018 - XXIII Semana Universitária, 2018.
MATOS, D. M. A. ; MAIA, S. S. V. ; ABREU, K. V. ; OLIVEIRA, R. F. ; SOAREAS, D. W. F. ; DAVI, D. M. B. ; ABREU, K. L. ; MACIEL, J. R. F. ; NASCIMENTO, T. M. N. M. ; ALVES, C. R. . ATIVIDADE ANTIFÚNGICA, TOXICIDADE E CARACTERIZAÇÃO DO ANÁLOGO DO CARDANOL HIDROGENADO EXTRAÍDO DO LIQUIDO DA CASCA DA CASTANHA DE CAJU (LCC).. In: 56° Congresso Brasileiro de Química, 2016, Belém. 56° Congresso Nacional de Química, 2016.
OLIVEIRA, R. F. ; ABREU, K. V. ; MAIA, S. S. V. ; MATOS, D. M. A. ; DAVI, D. M. B. ; ABREU, K. L. ; SOAREAS, D. W. F. ; NASCIMENTO, T. M. N. M. ; ALVES, C. R. . Inibição in vitro do fungo Lasiodiplodia theobromae (Pat.) Griffon & Maubl e toxicidade contra a Artemia salina Leach por derivados do cardanol insaturado.. In: 56° Congresso Brasileiro de Química, 2016, Belém. 56° Congresso Nacional de Química, 2016.
SIQUEIRA, L.A.; ARAGÃO, W.M.; TUPINAMBÁ, E.A. A Introdução do coqueiro no Brasil: importância histórica e agronômica. Aracaju: Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2002.
FONTES, H.R.; FERREIRA, J.M.S.; SIQUEIRA, L.A. Sistema de produção para a cultura do coqueiro. Aracaju: Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2002

Patrocinadores

Capes Capes CFQ CRQ-PB FAPESQPB LF Editorial

Apoio

UFPB UFPB

Realização

ABQ