DETERMINAÇÃO DE Cu, Mn, Ni E Zn EM HORTALIÇAS DE CULTIVO ORGÂNICO COMERCIALIZADAS NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM DO PARÁ POR MIP OES

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Iniciação Científica

Autores

Souza, S.E.T. (UFPA) ; Borges, C.M.S. (UFPA) ; Dantas, K.G.F. (UFPA) ; Pontes, R.G. (UFPA)

Resumo

Hortaliças são plantas ricas em vitaminas, sais minerais e antioxidantes usadas na complementação alimentar dos seres humanos. O uso de fertilizantes e pesticidas em plantações tem levantado questionamentos acerca da contaminação dessas culturas, por apresentar risco para quem é consumidor. Desse modo, o presente estudo teve como objetivo quantificar os teores totais de Cu,Mn, Ni e Zn em amostras de hortaliças por MIP OES comercializadas na região metropolitana de Belém-PA. As amostras de Cu, Mn, Ni e Zn apresentaram valores entre 3,83 mg kg-1 a 51,21 mg kg-1; 17,85 mg kg-1 a 81,95 mg kg-1; 0,54 mg kg-1 a 18,74 mg kg-1 e 5,67 mg kg-1 a 14,78 mg kg-1 respectivamente. Os resultados obtidos mostraram que a variabilidade na concentração dos metais pode estar relacionados com fatores externos.

Palavras chaves

Hortaliças; Contaminantes Inorgânicos; MIP OES

Introdução

A demanda por produtos alimentícios de origem orgânica tem crescido nos últimos anos. Tal fato está relacionado ao uso indiscriminado de substâncias como agrotóxicos, pesticidas e fertilizantes em plantações, que proporcionam maior rendimento produtivo, atendendo ao setor comercial (Sediyama et al., 2014). No entanto, esses compostos são precursores de algumas formas de contaminação (água, solo, plantas e amimais) por apresentarem metais pesados e substâncias inorgânicas que podem acarretar efeitos adversos no organismo humano quando absorvido por ele, mesmo em baixas concentrações (Bizarro et al., 2008). Quanto ao uso desses produtos, os cultivos de hortaliças são as que mais se destacam, sendo estas de grande relevância por fazerem parte da complementação alimentar dos seres humanos, contendo vitaminas e sais minerais, além de grupos antioxidantes, agentes importantes no combate aos radicais livres, que podem prejudicar células sadias do corpo humano (Mauseth, 2009; Fernandes, 2014). Assim, mediante ao impacto que o uso desses insumos tem gerado na qualidade de vida dos seres humanos, bem como na importância de estudos que determinam o teor total de metais pesados em plantas utilizadas na alimentação humana, o presente estudo teve como objetivo quantificar a concentração total dos elementos cobre (Cu), manganês (Mn), níquel (Ni) e zinco (Zn) por espectrometria de emissão óptica com plasma induzido por microondas (MIP OES) em amostras de alface (Lactuca Sativa L.), cariru (Talinum Paniculatum), chicória (Cichorium endívia L.), coentro (Coriandrum Sativum L.), cebolinha (Allium Fistulosum L.), couve (Brassica Oleracea) e jambu (Spilanthes Oleracea L.) cultivadas com base em técnicas da agricultura orgânica na comunidade de João Novo, Santa Isabel- PA.

Material e métodos

As hortaliças (alface, cariru, coentro, cebolinha, couve, chicória e jambu) são provenientes de cultivo orgânico na comunidade de João novo em Santa Isabel-PA. As amostras de hortaliças foram lavadas em água corrente e em água ultrapura. Os tecidos vegetais foram secos em estufa por 72 h à temperatura de 65 °C (Embrapa, 2010). As amostras secas foram pulverizadas em moinho criogênico com um pré-resfriamento de 5 min, com corrida de 2 min em 2 ciclos à uma taxa de 15 cps. Uma massa de 0,25 g de cada amostra foi pesada em frascos de digestão e em seguida foram adicionados 6 mL HNO3 14 mol/L e 2 mL de H2O2 (30%, m/m). Os frascos foram fechados e a mistura submetida à digestão conforme o programa de aquecimento com os seguintes passos (potência, temperatura e tempo): (1) 800 W, 180 ºC, 10 min; (2) 800 W, 180 ºC, 10 min e (3) 50 min de ventilação. Após a digestão, a solução resultante foi retirada do frasco de digestão do microondas, filtrada e transferida para um frasco volumétrico de 50 mL, onde o volume da solução foi aferida para 20 mL com água ultrapura. A acidez dos digeridos foram ajustadas para uma acidez final de 5% (v/v). Posteriormente, os analitos foram determinados nos digeridos por MIP OES.

Resultado e discussão

Os resultados da análise estão apresentados na Tabela 1. A amostra de cariru apresentou o maior teor de cobre e manganês em relação as demais hortaliças. De acordo com a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO, 2011), as recomendações diárias para ingestão (IDR) desses minerais não devem ser superior à 0,9 mg de Cu e 2,3 mg de Mn, respectivamente. Por outro lado, a maioria das amostras, apresentaram concentrações de níquel dentro do intervalo determinado pelo IPNI (International Plant Nutrition Institute,2007) que admite concentrações de 0,05 à 5 mg kg-1 em massa seca. Somente, a amostra de alface apresentou concentração de 18,74 mg kg-1 de Ni se apresentando fora do intervalo determinado. As recuperações obtidas pelo método da adição e recuperação para avaliação da exatidão do procedimento de análise por MIP OES está mostrado na Tabela 2. Pode-se concluir que os teores recuperados são aceitáveis e possibilitam inferir que a exatidão da medida por MIP OES está adequada, considerando os valores dos analitos adicionados.

Tabela 1. Teores médios dos elementos (mg kg-1) e seus desvios padrão.



Tabela 2. Adição e Recuperação das medidas por MIP OES.



Conclusões

O procedimento analítico proposto usando MIP OES mostrou-se adequado para a quantificação dos elementos de interesse nas amostras de hortaliças selecionadas para este estudo. A variabilidade da concentração dos metais nestas verduras, sinaliza a importância de serem correlacionados fatores externos que poderiam ser responsáveis pela presença destes elementos nas amostras, como a possível presença dos metais no solo ou água utilizados no cultivo.

Agradecimentos

Agradecemos a Universidade Federal do Pará pela oportunidade de poder participar do evento, ao CNPQ e a CAPES pelo incentivo a pesquisa e ao grupo GEAAP que nos possibilitou desenvolver este trabalho.

Referências

BIZARRO, B. G.; MEURER, E. J. et al. Teor de cádmio em fertilizantes fosfatados comercializados no Brasil. Ciência Rural, v. 38, n.1, jan-fev, 2008.

COSTA, A. R. da. Nutrição mineral em plantas vasculares. Escola de ciências e tecnologia. Universidade de Évora, novembro, 2014.

FERNANDES, L. H. & MAINIER, F. B. Os riscos da exposição ocupacional ao cádmio. Revista Eletrônica Sistemas & Gestão, v. 9, n. 2, p. 194 – 199, 2014.

International Plant Nutrition Institute (IPNI). Informações agronômicas N°118 – Junho 2007.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Catálogo de Hortaliças, saiba como plantar e aproveitar 50 das espécies mais comercializadas no país. Sebrae. Distrito Federal, Brasília, 2010.

GIMARÃES, M. A.; SANTANA, T. A.; SILVA, E. V.; ZENZEN, I. L. & LOUREIRO, M. E. Toxicidade e tolerância ao cádmio em plantas. Revista Trópica- Ciências Agrárias e Biológicas. V. 2, N. 2, p. 68; 2008.

MAUSETH, J.D. “Botany: an introduction to plant biology”, 4th Edition, Jones and Bartlett Publishers International, London, 2009.

SEDIYAMA, M. A. N. et al. Cultivo de Hortaliças no Sistema Orgânico. Rev. Ceres, Viçosa, v. 61, Suplemento, p. 829-837, nov/dez, 2014.

Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO). 4. ed. rev. e ampl.- Campinas: NEPA- UNICAMP, 2011.


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