ANÁLISE DE METAIS EM ARGILAS DE FINALIDADE COSMÉTICA UTILIZANDO TÉCNICAS DE ICP-MS E ICP OES

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Iniciação Científica

Autores

Brait Neto, N.O. (UFJ) ; Assis, J.V.B. (UFJ) ; Santos, F.F. (UFJ) ; Petrucelli, G.C. (UFJ)

Resumo

As argilas possuem metais que proporcionam algumas finalidades na estética, destacando-se na indústria cosmética. As argilas cosméticas usadas em máscaras faciais devem seguir alguns requisitos importantes como inocuidade química e microbiológica, controle granulométrico e controlado teor de metais pesados. O objetivo do trabalho foi analisar quais elementos são liberados em uma amostra de argila branca cosmética de uso comercial adquirida a granel, avaliando sua composição química utilizando técnicas de ICP OES e ICP-MS. Os valores encontrados para alguns elementos encontram-se fora da faixa permitida para consumo humano segundo a ANVISA. Nota-se a necessidade de maior rigor na fiscalização destes cosméticos, alertando a população a respeito dos riscos que podem causar a sua saúde.

Palavras chaves

Argila; Metais; Cosmético

Introdução

Comercialmente, utiliza-se as argilas para formulação de máscaras faciais e corporais, pois elas absorvem e adsorvem os lipídios e toxinas presentes na pele. Apesar de existirem muitos minerais presentes na argila que são benéficos ao corpo humano, há também metais pesados que possuem uma alta toxicidade para os organismos vivos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) regulamenta padrões para que seu uso seja seguro e eficiente. É necessário, então, que haja um controle de qualidade por parte dos produtos disponibilizados ao público com a finalidade cosmética (BALDUINO, 2016). A aplicação dos métodos analíticos utilizando o plasma indutivamente acoplado tem tido grande importância na análise elementar de solos, contudo, deve-se ter um método de extração adequado para a finalidade desejada (ABREU JUNIOR et al, 2016). Segundo Balduino (2016) amostras de argilas branca, vermelha e verde ativadas com ácido clorídrico 2 mol.L-1, na temperatura de 90° C nos tempos de 4 e 6 h, não sofreram alterações estruturais significativas. O bom resultado das técnicas com plasma indutivamente acoplado é principalmente por causa da capacidade de realizar análises multielementares e com ampla faixa de concentrações dos elementos em uma mesma alíquota. Com temperaturas bem altas e atmosfera inerte do gás argônio do plasma há poucas interferências não espectrais, sendo assim uma técnica com alta sensibilidade, precisão e exatidão (SKOOG et al, 2006). O objetivo desse trabalho foi avaliar a quantidade de metais pesados liberados em argilas de uso cosmético adquiridas a granel através das técnicas de ICP OES e ICP-MS em uma solução ácida 2 mol.L-1.

Material e métodos

Adquiriu-se argilas vermelha, branca e verde a granel. Para cada uma preparou-se o mesmo procedimento. Retirou-se 1,00 g de argila e colocou-se em um béquer de 100 mL, adicionou-se 50 mL HCl 2 mol.L-1 e manteve-se a mistura em agitação por 3 horas. Transferiu-se a mistura do béquer para um tubo de centrifugação tipo falcon de 50 mL. Centrifugou-se e separou-se o sobrenadante. Adicionou-se no ICP-MS um padrão para varredura semiquantitativa, sendo composto por 10 ppb de Mg, 10 ppb de Rh e 10 ppb de Pb. Observou-se quais elementos possuíam maior abundância. A partir dos valores encontrados, realizou-se curvas analíticas para análise quantitativa no ICP OES. Utilizou-se 5 padrões para realização da curva no ICP OES, o primeiro composto por 0,1 ppm de Al, 0,1 ppm de Ba, 0,1 ppm de Ca, 0,01 ppm de Cu, 0,1 ppm de Fe, 0,1 ppm de K, 0,1 ppm de Mg, 0,1 ppm de Na e 0,01 ppm de Pb. Para o segundo padrão, utilizou-se 1 ppm de Al, 1 ppm de Ba, 1 ppm de Ca, 0,1 ppm de Cu, 1 ppm de Fe, 1 ppm de K, 1 ppm de Mg, 1 ppm de Na e 0,1 ppm de Pb. Para o terceiro padrão, utilizou-se 5 ppm de Al, 5 ppm de Ba, 5 ppm de Ca, 0,5 ppm de Cu, 5 ppm de Fe, 5 ppm de K, 5 ppm de Mg, 5 ppm de Na e 0,5 ppm de Pb. Para o quarto, 10 ppm de Al, 10 ppm de Ba, 10 ppm de Ca, 1 ppm de Cu, 10 ppm de Fe, 10 ppm de K, 10 ppm de Mg, 10 ppm de Na e 1 ppm de Pb. Para o quinto, 20 ppm de Al, 20 ppm de Ba, 20 ppm de Ca, 2 ppm de Cu, 20 ppm de Fe, 20 ppm de K, 20 ppm de Mg, 20 ppm de Na e 2 ppm de Pb. Realizou-se as medidas nos comprimentos de onda 396,152; 455,403; 396,847; 327,395; 238,204; 766,491; 279,553; 589,592 e 220,353 nm para os elementos Al, Ba, Ca, Cu, Fe, K, Mg, Na e Pb respectivamente. Avaliou-se os resultados obtidos.

Resultado e discussão

A partir dos dados obtidos pela varredura semiquantitativa utilizando a técnica de ICP-MS, observou-se a presença predominante dos elementos Alumínio, Bário, Cálcio, Cobre, Ferro, Potássio, Magnésio, Sódio e Chumbo. Devido à presença maior desses metais, fizeram-se curvas analítica quantitativas para análise no ICP OES. As Tabelas 1,2,3 apresentam os resultados semiquantitativos e quantitativos encontrados para as argilas branca, vermelha e verde respectivamente, bem como os comprimentos de onda utilizados para realização das medidas de cada elemento. Obteve-se uma alta presença de cálcio para todas as argilas, de forma que não foi possível obter um resultado quantitativo confiável para as argilas vermelha e verde. O alto valor de cálcio e também a presença de magnésio, potássio e sódio estão de acordo com o encontrado por Balduíno (2019), que identificou o argilomineral caulinita em argilas para máscaras faciais (Balduíno 2015). A caulinita é um mineral formado por lixiviação dos produtos da dissolução de minerais, tais como cálcio, magnésio, potássio e sódio (MELO E WYPYCH,2016). Observou-se a presença de bário e chumbo, elementos estes que possuem alta toxicidade. Balduíno (2019) também encontrou bário, encontrando barita em forma de impurezas na argila vermelha. Tanto o bário quanto o chumbo são elementos considerados altamente tóxicos e impróprio para consumo humano pela ANVISA, estando nas resoluções RDC n 79 e RDC n 48, que são as listas de substâncias proibidas de estar presentes em produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes.

Tabelas 1 e 2

Resultados das medidas semi quantitativas e quantitativas para argilas branca e vermelha

Tabela 3

Resultados das medidas semi quantitativas e quantitativas para argila verde

Conclusões

Os resultados obtidos estão de acordo com os trabalhos anteriormente consultados. Observou-se a presença de Pb e Ba em argilas cosméticas usadas em máscaras faciais. De acordo com as RDCs n 79 e n 48, esses metais encontrados são considerados altamente tóxicos e não podem estar presentes em cosméticos. Conclui-se que é necessário um maior rigor na fiscalização destas argilas aplicadas em máscaras faciais, como também, é importante alertar a população a respeito dos metais tóxicos que podem estar presentes nos cosméticos e os seus riscos à saúde.

Agradecimentos

Ao Laboratório Exata.

Referências

ABREU JUNIOR, C. H., MARTIN NETO, L., MILORI D. M. B. P., SIMÕES M. L., SILVA W. T. L., Métodos analíticos utilizados em química do solo In: MELO V. F., ALLEONI L. R. F. 2016. Química e Mineralogia do Solo. Viçosa, MG : SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO SOLO, 2016

BALDUÍNO, A. P .Z. Estudo da caracterização e composição de argilas de uso cosmético 57 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Aplicadas a Saúde) - Universidade Federal de Goiás, Jataí, 2016

BALDUÍNO, A. P. Z., MACHADO R. M, MACHADO M. R. F., PETRUCELLI G. C. Caracterização e composição da argila vermelha usada em tratamentos faciais. In:AGUILERA J. G., ZUFFO A. M. 2019. Ciências Exatas e da Terra e a Dimensão Adquirida através da Evolução Tecnológica. Atena Editora, 2019

BALDUÍNO, A. P .Z, PETRUCELLI G. C.Estado da composição da argila branca de uso cosmético: 55 Congresso Brasileiro de Química (ABQ) 2015, Goiânia-GO

MELO V. F., WYPYCH F. Caulinita e Haloisita In: MELO V. F., ALLEONI L. R. F. 2016.
Química e Mineralogia do Solo. Viçosa, MG : SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIAS
DO SOLO, 2016

SKOOG, WEST, HOLLER, CROUCH, Fundamentos de Química Analítica, Tradução da 8a Edição norte-americana, Editora Thomson, São Paulo-SP, 2006

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