Determinação da eficácia de substâncias desinfetantes em diferentes concentrações e tempos de contato

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Iniciação Científica

Autores

Flávia Ramos de Queiroz, A. (1UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA) ; Raquel Félix da Costa, M. (1UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA) ; Flávia Santos Coelho, A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA)

Resumo

Substâncias desinfetantes são aquelas que promovem a morte de células vegetativas de microrganismos patogênicos; a maioria destes apresentam eficácia se utilizado na forma concentrada, mas a prática da diluição é bem comum. O trabalho trata da avaliação da eficácia de desinfetantes nas concentrações iniciais de 100 e 200ppm nos tempos de contato de 0, 5, 10 e 15 minutos, frente às cepas de Salmonella Typhi e Staphylococcus aureus por meio da redução da carga microbiana. Todas as marcas mostraram cumprir as condições descritas em seus rótulos e também apresentaram atividade em uma concentração menor do que estava sendo indicada, mas as variáveis, concentração e tempo de contato, interferem na atuação destes compostos, devendo ser levados sempre em consideração.

Palavras chaves

Ativo microbiano; Tempo de contato; Desinfetantes

Introdução

Substancias desinfetante é aquela que mata todas as bactérias patogênicas, mas não necessariamente na sua forma esporulada, e que são destinados a objetos e superfícies inanimadas (BRASIL, 2010). Eles podem ser de uso geral domiciliar, de uso industrial, de uso hospitalar e para piscinas. Os desinfetantes de uso geral são utilizados para o controle microbiano em ambientes domésticos e em ambientes públicos. Existem vários desinfetantes de uso geral, com diferentes princípios ativos em sua composição. A maioria deles é à base de Alquil Benzeno Sulfonato de Sódio, Cloro ativo e Cloreto de Benzalcônico. Princípio ativo é a substância que deverá exercer o efeito antimicrobiano. Os desinfetantes, sendo um agente químico de desinfecção, atuam principalmente através da ruptura da membrana celular do microrganismo, na modificação de proteínas ou na modificação do DNA (LEVINSON, 2016). Vários são os microrganismos patogênicos utilizados para teste da eficácia de substâncias desinfetantes, e são classificados de acordo com a finalidade de uso e aplicação dos mesmos, ambos constam na RDC nº 14, de 28 de fevereiro de 2007 (BRASIL, 2007). As bactérias do gênero Staphylococcus são encontradas na microbiota normal da pele. O gênero Salmonella é uma bactéria anaeróbia móvel e facultativa e um importante agente causador de infecções gastrintestinais (BROOKS, 2013). As substâncias desinfetantes, registradas para venda comercial, devem apresentar eficácia se utilizadas na forma concentrada, porém a prática da diluição dessas substâncias é comum à maioria dos consumidores. O objetivo do trabalho foi verificar a eficácia de produtos desinfetantes nas concentrações de 100 e 200ppm em tempos de contato de 0, 5, 10 e 15 minutos, frente às cepas de Salmonella Typhi e Staphylococcus aureus.

Material e métodos

Foram utilizadas as seguintes cepas de Salmonella Typhi ATCC 65539 e Staphylococcus aureus ATCC 14458. As cepas foram inoculadas em placas de Petri contendo Ágar Nutriente com o objetivo de se obter colônias isoladas. Em seguida, foram selecionadas três colônias bem isoladas e as mesmas foram tocadas, com auxílio de uma alça de níquel-cromo, em sua superfície. A alça contaminada foi utilizada para inocular um tubo contendo 4 mL de água peptonada 0,1%, até o tempo necessário para alcançar uma turbidez de uma solução padrão de McFarland 0,5 (1,5 x 108 UFC/mL). Esta solução foi usada para padronizar a densidade do inóculo para o teste. A confirmação da concentração do inóculo foi feita pelo método turbidimétrico, com leitura a 625 nm. A avaliação da eficácia foi realizada pela determinação da atividade antimicrobiana de produtos desinfetantes por meio da redução da carga microbiana. Os microrganismos foram suspensos em solução salina e os inóculos foram padronizados na concentração correspondente a 108 UFC/mL, partindo da concentração da Escala MacFarland (SILVA, 2017). Para o teste foram utilizados tubos de ensaio contendo 9 mL do desinfetante, sendo adicionado em cada um deles 1 mL do inóculo padronizado, nos tempos de contato de 0; 5; 10 e 15 minutos. Após o tempo de contatoforam plaqueadas pelo método de semeadura em superfície em placas contendo ágar nutriente. As placas foram incubadas a 35° C/24 horas. Para quantificar a redução da carga microbiana, foram contabilizadas todas as colônias presentes nas placas a fim de calcular o número de unidades formadoras de colônias. Em seguida, para cada tempo de contato, obteve-se a relação entre o número de unidades formadoras de colônias em um determinado tempo pelo número de unidades formadoras de colônias iniciais.

Resultado e discussão

As três marcas de desinfetantes testados apresentavam no rótulo a indicação do preparo de diluições definidas para desinfecção ou limpeza e o tempo de contato mínimo para ação. Todas as marcas apresentaram atividade assim como indicava o fabricante. E sabendo que todas as marcas apresentam atividade quando puros tomou-se os ensaios a fim de saber qual a melhor concentração e tempo de contato que ambos ainda desenvolviam atividade antimicrobiana. As análises foram iniciadas nas concentrações de 100 e 200 ppm, porém, essas concentrações não apresentaram eficácia em nenhum dos tempos testados, mostrando um crescimento maciço dos microrganismos. Foi possível perceber que o desinfetante A nas concentrações de 0,5% e 0,4% conseguiu diminuir significativamente a concentração inicial de Salmonella e de S. aureus respectivamente. No tempo de contato zero o produto já inativou 99,61% da concentração de Samonella Typhi e no tempo de contato de 15 minutos, para a mesma bactéria, chegou a inativar toda população. O desinfetante B, também apresentou uma taxa de redução da carga microbiana até zero para a S. aureus. Com a mesma concentração, frente a S. Typhi, a taxa de redução foi de 99,99% para o tempo de 15 minutos, resultado bem satisfatório. A marca C também apresentou um comportamento semelhante às demais marcas, no entanto, este desinfetante só desempenhou alguma atividade considerável contra as duas bactérias na concentração de 1,5% mesmo assim apresentou um bom desempenho na eliminação dos microrganismos. Considera-se com atividade bactericida o desinfetante que reduziu 99,9% da densidade populacional bacteriana final em relação a inicial, mas isso requer condições ideais como tempo limitado de exposição e concentração de ativo.

Conclusões

Tanto os saneantes a base de quaternário de amônio quanto à base de cloro foram capazes de inativar os isolados, igual estava sendo recomendado pelo fabricante e também foram eficientes em concentrações menores, como apresentado. As variáveis, concentração e tempo de contato, interferem na atuação destes compostos, por isso, mesmo provando que essas substâncias apresentam eficiência em concentração menor, não é recomendado que o façam, porque o consumidor dificilmente saberá estipular o melhor tempo e concentração.

Agradecimentos

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n.59, de 17 de dezembro de 2010. Dispõe sobre os procedimentos e requisitos técnicos para a notificação e o registro de produtos saneantes e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília DF, Seção 1, nº 244, de 22 de dezembro de 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 14, de 28 de fevereiro de 2007, Regulamento Técnico Para Produtos Saneantes com Ação Antimicrobiana. Diário Oficial da União, Brasília DF, 28 de fevereiro de 2007.

BROOKS, G. F.; CARROLL, K. C.; BUTEL, J. S.; MORSE, S.A. Microbiologia médica de Jawetz, Melnick e Adelberg. 26. ed.- Porto Alegre: AMHG Editora Ltda, 2014.

LEVINSON, Warren. Microbiologia e imunologia médica. 13. ed. – Porto Alegre: AMGH Editora Ltda, 2016.

SILVA N., SILVEIRA N.F.A., JUNQUEIRA V.C.A., TANIWAKI M.H., SANTOS R.F.S., GOMES R.A.R. Manual de Métodos de Análise Microbiológica de Alimentos e Água. 5. ed. São Paulo: Varela;. p. 519. 2017.

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