ESTUDO ARQUEOQUÍMICO DE PIGMENTOS RUPESTRES E PALEOSSEDIMENTOS POR FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X PORTÁTIL.

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Iniciação Científica

Autores

Oliveira, A.G.S. (UFPI) ; Farias Filho, B.B. (UFPI) ; Lage, M.C.S.M. (UFPI) ; Lage, A.L.M. (UFPI) ; Lage, W. (UFPI) ; Barros, W.O. (UFPI)

Resumo

Esse trabalho teve como objetivo a análise química elementar dos pigmentos de arte rupestre e a determinação de fósforo em paleossedimentos do sítio arqueológico Angelim, usando a técnica de Fluorescência de Raios X portátil. A composição química dos pigmentos apresentou como principal elemento o Fe cuja diferença entre os grafismos é devido principalmente ao modo como a arte foi aplicada no suporte rochoso, ou seja, de forma grosseira. O teor de fósforo nos paleossedimentos significa que o sítio foi um local de intensa atividade humana em tempos pretéritos.

Palavras chaves

Fósforo; Pigmento; FRX

Introdução

As pesquisas arqueológicas visam a conservação do material cultural e entendimento da ocupação territorial e ambiental que determinam o estilo de vida e através de testemunhos da presença humana na pré-histórica (LAGE, 1990; CAVALCANTE, 2014). Muitas das pesquisas têm como metodologia as análises físico-químicas que determinam o nível de deterioração e as vias que levam a decomposição dos vestígios quando expostos no ambiente (MADARIAGA, 2015). Atualmente a utilização de técnicas analíticas não-destrutivas e não invasivas são indicadas nas análises arqueométricas pois permite a preservação e a integridade do material arqueológico. Antes os estudos de pigmentos rupestres e paleossedimentos eram realizados empregando a microanálise, muitas vezes sendo necessário recolher as amostras dos sítios. Hoje equipamentos portáteis que analisam as diversas variáveis sem a retirada de amostras vêm ganhando espaço através das pesquisas (LAGE., 1997). Como exemplo, pode-se citar a espectrometria de Fluorescência de Raios X (FRX) no qual permite analisar a composição química elementar dos vestígios arqueológicos que em conjunto com a realização de técnicas microscópica e estrutural permitem obter de forma mais precisa aspectos sobre proveniência, ocupação humana no local, conservação da arte etc. Assim, o presente trabalho tem como objetivo geral realizar a análise química elementar dos pigmentos de arte rupestre e a determinação de fósforo em paleossedimentos do sítio arqueológico Angelim, usando a técnica de Fluorescência de Raios X portátil.

Material e métodos

Amostras Inicialmente foi realizada a identificação das cores das pinturas por comparação na escala internacional de cores Munsell. Para este trabalho foram escolhidas seis amostras (Ang.01, Ang.02, Ang.03, Ang.04, Ang.05 e Rocha) dando preferência às variações de tonalidade de cor da arte rupestre encontradas no sítio em estudo, pois o mesmo possui pinturas somente na cor vermelha. A amostra da rocha sem a presença de pigmento rupestre foi utilizado como branco analítico. Foram analisadas também 5 amostras de paleossedimentos do sítio em estudo para determinação quantitativa de fósforo. Os pontos de amostragens utilizados para as análises foram: três amostras do interior do sítio e dois pontos distantes do sítio que serviu como referência nas medidas. Microscopia óptica USB Foi realizada observação minuciosa das pinturas rupestres sob a ocular de um microscópio USB portátil ProScope HR CSI utilizando uma ampliação de 30x. As imagens foram obtidas por meio de uma câmera CCD acoplada ao equipamento, registradas e armazenadas em memória de um computador. Fluorescência de raios-X Análise por XRF foi realizada pelo espectrômetro da Thermo Fisher Scientific, modelo Niton XL3t Ultraportátil (pFRX), equipado com tubo de raios-X com um ânodo de prata e um detector de deriva de silício (SDD) o qual permite uma melhor resolução para os espectros, menor sobreposição e contagem mais rápida de elétrons (LOPES, 2018). Foi utilizado os seguintes parâmetros instrumentais: voltagem máxima de 50 kV, corrente de 200 µA, 2 W de potência, diâmetro amostral de 3 mm e tempo de medida de 120 segundos.

Resultado e discussão

Pela composição química elementar é possível afirmar que as diferenças nos teores de ferro são devido as tonalidades de cores dos pigmentos vermelhos presentes no sítio, ou mesmo aos fatores de intemperismo natural. A amostra Ang. 04 forneceu, a partir do código Munsell, a coloração mais clara, com concentração de Si mais elevada em relação as demais. Isso indica que a camada de tinta aplicada na rocha é muito fina o que causa nas análises, alguns erros inequívocos, pois a profundidade de análise utilizando a sonda de raios X, acaba por analisar em conjunto o suporte rochoso. Os elementos Ti, Ca e S é devido a grande presença de sais que se encontram encobrindo a arte rupestre (Cavalcante, 2013). Podemos constatar ainda que a amostra Ang.03 possui uma grande quantidade de Ca que pode estar associado as eflorescências salinas presentes no sítio. Por fim, o fato de a análise qualitativa das amostras fornece a mesma composição química elementar, sugere que as tintas pré-históricas foram elaboradas a partir de uma mesma matéria-prima, retirada de jazidas que estivessem próximas do sítio em estudo. Conforme pode ser observado, o teor de fósforo nos paleossedimentos (amostras 1, 2 e 3) muito se difere daqueles analisados em regiões externa do sítio (amostras 4 e 5). Esses dados demonstram que o sítio não foi utilizados apenas para manifestação artísticas pré-históricas, mas pode ter sido um lugar de uma ocupação humana permanente ou provisória nos qual utilizaram do ambiente para a realização de suas atividades.

Figura 1: Espectro de florescência de raio x portátil da amostra de su

A Figura 1 apresenta os resultados referentes a análise química elementar dos pigmentos e suporte rochoso do sítio arqueológico Angelim.

Figura 2: determinação química elementar das amostras de paleossedimen

Apresenta os dados da concentração química elementar das amostras de paleossedimentos do sítio arqueológico Angelim conforme o teor de fósforo.

Conclusões

A utilização in situ do equipamento de pFRX tem garantindo amplos resultados para entender sobre a pré-história. A composição química dos pigmentos apresentou como principal elemento o Ferro, cuja diferença entre os grafismos é devido principalmente a concentração deste elemento na arte. Não foi possível observar nenhum elemento que servisse como marcador químico a fim de inferir dados sobre a proveniência. O elevador teor de P nos paleossedimentos indica que o sítio arqueológico foi amplamente utilizado para atividades humanas pré-históricas.

Agradecimentos

Referências

CAVALCANTE, L. C. D. Caracterização arqueométrica de pinturas rupestres pré-históricas, pigmentos minerais naturais e eflorescências salinas de sítios arqueológicos, Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi: Ciências Humanas, v. 9, n. 1, p. 259, 2014.
CAVALCANTE, L. C. D.; FARIAS FILHO, B. B.; SANTOS, L. M.; LAGE, M. C. S. M.; FABRIS, J. D. Letreiro dos Tanques I e II: Problemas de conservação e análises químicas de pinturas rupestres e eflorescência salina, Arqueologia Iberoamericana, v. 18, p. 3-13, 2013.
LAGE, M.C. S.M.., Análise química de pigmentos de arte rupestre do Sudoeste do Piauí. Rev. do Museus de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 2: 89-101, 1997.
LAGE, M. C. S. M. Etude Archéométrique de l'art rupestre du Sud-est du Piuaí - Brésil, 1990. 407 p. Tese (Doutorado em Arqueologia), Université de Paris I - Panthéon – Sorbonne, França.
LOPES, B. DE S.. Análise química de pigmentos rupestres do sítio Ponta da Serra Negra – Parque Nacional de Sete Cidades, Piauí / Bruna Souza Lopes. – Teresina, 2018.
MADARIAGA, J. M. Analytical chemistry in the field of cultural heritage. Analytical Methods, v. 7, p. 4848-4876, abr. 2015.

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