ANÁLISE DO RENDIMENTO DA POLPA DO CUPUAÇU (Theobroma grandiflorum) A PARTIR DA EXTRAÇÃO POR SOLVENTE

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Química Tecnológica

Autores

Castro, S. (UFPA) ; Freitas, A. (UFPA) ; Silva, L. (UFPA) ; Borges, K. (UFPA) ; Marciel, M. (UFPA) ; Pimenta, P. (UFPA) ; Silva, A. (UFPA) ; Borges, F. (UFPA)

Resumo

O Brasil possui uma grande variação de frutas regionais. Nas regiões Norte e Nordeste destaca-se o cupuaçu (Theobroma grandiflorum), que é uma fruta considerada exótica e de grande potencial comercial nos mercados externos e produção industrial. Diante disto foi realizado um estudo acerca de novas fontes de matérias primas visando analisar a eficiência do método de extração por solvente para a produção de óleo essencial a partir da polpa do cupuaçu. Entretanto o método apresentou um baixo rendimento em relação ao encontrado na literatura devido à volatilidade do solvente orgânico, o qual influenciou diretamente no teor de óleo obtido, mostrando-se como um método não eficiente para obtenção de óleo da polpa do cupuaçu.

Palavras chaves

Extração por solvente; Polpa de Cupuaçu ; Rendimento

Introdução

O Theobroma grandiflorum, fruta originária do Sul e Sudeste amazônico, é apreciado por sua polpa ácida e de aroma intenso. Este aroma indica a maturação do fruto destacando-os na plantação (SOUZA et al., 2007). A parte mais aproveitada em termos comerciais ainda é a polpa, usada in natura na forma de suco ou como matéria-prima para fabricação de produtos derivados (YANG et al., 2003). Dentre estes, destaca-se a produção de óleos devido ao aroma característico e marcante da fruta, o que tem despertado grande interesse na área da cosmética e perfumaria. Há diferentes métodos de extração de óleos, os quais variam de acordo com o valor comercial do produto e o órgão da matéria prima a ser utilizada (BIASI; DESCHAMPS, 2009). A escolha do método de extração é considerada parte crucial da produção de óleos, pois qualquer problema de método que causem modificações nas características dos óleos essenciais não poderá ser corrigido. Portanto, a escolha do método é um fator determinante na qualidade do óleo (KUBOTA, 2007). Os métodos mais utilizados para o isolamento de óleos, são destilação a vapor e extração com solventes. Porém, a extração com fluidos supercríticos também tem sido empregada por algumas indústrias do ramo (SERAFINI et al., 2002). Neste cenário a busca de novos métodos de extração que apresentem bom rendimento e boa qualidade fazem-se necessário, principalmente para fins industriais e comerciais além de expandir o estudo em relação ao inventário da flora aromática da Amazônia. Dentro desta perspectiva, foi analisado a eficiência do método de extração baseado na destilação por solvente, utilizando a polpa de cupuaçu a fim de obter um condensado aromático, além de verificar o rendimento do óleo obtido e comparar sua eficiência com a literatura vigente.

Material e métodos

O material botânico foi coletado no município de Bragança, no estado do Pará. Logo após realizou-se a separação da polpa do fruto, e a mesma armazenada no freezer em temperatura abaixo de 20°C em um recipiente de plástico fechado no período de 25 dias. Posteriormente, a polpa foi encaminhada para o campus de pesquisa do Museu Emílio Goeldi em Belém-PA para proceder a retirada do óleo essencial do cupuaçu através da técnica de extração por solvente. Com isso, pesou-se 14,29 g da polpa, a qual foi transferida para um balão de destilação. Em seguida, adicionou-se 125 mL de água destilada ao balão e este foi levado para a manta aquecedora. Após este procedimento, o balão de destilação foi acoplado a um aparelho de Clevenger, com o acréscimo de 4 mL de pentano e quatro esferas de vidro para o controle da ebulição do composto orgânico devido à sua volatilidade, em sequência acoplou-se o condensador a “dedo frio’’ para obtenção do condensado volátil sendo o resultado da ebulição da alíquota do cupuaçu. O processo de extração ocorreu a uma temperatura máxima de 60°C, por um período de aproximadamente 2 horas. O aroma resultante da amostra foi colocado em um vidro âmbar e acondicionado para futuras análises quantitativas e qualitativas. O rendimento desta extração, foi determinado pela razão do valor obtido de condensado volátil em relação à massa inicial de polpa de cupuaçu.

Resultado e discussão

A extração do aroma ocorreu por meio da ebulição do composto volátil contido na polpa, onde o solvente orgânico (ao possuir um caráter apolar) ligava-se aos voláteis presente no vapor d’água. Com a mudança de estado físico, quando o vapor passava pelo condensador e a água voltava para o estado líquido e juntava-se ao pentano e aos voláteis formando compostos de duas fases com diferentes densidades. Desta forma, obteve-se cerca de 0,2 mL de condensado volátil configurando um rendimento de 1,4%. A partir desse resultado, observou-se que a extração foi insignificante, apesar da extração por solvente ser um método eficiente para a captura de óleos essenciais (BUSATO, 2014; BORSATO, 2008). Segundo Koch et al (2014), as quantidades extraídas de óleos essenciais dependem diretamente das condições ambientais que a planta está inserida e de seu acondicionamento, pois em diferentes circunstâncias de desenvolvimento o fruto pode gerar resultados variados o que influencia em seu rendimento. Outro fator que pode estar associado ao baixo rendimento é a umidade, pois ela em excesso, aumenta a densidade do material e dificulta a extração de óleo (BORSATO, 2008). Contudo, apesar do método apresentar baixa eficiência, percebeu-se durante o processo a liberação de aromas intensos característicos do fruto de cupuaçu. Segundo Franco (2000), o aroma intenso do cupuaçu pode ser caracterizado pelo seu alto teor de ésteres (butanoato de etila, hexanoato de etila) e traços de terpenos, tais compostos dão um flavor ao fruto.

Conclusões

Os resultados obtidos foram pouco significativos devido ao baixo rendimento que a extração proporcionou. Porém, o intenso aroma formado a partir da extração atesta o potencial da polpa de cupuaçu como um material passível de utilização. Portanto pode-se afirmar que a extração por solvente é uma técnica eficiente para a obtenção de aroma, mas ineficiente para o rendimento, visto que a qualidade e a quantidade de óleo extraído da amostra possuem uma relação direta como o método de extração escolhido.

Agradecimentos

Referências

BIASI, L. A.; DESCHAMPS, C.; Plantas aromáticas: do cultivo a produção de óleo essencial. 1ª ed. Curitiba: Layer Studio Gráfico e Editora Ltda, 2009.
BORSATO, A. V.; DONI-FILHO, L.; CÔCCO; L. C.; PAGLIA, E. C. Rendimento e composição química do óleo essencial de camomila [Chamomilla recutita (L.) Rauschert] extraído por arraste de vapor d’água, em escala comercial. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v.29, n.1, p. 129-136, jan./mar. 2008.
BUSATO, N. V.; SILVEIRA, J. C.; COSTA, A. O. S.; JUNIOR, E. F. C. Estratégias de modelagem da extração de óleos essenciais por hidrodestilação e destilação a vapor. Ciência Rural, v. 44, n. 9, set. 2014.
FRANCO, M.R.B.; JANZANTTI, N.S. Aroma tropical fruits. Journal of flavor and fragrance, v. 20, p. 358-371, 2005.
KOCH, Denise et al. Extração de óleos essenciais por meio de hidrodestilação para controle de fitopatógenos. Mostra Nacional de Iniciação Científica e Tecnológica Interdisciplinar – Micti 2014, Santa Catarina, v. 1, n. 1, p.5-10, nov. 2014. Disponível em: <http://eventos.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/5/2014/09/CAA-13.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2019.
KUBOTA, Tatiana. Contribuição à química dos compostos voláteis de frutos do nordeste: Hancornia speciosa Gomes. Dissertação (Mestrado em Química) – Centro de Ciências Exatas e Tecnologia, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, p.143. 2007.
SERAFINI, Luciana Atti et al. Extrações e aplicações de óleos essenciais de plantas aromáticas e medicinais. Caxias do Sul: Educs, 2002.
SOUZA, A. G. C.; BERNI, R. F.; SOUZA, M. G.; SOUSA, N. R.; SILVA, S. E. L.; TAVARES, A. M.; ANDRADE, J. S.; BRITO, M. A. M.; SOARES, M. S. C. Boas práticas agrícolas da cultura do cupuaçuzeiro. Manaus, Embrapa Amazônia Ocidental, 2007.
YANG, H.; PROTIVA, P.; CUI, B.; MA, C.; BGGETT, S.; HEQUET, V.; MORI, S.; WEINSTEIN, I.B. & KENNELLY, E.J. New Bioactive Polyphenols from Theobroma grandiflorum (“Cupuaçu”). Journal of Natural Products. n. 66, p.1501-1504, 2003.

Patrocinadores

Capes Capes CFQ CRQ-PB FAPESQPB LF Editorial

Apoio

UFPB UFPB

Realização

ABQ