TÍTULO: Caracterização físico-química da palha e sabugo de milho

AUTORES: Vieira, R.C. (UFAL) ; Antunes, D.P.C. (UFAL) ; Bispo, V.G. (UFAL) ; Barbosa, R.Q. (UFAL) ; Silva, M.C.S. (UFAL) ; Almeida, R.M.R.G. (UFAL)

RESUMO:Neste trabalho foi realizada a caracterização físico-química das farinhas de sabugo e de palha do milho.O milho foi adquirido na feira livre da cidade de Maceió e submetido à separação da palha do restante do milho, onde seguiu para higienização, secagem, trituração obtendo a farinha.O milho foi separado em milho verde e maduro e debulhado uma parte in natura e outra parte após cozimento em fogão convencional por 2 horas.O sabugo resultante também passou pelas mesmas etapas da palha para obtenção da farinha.Foram realizadas análises físico–químicas de fibras, cinzas, açúcares redutores, pectina, e umidade das farinhas.Pelos resultados obtidos observou-se que existem pequenas diferenças físico-químicas entre o sabugo do milho verde e maduro e entre o sabugo in natura e cozido.

PALAVRAS CHAVES: sabugo de milho; palha de milho; diferença físico-química

INTRODUÇÃO:Atualmente existe a crescente preocupação com o descarte dos resíduos lignocelulósicos, que podem levar a problemas ambientais pela presença de substâncias de alto valor orgânico, potenciais fontes de nutrientes para microrganismos, como também a perdas de biomassa e energia. (ABUD E NARAIN, 2009). Uma das culturas geradoras de resíduos no país é a cultura do milho, produzido para alimentação, os grãos proporcionam uma serie de produtos industrializados. Entretanto, algumas partes da planta não possuem um uso direto. O sabugo, que é a parte central da espiga na qual os grãos estão presos, é gerado após ser debulhado o milho. Para cada 100 kg de espigas de milho, aproximadamente 18 kg (70% base úmida), são formados pelo sabugo. (AGUIAR, 2010). Assim como o sabugo a palha também se torna um resíduo excedente e sem utilização definida, que na maioria das vezes é deixado no campo após a colheita. O destino principal destes resíduos é a ração animal (ZIGLIO et al., 2007). A produção de milho no Brasil foi de 53,5 milhões de toneladas na temporada 2010/11 e em 2011/12 de 55 milhões de toneladas. Já no estado de Alagoas a produção de milho é praticada consorciada com outras culturas, predominando o sistema de consórcio como feijão (EMBRAPA, 2005). Sendo uma cultura muito importante para o Estado, seja sob o ponto de vista alimentar ou como opção econômica de exploração agrícola em pequenas propriedades familiares. Assim, como a maioria é composta por pequenos produtores a geração de etanol a partir dos resíduos poderia dar aumentar ao valor da produção. O desenvolvimento da pesquisa teve como objetivo a caracterização físico-química das farinhas de sabugo e de palha de milho visando à utilização posterior dos resíduos na elaboração de alimentos enriquecidos em fibras.

MATERIAL E MÉTODOS:•Preparação das farinhas: Foram feitas inicialmente a separação da palha do restante do milho, ocorrendo também à divisão de uma parte do milho em verde e maduro, ambos debulhados in natura, a outra parte em milho cozido, cozido em fogão convencional por 2 hora, e debulhado em seguida e a palha. Com isso para produção das farinhas foi feita, higienização, a lavagem, a samitização,a lavagem novamente e pesagem dos sabugos e das palhas, após isto as amostras foram levadas a estufa a 30°C e realizada a desidratação das mesmas. Após 24 horas foram feitas as pesagens das amostras, em seguida as amostras foram cortadas e assim trituradas, produzindo as farinhas. •Análises Físico-químicas: 1.Determinação de Cinzas: Pesou-se 2g da amostra em cadinho previamente tarado que foi a colocada em mufla a 600°C por no mínimo 1 hora e posteriormente transferido para o dessecador por no mínimo 30 minutos (ou até temperatura ambiente) pesando em seguida. 2.Determinação de Umidade: A umidade foi determinada a partir da metodologia do Instituto Adolfo Lutz (IAL 012/IV), baseada na perda de peso do produto submetido ao aquecimento a 105°C, até peso constante. 3.Determinação de Fibras: A determinação de fibras foi pelo método de Hennemberg, 1864. 4.Determinação de ART: A determinação de açúcares redutores e redutores totais foram realizadas pelo método do DNS proposto por Miller (1958). 5.Determinação de Pectina: O teor de pectina foi determinado conforme método proposto por Carvalho et al. (2002).

RESULTADOS E DISCUSSÃO:•Resultados: Caracterização Físico-química das farinhas. Os resultados das análises físico-químicas estão apresentados na Tabela 1. •Discussão: Os teores de fibra bruta e do açucares redutores totais (ART) encontrados foram os esperados, pois segundo a EMBRAPA o milho cultivado no Brasil é uma fonte de fibras, carboidratos, proteínas e vitaminas do complexo B, além de possuir um bom potencial calórico, contendo grandes quantidades de açúcares. Observou-se que com amadurecimento do milho diminuem-se as taxas de cinzas, umidade, ART e o aumento a taxa de pectina e da fibra bruta dos mesmos. E que o calor fornecido ao sabugo no cozimento não modificou tanto os valores das características analisadas. As analises da farinha da palha foi abaixo do esperado, pois como a palha é um subproduto vegetal acreditava-se que a farinha da palha possuiria o maior teor de fibra bruta e o menor teor de ART, porém o teor de fibra bruta foi um dos menores e o teor de ART foi o segundo maior, possuindo assim um bom potencial calórico.

Tabela 1: Características físico-químicas das farinhas da palha e sabu

A tebela 1 apresenta os resultados das análises físico-químicas das farinhas da palha e dos sabugos de milho.

CONCLUSÕES:Através dos resultados deste trabalho, observou-se que tanto a farinha do sabugo de milho maduro in natura quanto a farinha do sabugo de milho cozido apresentaram valores muito próximos para os respectivos fatores estudados, tendo, assim, a mesma eficiência na nutrição. Notou-se também que o resultado da farinha da palha foi bem diferente do esperado, pois o sabugo de milho possui características físico-químicas bem semelhantes as da palha, a qual se esperava maior teor em fibras. Logo, verificou-se que é possível a fabricação de alimentos ricos em fibras a partir dos resíduos do milho.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:ABUD, A. K. S. e NARAIN, N. Incorporação da farinha de resíduo do processamento de polpa de fruta em biscoitos: uma alternativa de combate ao desperdício. Braz. J. Food Technol., v. 12, n. 4, p. 257-265, out./dez. 2009

AGUIAR, C. M. Hidrólise enzimática de resíduos lignocelulósicos utilizando celulases produzidas pelo fungo Aspergillus niger. PPG-EQ/Unioeste. Dissertação de Mestrado, 2010.

CARVALHO, H.H., JOMG, E.V., BELLO, R. M., Alimentos: métodos físicos e químicos de análises. 1.ed. Porto Alegre: Universidade/UFRGS, 180p, 2002.

CASTRO, A. M.; PEREIRA JR, N. Produção, propriedades e aplicação de celulases na hidrólise de resíduos agroindustriais. Quim. Nova, Vol. 33, No. 1, 181-188, 2010

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Documentos 83. Características e Evolução da Cultura do Milho no Estado de Alagoas entre 1990 e 2003, 2005.

INSTITUTO ADULF LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adulfo Lutz: Métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 3 ed., vol 1, São Paulo: O Instituto , 1985.533 p.

ZIGLIO, B. R.; BEZERRA, J. R. M. V.; BRANCO, I. G.; BASTOS, R.; RIGO, M. Elaboração de Pães com Adição de Farinha de Sabugo de Milho. Revista Ciências Exatas e Naturais, Vol.9 nº 1, Jan/Jun 2007.