7º Encontro Nacional de Tecnologia Química
Realizado em Vitória/ES, de 17 a 19 de Setembro de 2014.
ISBN: 978-85-85905-08-8

TÍTULO: INVESTIGAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE BIOCORROSÃO EM CUPONS DE AÇO AISI 1020 ENTERRADOS EM SOLO COLETADO NO PARQUE INDUSTRIAL DA ZONA OESTE DO RIO DE JANEIRO

AUTORES: Moraes Barcelos Casanova, A. (UEZO) ; Souza da Silva, M.F. (UEZO) ; Rodrigues de Mesquita Lorete, A. (UFRJ) ; Manya Bittencourt Dias Vieira, J. (UEZO) ; Falcão de Albuquerque Junior, C.R. (UEZO)

RESUMO: Estruturas metálicas quando expostas ao meio ambiente podem sofrer desgastes por processo corrosivo. Caso este ocorra devido à ação de bactérias, as quais formam biofilmes, será chamado de corrosão microbiologicamente induzida ou biocorrosão. Este estudo teve por objetivo calcular a taxa de corrosão média dos cupons de aço causada pela sua deterioração, bem como identificar por meio de microscopia eletrônica de varredura a presença de biofilmes localizados sobre suas superfícies. Então, cupons de aço carbono AISI 1020 foram enterrados em solo coletado na região do parque industrial da zona oeste do município do Rio de Janeiro durante períodos pré-determinados. Os resultados dos experimentos indicaram a ocorrência de gradativo processo corrosivo dos cupons de aço com maiores tempos de contato destes com o solo.

PALAVRAS CHAVES: Biocorrosão; Aço Carbono AISI 1020; MEV

INTRODUÇÃO: Em um aspecto muito difundido e aceito universalmente pode-se definir corrosão como a deterioração de um material, geralmente metálico, por ação química ou eletroquímica do meio ambiente associada ou não a esforços mecânicos (GENTIL, 1996). Quando esse processo de corrosão é ocasionado por influência de microrganismos, é conhecido como biocorrosão ou corrosão microbiologicamente induzida (CMI). Quando estes encontram um local adequado para seu desenvolvimento, ocorre sua aderência sobre o material metálico com consequente formação de uma estrutura complexa, denominada biofilme, qual seja, uma comunidade complexa e estruturada de microrganismos, envoltos por uma matriz extracelular de polissacarídeos, aderidos entre si a uma superfície ou interface (COSTERTON et al., 1995 apud RODRIGUES, 2010). O aço carbono é um material relativamente barato e pode ser encontrado comercialmente sob uma diversidade de formas e com ampla gama de propriedades como, por exemplo, alta resistência a impactos, ductibilidade e facilidade de soldagem, sendo assim extensivamente empregado (SILVA, 2009). Porém, em contrapartida, este aço não possui grande resistência ao processo de corrosão. Sendo assim, é necessário realizar procedimentos para proteção deste material, assim como realizar inspeções periódicas O presente estudo teve como objetivo, analisar: as taxas de corrosão média calculadas a partir das perdas de massa dos cupons de aço enterrados em solo por períodos pré-determinados; a presença de possíveis microrganismos nos cupons; imagens obtidas por microscopia eletrônica de varredura (MEV) com o intuito de visualizar os danos sofridos nos cupons, além da presença de biofilme.

MATERIAL E MÉTODOS: Para a realização dos experimentos, foram utilizados corpos de prova de aço AISI 1020 por motivo de grande aplicação deste no setor industrial-metalúrgico O solo foi coletado em um campo aberto nas dependências da empresa metalúrgica MISEL Engenharia LTDA, localizada no parque industrial da zona oeste do município do Rio de Janeiro. Com ajuda de uma enxada e de uma pá, foram coletados, aproximadamente, 40kg de solo. Utilizando uma peneira com granulometria de, aproximadamente, 2cm todo solo foi peneirado para a retirada de partes mais grosseiras encontradas neste. Em seguida, este foi quarteado para obtenção de uma amostra representativa. Microscopia eletrônica de varredura (MEV): Os corpos de prova foram submetidos às análises de MEV em busca de biofilme aderido à superfície metálica e para caracterização dos produtos de corrosão. Para que pudesse ser feito o processo de fixação do material biológico, os corpos de prova foram deixados em Karnovsky (2,5% [v/v] de glutaraldeído e 4% [v/v] de paraformaldeído) e lavados em PBS. As placas foram pós fixadas em uma solução de ósmio a 1% em tampão fosfato, pH 7,2, por 1h a temperatura ambiente e lavadas em PBS. As placas foram desidratadas em série gradual de acetona (50- 100%/10 min cada), secas por ponto crítico usando CO2, montadas em suporte de metal e cobertas com ouro (20-30nm) para observação no microscópio eletrônico de varredura (Jeol 6490). Ensaios de perda de massa: O método consistiu em fazer a diferença do peso inicial do corpo de prova e após o tempo em que ficou enterrado em solo coletado no parque industrial da zona oeste do Rio de Janeiro. As amostras foram limpas e decapadas, seguindo a norma ASTM G1-03.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Resultados e Discussões: A Figura 1 apresenta a relação entre a taxa de corrosão média e os dias em que os cupons de aço ficaram enterrados no solo. Após 60 dias, período em que os corpos de prova ficaram enterrados, a taxa média de corrosão foi, igual a 0,000293487mm/ano. Depois de 90 dias, a taxa média sofre um aumento de 55,7%, chegando ao valor de 0,000527091mm/ano, o que sugere um aumento gradativo do processo corrosivo em relação ao tempo em que os cupons de aço carbono ficaram enterrados. Vale ressaltar que somente foram apresentados os resultados significativos referentes à perda de massa-taxa de corrosão. De acordo com a Figura 2, que apresenta micrografias eletrônicas de varredura das superfícies dos cupons de aço após ensaios de exposição ao solo, é possível visualizar a presença da formação de corrosão na imagens B, C, D e F nas superfícies metálicas, bem como a formação de biofilme, identificado com a estrela na imagem c da Figura 2, o que sugere a presença de microrganismos aderidos no cupom. Correlacionando os valores de taxa de corrosão média encontrados e as análises das micrografias realizadas, é possível inferir que ocorre participação de microrganismos na deterioração gradativa do aço AISI 1020 pelo processo de biocorrosão.

Gráfico Taxa de corrosão média x dias de exposição

Taxa de corrosão média versus dias de exposição dos cupons de aço no solo.

Imagens MEV

Micrografia Eletrônica de Varredura das superfícies dos cupons de aço após ensaios de exposição ao solo

CONCLUSÕES: • Foi verificada a presença de corrosão generalizada em todos os cupons de aço submetidos ao contato direto com o solo. • Análises topológicas dos cupons de aço por MEV indicam a presença de microrganismos e formação de biofilmes na superfície metálica, possivelmente associados ao processo de biocorrosão. • A taxa de corrosão apresentada em 60 dias de exposição, após realizada uma média aritmética entre os valores obtidos nas três placas utilizadas nos ensaios, foi de 0,000293487mm/ano. Já a média obtida nas placas utilizadas nos ensaios de 90 dias de exposição, foi de 0,000527091mm/ano, ou seja, após um período de mais 30 dias, houve um aumento de aproximadamente 55,7% da taxa de corrosão média.

AGRADECIMENTOS: À FAPERJ pelo apoio financeiro

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: COSTERTON, J. W.; LEWANDOWSKI, Z; CALDWELL, D. E; KORBER, D. R.; LAPPIN-SCOTT, H. M. Microbial Biofilms. Annual Review of Microbiology, v. 49, 1995.

GENTIL, V. Corrosão. 3ª ed., LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora, Rio de Janeiro, 1996.
Norma ASTM G 1-03 – Standard practice for preparing, cleaning, and evaluating corrosion test specimens,
RODRIGUES, T. C. Efeito do Potencial de Proteção Catódica sobre a Biocorrosão de Aço-carbono em Solo Contendo BRS. 2010. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos) Escola de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.
SILVA, R. P. C. Ação do Biocida THPS sobre micro-organismos associados à corrosão de aço carbono em água de produção. 2009. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos) Escola de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
VIDELA, H. A. Biocorrosão, Biofouling e Biodeterioração de materiais. 1ª ed., Editora Edgar Blücher Ltda, São Paulo, p. 148, 2003.