9º Encontro Nacional de Tecnologia Química
Realizado em Goiânia/GO, de 19 a 21 de Setembro de 2016.
ISBN: 978-85-85905-20-0

TÍTULO: Utilização de passivos ambientais como substrato para telhado verde

AUTORES: Canedo, A.C. (IFG) ; Salles, D.M. (IFG) ; Rios, F.P. (IFG) ; Milograna, J. (IFG)

RESUMO: O presente estudo utilizou um passivo ambiental (lodo de ETA) como substrato para telhado verde, visando o amortecimento de cheias por medidas alternativas. A parte experimental foi montada em fevereiro de 2015, nas instalações do Instituto Federal de Goiás – IFG, situado em Goiânia. O experimento foi composto por quatro canteiros, preparados com a utilização de materiais reutilizáveis utilizando duas composições distintas de substrato, sendo eles: (i) 100% de terra preta vegetal, (ii) 50% de terra preta vegetal e 50% de lodo de Estação de Tratamento de Àgua (ETA); e duas espécies distintas de plantas: Catharanthus roseus e Arachis repens. A saída do dreno de cada canteiro foi conectada a bombonas, que serviram de reservatórios para armazenamento da água pluvial escoada dos canteiros.

PALAVRAS CHAVES: Telhado verde; lodo de ETA; Passivo ambiental

INTRODUÇÃO: A dificuldade de vida no campo, incentivou o adensamento populacional nas cidades e culminou com a impermeabilização de extensas áreas. O processo de urbanização estimula danos expressivos ao sistema de drenagem e contribuiu para o incremento do escoamento superficial (JUSTINO; PAULA; PAIVA, 2011). Mendes et al. (2004) afirmam que a ocorrência de inundações mostra a necessidade de reflexão sobre os processos históricos de expansão. Para Baptista et al. (2005), as ideias clássicas acerca da drenagem urbana priorizava o escoamento rápido da água para prevenir riscos à saúde pública. No entanto, essa prática tende a amplificar os impactos da urbanização sobre os processos hidrológicos, transferindo as inundações para a jusante e aumentando a poluição dos corpos d’água (TOMINAGA, 2013; BAPTISTA et al., 2005). E a realização de uma drenagem eficiente constitui um desafio de busca contínua por novas alternativas (TUCCI, 2005; MENDONÇA, 2009; TOMINAGA, 2013). Küger e Dziedzic (2010), afirmam que a cobertura vegetal é um dos fatores mais importantes no processo de geração do escoamento. Uma bacia com cobertura vegetal terá picos de cheias reduzidos, assim como será menor o volume de escoamento superficial. Telhados verdes (green roofs) são sistemas construtivos que, de maneira geral, possuem impermeabilização, substrato e vegetação e são sobrepostos em coberturas planas ou inclinadas de edificações, com o objetivo de trazer benefícios sócio-econômicos e ambientais (JOBIM, 2013). Para Silveira (2002) a implantação do sistema de cobertura vegetal é uma adequação conveniente nas áreas urbanas, pois, apenas agrega mais funções à estrutura já existente. A cobertura vegetada é indicada como possível amortização dos impactos nocivos da urbanização (BEECHAM e RAZZAGHMANESH, 2015).

MATERIAL E MÉTODOS: O aparato experimental foi montado na cidade de Goiânia-GO, e quatro canteiros distribuidos sobre paletes de madeiras foram construídos sobre uma estrutura metálica, onde, para fins de comparação, dois substratos foram utilizados: a terra preta comum (TP), e uma mistura de terra preta com lodo de ETA. As espécies escolhidas para plantio foram a Boa Noite (Catharanthus roseus) e a Grama Amendoim (Arachis repens). O objetivo foi avaliar qual combinação apresentava a melhor capacidade de absorção de água da chuva, e então identificar o arranjo substrato/planta que contribuísse com a redução dos escoamentos de águas pluviais urbanas, podendo ser utilizado como uma medida alternativa para o controle de inundações. O monitoramento das precipitações pluviométricas, ocorrido no período de fevereiro a abril de 2015, foi realizado por meio do uso do pluviógrafo, modelo RG3-M, do fabricante ONSET, com precisão de 0,2mm, programado para leituras automáticas em intervalos de um minuto. Os dados obtidos pelo pluviógrafo foram convalidados com a estação meteorológica código OMM 83423 do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, localizada a aproximadamente 600 metros do experimento. A medição da água pluvial infiltrada nos canteiros foi feita por meio da diferença entre o volume precipitado (pluviógrafo) e a leitura do volume de água escoada pelos canteiros e armazenada em cada bombona. Assim foi possível mensurar a capacidade de infiltração e de escoamento de cada canteiro, bem como identificar as diferenças promovidas pelas características individuais de cada espécie de planta utilizada em conjunto com cada tipo de substrato.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em relação aos substratos sugeridos, percebe-se que a diferença entre eles apresenta uma variação total menor que 10%. A deposição do lodo de ETA em aterro nada contribui para um meio ambiente sustentável, enquanto uma destinação como substrato de plantas, tanto em jardins, como em telhados verdes, trará uma contribuição ao meio ambiente e uma destinação correta dos dejetos. Portanto, é viável a utilização desse passivo ambiental para o sistema proposto. Os resultados mostraram que as duas espécies de plantas utilizadas neste estudo podem ser indicadas para a composição de um telhado verde, pois as suas contribuições no alívio do sistema de galerias pluviais são evidentes. Deste modo, ao optar pela espécie menos eficiente, neste caso, o conjunto grama amendoim (Arachis repens) com substrato lodo de ETA + terra preta, já se alcançaria uma redução de cerca de 46% do volume de chuva a ser escoado. Já a utilização de lodo de ETA + boa-noite (Catharanthus roseus), apresentou um resultado mais favorável ainda, com índice de escoamento de 19%.

Figura 1

infiltração por substrato

CONCLUSÕES: Entre as formas de destinação final adequadas para o lodo de ETA, está a utilização desse composto como substrato para telhados verdes. Os resultados comprovaram a capacidade de absorção de água no telhado verde por um passivo ambiental.

AGRADECIMENTOS:

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