10º Encontro Nacional de Tecnologia Química
Realizado em Goiânia/GO, de 04 a 06 de Setembro de 2017.
ISBN: 978-85-85905-20-0

TÍTULO: BIOADSORÇÃO DO AZUL DE METILENO EM CARVÕES DE CASCAS DE ESPÉCIES ARBÓREAS DO CERRADO

AUTORES: Menezes, A.C.P.F. (IFGOIANO) ; Santos, H.C.F. (IFGOIANO) ; Jesus, A.P. (IFGOIANO) ; Ozanski, G.D. (IFGOIANO) ; Castro, C.F.S. (IFGOIANO)

RESUMO: Os bioadsorventes a base de cascas de árvores, vem sendo estudados quanto as suas características de adsorção através do processo de carvoejamento, aplicados a remoção do corante azul de metileno utilizado na indústria têxtil. Foram preparadas 11 amostras de carvões vegetais sendo 1 amostra comercial como controle, avaliando-se a cinética de remoção em pH 7,0 e absorção por espectrofotometria a 650 nm do corante azul de metileno. Pode-se verificar entre as 11 espécies avaliadas que 9 apresentaram remoção entre (85,80 a 96,15%), 2 (62,15 e 39,40%) comparadas ao controle de carvão mineral comercial (97,40%). Assim os carvões possuem eficiência na bioadsorção do azul de metileno, podendo serem empregados no tratamento de efluentes.

PALAVRAS CHAVES: UV-VIS; Cerradão; Pirólise

INTRODUÇÃO: A poluição das águas é um dos grandes problemas atuais da sociedade. A utilização de produtos químicos na forma de corantes, produtos agrícolas e efluentes clandestinos influenciam negativamente no meio ambiente (FUNGARO & BRUNO, p. 45, 2009). Os efluentes industriais produzem grandes quantidades de substâncias tóxicas, entre elas os corantes que no ambiente natural implica na absorção e reflexão da radiação solar em corpos d’água, afetando a flora e fauna aquática (SILVA & OLIVEIRA, p. 1, 2012). De acordo com Fungaro e Bruno, (p. 45, 2009), as indústrias têxteis contribuem na contaminação de corpos d’água devido aos produtos químicos utilizados na manufatura de produtos comuns, estes efluentes possuem altas doses de soluções nocivas devido a má fixação na linha de produção influenciando diretamente problemas citopatológicos em organismos vivos. O azul de metileno possui carga catiônica sendo utilizado no tingimento de algodões, lãs e cedas, onde sua permanência no ambiente é impactante e tóxica para animais, plantas e seres humanos (SILVA & OLIVEIRA, p. 1, 2012). Vários processos são estudados para remoção deste corante têxtil em efluentes e o mais eficaz é a adsorção por carvões ativados, que possuem custo de produção e operação relativamente baixos com alta eficiência devido a área superficial de contato com presença de microporos (>500.000 m2/kg), e apresenta átomos de H, O, N e C, responsáveis pela formação de grupos funcionais que interagem com o meio (PERILLI et al, p. 265, 2014). O estudo caracteriza e avalia a cinética de bioadsorção, utilizando carvões a base de cascas em 11 espécies arbóreas do cerrado e 1 amostra de carvão mineral comercial para controle na remoção do azul de metileno em solução aquosa.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram produzidos carvões de cascas de 11 espécies, Angico-vermelho (Anadenanthera peregrina Var. falcata (Benth.) Altschul.), Botica-inteira (Rourea induta Planch.), Capa-rosa (Guapira noxia Netto. Lund.), Cagaitera (Eugenia dysenterica DC.), Capitão (Terminalia argenta Mart. & Zucc.), Faveiro (Dimorphandra mollis Benth.), Ipê-amarelo-do-cerrado (Tabebuia ochracea (Cham.) Standl.) do cerrado e 1 amostra de carvão mineral ativo comercial para fins de comparação nos ensaios de cinética de bioadsorção em fase líquida utilizando como adsorbato o azul de metileno (AM). Foram utilizados 50 mL de solução de azul de metileno a 1x10-4 M, adicionados em erlenmeyers de 125 mL em duplicata com pH 7,0 ajustado com soluções de HCl 0,1 M e NaOH 0,1 M e foram adicionados 0,30 g de cada amostra de carvão levados para shaker horizontal a 100 rpm por 24 h a 25°C. Após o tempo de agitação as amostras foram filtradas a vácuo determinando a concentração final do Azul de metileno, por espectrofotometria UV/VIS em 650 nm (GAMA et al, p. 1, 2016). A taxa de adsorção dos carvões foram calculadas de acordo com a equação (%) remoção = ABS (Solução)*100/ABS. Os dados foram avaliados pelo teste de Tukey e Dunnett com 95% de confiabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: De acordo com a tabela 1, podemos avaliar a eficiência de bioadsorção na remoção de azul de metileno nos carvões avaliados, onde podemos determinar que há a formação de 3 grupos comparados ao controle. As taxas de remoções de acordo com os modelos estatísticos do grupo (A) observados para a maioria dos carvões tiveram comportamento semelhante ao controle carvão mineral comercial (Vetec). Para este trabalho a adsorção está relacionada a capacidade de troca iônica dos carvões em meio pH 7,00 (FUNGARO & BRUNO, p. 60, 2009). Silva & Oliveira e Batzias & Sidiras (p.6, 2012; p. 674, 2007) demonstrou que a eficiência de remoção do corante azul de metileno acontece entre o intervalo de pHs 4,00 a 10,00, utilizando bagaço de cana in natura modificado e serragem de faia, verificando que pHs inferiores a 4,00 tornam o material mais rígido, devido ao excesso de íons H+ que competem com as cargas catiônicas do azul de metileno pelos sítios de adsorção. A taxa de remoção está interligada por ligações do tipo Van der Waals influenciadas pelo pH, aumentando a área superficial específica do adsorvente com cargas negativas ou positivas, o azul de metileno possui na sua estrutura carga positiva (C16H18N3S+) interagindo com a área superficial do bioadsorvente com cargas negativas, resultando maior eficiência na remoção (SILVA & OLIVEIRA, p. 4, 2012). Para Caryocar brasiliense e Rourea induta formando os grupos (B) e (C) respectivamente, podemos constatar a eficiência de bioadsorção inferior aos observados pelo grupo (A) e controle. De acordo com Perilli et al, (p.267, 2014), pHs entre 2 a 4 ocorrem com maior interação entre átomos de hidrogênio, havendo enrijecimento da área superficial dificultando a eficiência de bioadsorção.

Tabela 1, eficiência de remoção do azul de metileno em carvões

Eficiência de remoção de azul de metileno em 11 carvões avaliados e 1 carvão comercial como controle em pH 7,00.

CONCLUSÕES: O desempenho dos carvões vegetais na bioadsorção do azul de metileno em 9 das 11 espécies avaliadas obtiveram resultados semelhantes ao carvão mineral comercial como controle. As espécies dos grupos (B e C) Caryocar brasiliense e Rourea induta, possivelmente possuem excesso de cargas catiônicas na área superficial não sendo eficaz no processo de bioadsorção do corante azul de metileno. Verificou-se que em pH 7,0 os demais carvões se comportaram com área superficial carregada de cargas aniônicas adsorvendo com eficiência o azul de metileno.

AGRADECIMENTOS: Agradecemos ao Instituto Federal Goiano – Campus Rio Verde e ao Laboratório de Química Tecnológica – QUITEC, na realização dos experimentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BATZIAS, F. A. & SIDIRAS, D. K. Simulation of dye adsorption by beech sawdust as affected by pH. Journal of Hazardous Materials, v. 141, nº 3, p. 668-679, 2007.
CASTRO, C. S.; GUERREIRO, M. C. OLIVEIRA, L. C. A.; GONÇALVES, M. Remoção de compostos orgânicos em água empregando carvão ativado impregnado com óxido de ferro: ação combina de adsorção e oxidação em presença de H2O2, Rev. Quim. Nova, v. 32, nº. 6, p. 1561-1565, 2009.
FUNGARO, D. A. & BRUNO, M. Utilização de zeólitas sintetizadas a partir de cinza de carvão para remoção de azul de metileno em água, Orbital, The Electronic Journal of Chemistry, v.1, nº 1, p. 49-63, 2009.
GAMA, L.; CARDOSO; NEVES, G. Y. S.; GOHARA, A. K.; SOUZA, A. H. P.; STROHER, G. R.; MATSUSHITA, M.; GOMES, S. T. M.; SOUZA, N. E.; STROHER, G. L. Adsorção do azul de metileno em carvão vegetal de cascas de coco verde, 9º Encontro Nacional de Tecnologia Química, ENTEQUI, Goiânia-GO, p. 1-1, 2016.
PERILLI, T. A. G.; SICUPIRA, D. C.; MANSUR, M. B.; LADEIRA, A. C. Q. Avaliação da capacidade adsortiva de carvão ativado para a remoção de manganês, Rev. Holos, ano 30, v. 3, edição especial, pg. 264-271, 2014.
SILVA, W. L. L.& OLIVEIRA, S. P. Modification of the sorptive characteristics os sugarcane bagasse for removing methylene blue from aqueous solutions. Rev. Scientia Plena, v. 8, nº 9, pg. 1-9, 2012.