10º Encontro Nacional de Tecnologia Química
Realizado em Goiânia/GO, de 04 a 06 de Setembro de 2017.
ISBN: 978-85-85905-20-0

TÍTULO: OTIMIZAÇÃO DOS COQUETÉIS MULTIENZIMÁTICOS AMILOLÍTICOS DE ISOLADOS FÚNGICOS (FLQT18-1 E 19-2) PARA PRODUÇÃO DE ÁLCOOL ETÍLICO

AUTORES: Menezes, A.C.P.F. (IFGOIANO) ; Silva Júnior, J.W.B. (IFGOIANO) ; Santos, H.C.F. (IFGOIANO) ; Jesus, A.P. (IFGOIANO) ; Ozanski, G.D. (IFGOIANO) ; Castro, C.F.S. (IFGOIANO)

RESUMO: Avaliou-se a otimização para variáveis pH e temperatura dos caldos enzimáticos amilolíticos para sacarificação/fermentação da fécula de mandioca para produção de etanol. Através do plano fatorial composto, as atividades amilolíticas máximas em pH's 5,8; 5,9 e temperatura de 56,9 °C. Uma pré-sacarificação foi realizada nestas condições por 12 horas e logo após foram adicionados 1% de S. cerevisiae, a fermentação prosseguiu até completar 72 horas. Foram obtidas concentrações proteicas iguais a 5,88 (FLQT18-1), 9,89 (FLQT19-2) mg mL-1 e atividades amilolíticas iguais a 0,085; 0,048 U mL-1 volumétrica e 14,4; 8,1 U g-1 específica. Os rendimentos de etanol foram de 29,3 e 31,5%. Conclui-se que os isolados 18-1 e 19-2 são capazes de produzir etanol da amilase de fécula da mandioca.

PALAVRAS CHAVES: Fungos; Fermentação; Etanol

INTRODUÇÃO: O etanol é um dos principais biocombustíveis existentes para geração de energia na forma de calor (AGUSTINI & JÚNIOR, 2007). Atualmente o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de etanol do mundo a partir da biomassa de Saccharum officinarum L. (cana-de-açúcar) e tendo também a opção da amilase de Manihot esculenta Crantz., (mandioca) e Zea mays L. (milho) como matérias-primas alcooleiras. A mandioca é um importante produto agrícola na alimentação humana e animal, apresentando elevado teor de amido podendo ser destinado a produção de etanol, sendo uma boa opção comparada a cana-de-açúcar e ao milho quanto a contabilidade energética das operações de cultivo, dos processos industriais e manejo em agroecossistemas (MENEZES et al., 2017; SALLA et al., 2010). O uso da fécula de mandioca associada ao caldo enzimático de fungos, na hidrólise biológica, baseia-se na conversão dos compostos amiláceos ou fécula em açúcares fermentescíveis (AGUSTINI & JÚNIOR, 2007). Na fermentação alcoólica processo subsequente a hidrólise, há a degradação de açúcares, através de microrganismos sendo mais utilizados leveduras e bactérias, até a formação do etanol e CO2, com produção e liberação de energia química e térmica durante o processo (AGUSTINI & JÚNIOR, 2007). Portanto, este trabalho tem a finalidade explorar novos coquetéis multienzimáticos amilolíticos na produção de etanol através da hidrólise do amido granular a quente utilizando fécula de mandioca como substrato.

MATERIAL E MÉTODOS: O experimento foi conduzido no laboratório de Química Tecnológica – QUITEC. Foi adicionado cerca de 1 g de farinha de mandioca como fonte de amido em erlenmeyers de 250 mL, acrescidos de 100 mL de meio basal (MANDELS & WEBER, 1969), com pH ajustado em 4,5, após esterilização, foi inoculado em cada frasco erlenmeyers 1 disco de micélio dos isolados fúngicos FLQT 18-1 e 19- 2, com 1 cm de diâmetro e incubado por 7 dias à 28 °C, sob agitação constante a 150 rpm em shaker horizontal. Os coquetéis multienzimáticos foram separados por filtração e centrifugação. Os teores de proteínas foram estimados por método colorimétrico e as atividades amilolíticas, determinadas usando fécula de mandioca como substrato, conforme Ghose (1987). Os valores de pH e temperatura para atividade amilolítica máxima foram obtidos a partir de um experimento central composto, utilizando fracos erlenmeyers de 125 mL, contendo cerca de 1 g de fécula de mandioca, 10 U g-1 do caldo multienzimático, com temperaturas entre 33,8 a 76,2 °C e valores de pH entre 3,4 a 7,6, ajustados com HCl 1 M em tampão citrato. Após 6 horas de incubação, as amostras foram quantificadas em teores de açucares redutores, pelo método de DNS, conforme Miller (1959). Uma etapa de pré-sacarificação nas condições de temperatura e pH ótimos foram realizadas por 12 horas em frascos erlenmeyers, contendo cerca de 1 g de fécula de mandioca, 0,085; 0,048 U mL de caldo enzimático e 38,3; 29,2 mL de tampão citrato de sódio. Em seguida, foram acrescentados 1 % (m/v) de levedura S. cerevisiae Y904, e conduziu-se a fermentação até completar 72 horas a 32 °C. Os vinhos obtidos foram filtrados e centrifugados e o rendimento de etanol foi determinado pelo método do dicromato de potássio ácido (SANTOS et al., 2010).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os coquetéis multienzimáticos amilolíticos obtidos de FLQT18-1 e 19-2, apresentaram teores de proteínas iguais a 5,88 e 9,89 mg mL-1, e atividades amilolíticas, volumétrica de 0,085 e 0,048 U mL-1 e específica de 14,4 e 8,1 U g-1 respectivamente. Menezes et al., (2017), encontrou para isolado FLQT20-1, atividade amilolítica de 0,030 U mL-1 e fermentação amilolítica utilizando fécula de mandioca e Abd-Elhalem et al., (2015), até no máximo 1,6 U mL-1, na fermentação submersa, utilizando resíduos agroindustriais como substrato amiláceo. Nas figuras 1 e 2 (abaixo), apresentam os gráficos de contorno das atividades amilolíticas dos isolados FLQT18-1 e 19-2, com R2 de 91,51 e 87,20%. A otimização dos parâmetros pH’s e temperaturas ótimas pela metodologia de superfície de resposta indica a máxima nas atividades amilolíticas obtidas, em pH’s 5,8, 5,9 e temperatura de 56,9 °C. A variância indica que os coquetéis enzimáticos possuem igual sensibilidade em pH e temperatura. Como a temperatura máxima para atividade amilolítica encontra- se acima da temperatura de condução da etapa de fermentação 32 °C, indica tratar-se de possíveis candidatos a realização do processo de hidrólise do amido granular a quente. O teor de etanol para os isolados FLQT 18-1 e 19-2, obtiveram rendimentos entre 29,3% (2,99 g/L) e 31,5% (3,21 g/L), respectivamente. Menezes et al., (2017), apresenta rendimento em isolado FLQT 20-1, de 27,5% (2,81 g/L), Silva Júnior et al., (2016), trabalhando com isolado fúngico N1K obteve 51,6% de rendimento e Curvelo-Santana et al., (2010), obteve 45% de rendimento de etanol em A. niger.

Coutour Plot - Gráfico de Contorno FLQT 18-1

Figura 1, Coutour Plot (Gráfico de Contorno), do isolado fúngico FLQT 18-1, temperatura e pH.

Coutour Plot - Gráfico de Contorno FLQT 19-2

Figura 2, Contour Plot (Gráfico de Contorno), do isolado fúngico FLQT 19-2, temperatura e pH.

CONCLUSÕES: Conclui-se que os isolados FLQT 18-1 e 19-2 são capazes de produzirem coquetéis multienzimáticos amilolíticos, com atividades enzimáticas em 56,9 °C e pH’s 5,8 e 5,9, tornando-os indicados para processos de sacarificação e fermentação alcoólica com o uso da hidrólise do amido granular a quente. Os rendimentos de 29,3 e 31,5% (m/m) para produção de etanol estão em concordância com os resultados comparados da literatura.

AGRADECIMENTOS: Ao Instituto Federal Goiano pela bolsa de iniciação científica para o primeiro autor e ao pessoal do Laboratório de Química Tecnológica - QUITEC.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ABD-ELHALEM, B. T.; EL-SAWY, M.; GAMAL, R. F.; ABOU-TALEB, K. A. Production of amylases from Bacillus amyloliquefaciens under submerged fermentation using some agro-industrial by-products. Annals of Agricultural Science, v. 60, n. 2, p. 193-202, 2015.

AGUSTINI, D. & JÚNIOR, H. E. Produção de álcool de mandioca a partir de hidrólise enzimática natural. Rev. Synergimus scyentifica, v. 2, n. 1, 2, 3, 4, 2007.

CURVELO-SANTANA, J. C.; EHRHARDT, D. D.; TAMBOURGI, E. B. Otimização da produção de álcool de mandioca, Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 30, n. 3, p. 613 – 617, 2010.

GHOSE, T. K. Measurement of cellulose activites. Pure and Applied Chemistry, v. 59, n. 2, p. 257 – 268, 1987.

MANDELS, M.; WEBER, J. The production of cellulases. Advances in Chemistry Series, v.95, p.391-414, 1969.

MENEZES, A. C. P. F.; SANTOS, H. C. F.; SILVA JÚNIOR, J. W. B.; JESUS, A. P.; OZANSKI, G. D.; CASTRO, C. F. S. Otimização do coquetel multienzimático amilolítico de isolado fúngico (FLQT20-1) para produção de etanol. In: VI Congresso Estadual de Iniciação Científica e Tecnológica do IF Goiano, n. 6, 2017, Urutaí, GO.

MILLER, G. L. Use of Dinitrosalicylic Acid Reagente for Determination of Reducing Sugar. Analytical Chemistry, v. 31, n. 3, p. 426 – 428, 1959.

SALLA, D. A.; FURLANETO, F. P. B.; CABELLO, C. C.; KANTHACK, R. A. D. Análise energética de sistemas de produção de etanol de mandioca (Manihot esculenta Crantz). Revista Brasileira de Energia Agrícola e Ambiental, v. 14, n. 4, p. 444 – 448, 2010.

SANTOS, J. R. A.; SOUTO-MAIOR, A. M.; GOUVEIA, E. R. Comparação entre processos em SHF e em SSF de bagaço de cana-de-açúcar para a produção de etanol por Saccharomyces cerevisiae. Química Nova, v. 33, n. 4, p. 904 – 908, 2010.

SILVA JÚNIOR, J. W. B.; CASTRO, C. F. S.; AGUIAR NETRO FILHO, M.; SANTOS, H. C. F.; SOUCHIE, E. L.; DYSZY, F. H. Otimização da atividade amilolítica do fungo FLQT 6-1. V Congr. Est. Ini. Ciên. Tecno. IF Goiano – Iporá, p. 1-3, 2016.