10º Encontro Nacional de Tecnologia Química
Realizado em Goiânia/GO, de 04 a 06 de Setembro de 2017.
ISBN: 978-85-85905-20-0

TÍTULO: BLOCOS CERÂMICOS REFORÇADOS COM SERRAGEM DE CROMO CROMADA

AUTORES: Costa Vieira Arantes, G. (PUC GOIÁS) ; Mendes Gonçalves, L. (PUC GOIÁS) ; Pereira Barbosa, D. (PUC GOIÁS) ; Carvalho Marques, F. (PUC GOIÁS E UNI-ANHANGUERA)

RESUMO: No preparo do couro, são utilizadas matérias-primas não-homogêneas das quais mais de 40% são descartados como resíduos no curtume. Um dos maiores problemas são as raspas de couro produzidos na operação de rebaixamento, devido à enorme quantidade de resíduos gerados. A adição de raspas de couro ao bloco resultou em um material capaz de absorver grandes quantidades de água, diminuindo a exsudação e a trabalhabilidade da pasta. A adição de resíduos de couro curtido no compósito para a fabricação de blocos cerâmicos pode ser uma excelente alternativa de reciclagem. O objetivo deste trabalho foi estudar a influência das raspas de couro quando misturadas à argila, considerando a absorção de água e a resistência mecânica dos blocos cerâmicos, propriedades importantes na fabricação dos mesmos.

PALAVRAS CHAVES: blocos cerâmicos; resíduos industriais; serragem de couro

INTRODUÇÃO: A transformação das peles em couros se dá em decorrência da passagem das mesmas por uma seqüência de processos e operações tais como: ribeira, curtimento, acabamento, rebaixamento (onde são geradas a serragem de couro. A quantidade de resíduo produzida é grande fazendo dos estudos de sua reutilização de grande importância para as empresas desta área. Estes resíduos também apresentam alta periculosidade ao homem e ao meio ambiente devido os altos teores de cromo (OLIVEIRA et al., p. 88, 2000). Apesar das melhorias nos processos de curtimento, através da utilização de quantidades cada vez menores, o cromo continua sendo insubstituível, ao mesmo tempo em que sua reciclagem continua apresentando custos elevados (SILVA et al., p. 53, 2001). Paralelamente a este aspecto deve-se ressaltar que uma melhor condição de operação de um processo de reutilização de raspas de couro ao cromo deverá garantir uma diminuição considerável de poluição do meio ambiente. A questão ambiental merece uma preocupação considerável, já que a legislação ambiental é mais rigorosa nos dias atuais e também existe a questão ética envolvida. Sabe-se que tratamento e destinação final dos resíduos sólidos é hoje, um dos grandes desafios da sociedade moderna. No entanto, escolher soluções coerentes e eficientes não é tarefa fácil, visto a complexidade do problema. É importante enfatizar que por ser um processo dinâmico e heterogêneo, não existem soluções padronizadas para os resíduos sólidos. A solução mais adequada deverá ser aquela que satisfaça os aspectos de controle ambiental com critérios técnico-científicos, econômicos, sociais e políticos de uma comunidade (COT et al. P.48, 1998).

MATERIAL E MÉTODOS: Primeiramente, pesou-se as amostras de blocos cerâmicos para determinação da sua capacidade de absorção de água. Em seguida, as amostras foram imersas em um tanque de 500 L cheio de água por um período de 24 horas. Após este período, retirou-se as amostras do tanque. Foi realizada uma nova pesagem das amostras em uma balança analítica, de forma a obter a massa úmida das mesmas. Feito isso, colocou-se as amostras em uma estufa por um período de 24 horas, até que toda a água fosse completamente evaporada. Após este intervalo de tempo, retirou-se as amostras da estufa, colocando-as em um dessecador para que esfriassem. Em seguida, pesou-se novamente as amostras em uma balança analítica para obter a massa seca. Após obter a massa úmida (tanque) e a massa seca (estufa) das amostras, determinou-se as absorções das mesmas. Mediu-se com um paquímetro – aproximação de 1,0 mm – o comprimento, a largura e a altura dos blocos a serem utilizados para a preparação dos corpos-de-prova. Os corpos-de-prova foram numerados e imersos em água potável durante 24 horas. Em seguida, retira-se os corpos-de-prova da água, enxugando-os superficialmente. Mediu-se as dimensões das faces de trabalho, com aproximação de 1,0 mm. Procedeu-se o ensaio de compressão, regulando os comandos da máquina de ensaio (prensa), de forma que a carga fosse elevada progressivamente à razão de, aproximadamente, 500 N/s. Obteve-se o limite de resistência para cada corpo-de-prova, expresso em MPa, dividindo-se a carga máxima, em N, observada durante o ensaio, pela média das áreas das duas faces de trabalho em mm2.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir dos valores obtidos no procedimento experimental, foram plotados gráficos de resistência à compressão e absorção de água das amostras de bloco cerâmico, Figuras 1 e 2 respectivamente. Foi possível observar, a partir do gráfico da Figura 2, que os valores de absorção de água das amostras aumentaram com a adição de 1% de serragem de couro cromada (SCC) na carga dos blocos. A constatação anterior pode ser explicada pelo fato da serragem de couro cromada (SCC) possuir propriedades higroscópicas. Através da análise do gráfico da Figura 1, comprovou-se que a adição de 1% de SCC às amostras de bloco cerâmico resultou no aumento de suas respectivas resistências à compressão. Em todos os casos, as amostras estavam de acordo com a norma NBR 7171, que estabelece, dentre outros parâmetros, os valores de resistência à compressão (em MPa) para as diferentes classes de blocos cerâmicos. Constatou-se, ainda, que há um aumento da resistência à compressão dos blocos com a adição de 1% de SCC, devido ao fato deste material indisponibilizar a água para o amassamento (OLIVEIRA et al., p. 88, 2000). A partir dos testes realizados, pode-se concluir que os blocos cerâmicos obtidos com a adição de serragem de couro cromada apresentaram características favoráveis à sua utilização na construção civil.

Figura 1

Resistência à Compressão dos Blocos Cerâmicos

Figura 2

Absorção de Água dos Blocos Cerâmicos

CONCLUSÕES: A adição de 1% de serragem de couro cromada (SCC) aos tijolos aumentou suas resistências à compressão, sendo que os valores obtidos se enquadraram aos parâmetros estabelecidos pela norma NBR 7171. A adição de 1% de SCC no compósito para a fabricação de blocos cerâmicos também resultou na absorção de água mais elevada dos mesmos, devido às propriedades higroscópicas da serragem de couro. Este método pode ser uma excelente alternativa para a reciclagem do SCC, que é um resíduo industrial. Dessa forma, cria-se um produto não só de acordo com as normas técnicas, mas também ecologicamente correto.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: J. COT, R. Carrió e L. F. Cabeza, “Chrome Recovery”, Leather, p.48-50, março, 1998.
P. E. OLIVEIRA; E. H. ARAÚJO e A. M. GOMES, Efeitos da Adição da Serragem de Couro Cromada (SCC) em Concreto, Ciência & Engenharia, Uberlândia, 9(1), p.88-93, 2000.
J. SILVA e E. V. M. VASLICH, Pirólise: Uma Alternativa na conversão de Resíduos Sólidos, SCIENTLA, V.9, n.2, p.53-67, 2001.