Autores

Azevedo, G.C. (IFRN/CN) ; Gonçalo, V.M.O. (IFRN/CN) ; Batista, W.S. (IFRN/CN) ; Ribeiro, M.E.N.P. (UFC)

Resumo

O ensino de Química Inorgânica Descritiva é extenso e está relacionado, basicamente, aos grupos e famílias da Tabela Periódica. Utilizou-se aulas expositivas no início da disciplina para embasamento teórico básico, seguidas de aulas de laboratório, de aulas de metodologia ativa de ensino, conhecidas como processo de aprendizagem orientado, guiado por questões (POGIL) e da apresentação de mini seminários por cada aluno visando promover melhor a dinâmica do processo de ensino-aprendizagem. A análise mostrou que as metodologias aplicadas, especialmente o POGIL, foram enriquecedoras e facilitadoras, aumentaram a relação interpessoal da turma e promoveram um processo de aprendizagem significativo, bem como promoveram uma formação docente embasada em outras metodologias de ensino.

Palavras chaves

Metodologia diferenciada; Ensino de Química; Relato de Experiência

Introdução

Um dos grandes desafios na área de formação de professores é tornar os conteúdos, que fazem parte das disciplinas dos cursos de licenciatura, interessantes o suficiente para despertarem no discente tanto a vontade de aprender como, e principalmente, a vontade de ensinar. Além do contato com os conteúdos das disciplinas de Química, o licenciando necessita ter contato com diferentes metodologias de ensino, de tal forma que ele possa ter uma formação diversificada que o permita ser um bom orientador e não apenas um mero transmissor de conteúdo. Diversas metodologias permitem uma formação diferenciada. O uso de aulas de laboratório e de apresentação de seminários são metodologias já aliadas ao método tradicional de ensino, que quando bem orientadas promovem bons resultados. A Metodologia Ativa de Ensino (MAE) estabelece modelos de ensino centradas no estudante e tem tido espaço crescente nos cursos da área da saúde. Por exemplo, no curso de farmácia da UFS, metodologias ativas promovem a independência na busca de conhecimento e o desenvolvimento da capacidade de resolução de problemas nos discentes (SILVA et al., p.55, 2013). Existem alguns modelos que são utilizados na MAE, dentre eles se destaca o Processo de Aprendizagem Orientado Guiado por Questões (Process Oriented Guided Inquiry Learning - POGIL). De forma geral, sabe-se que a disciplina de Química Inorgânica Descritiva é ministrada de forma tradicional. Desta forma, este trabalho promoveu o uso metodologias de ensino diversificadas (aula teórica inicial, aulas de laboratório, aulas de POGIL e apresentação de mini seminários por cada aluno) para esta disciplina, com vista a obter uma aprendizagem significativa, bem como propiciar aos alunos uma formação docente embasada em outras metodologias de ensino.

Material e métodos

A disciplina de Química Inorgânica Descritiva do Curso de Licenciatura em Química do IFRN é semestral, ministrada no 3° período do curso regular, contendo 6 créditos (carga horária de 120h/a) e tendo a disciplina de Química Geral II como pré-requisito. A ementa desta disciplina está relacionada a: Ligação Química – Uma Abordagem Mecânica-Quântica; Ocorrência, Métodos de Preparação, Propriedades Gerais, Compostos e Reações para o Hidrogênio; Elementos do Bloco “s” e Elementos do Bloco “p”; Tópicos Experimentais Fundamentados na Teoria Estudada (PPC, IFRN, p.82, 2012). Utilizaram-se aulas expositivas no início da disciplina para: orientação das metodologias a serem aplicadas e para embasamento teórico básico, seguido de aulas de laboratório, aulas de metodologia ativa de ensino, conhecidas como processo de aprendizagem orientado, guiado por questões (Process Oriented Guided Inquiry Learning - POGIL) e apresentação de mini seminários por aluno. A disciplina foi ministrada no semestre 2014.2 no IFRN Campus Currais Novos em uma turma de 10 alunos. Ao final da disciplina, aplicou-se um questionário contendo 10 questões, das quais as primeiras estavam relacionadas à idade, sexo, local de formação do Ensino Básico, conhecimento de Química antes do ingresso no curso superior. As outras 6 questões foram relacionadas à disciplina de Química Inorgânica Descritiva e metodologia utilizada. Das 10 questões aplicadas, 8 eram apenas objetivas, 1 objetiva-subjetiva e a última apenas subjetiva.

Resultado e discussão

O perfil dos alunos que participaram da disciplina de Química Inorgânica Descritiva é jovem (70% - 19 e 20 anos), com sexo feminino predominante (60%) e todos oriundos de escola pública. O nível de conhecimento prévio de Química da turma é básico, já sabendo o que é uma solução, por exemplo. Ao responderem sobre o grau de dificuldade da disciplina de Química Inorgânica Descritiva, os discentes julgaram como disciplina de grau normal (70%) e essencial e importante para a formação. 50% dos discentes consideraram as metodologias de ensino aplicadas parcialmente diferentes, enquanto 30% consideram totalmente diferentes. O uso combinado de metodologias, como as aulas práticas e os mini seminários - metodologias já conhecidas por eles- aliadas ao POGIL - que era a nova metodologia aplicada - promoveu essa diferença de opiniões (Figura 1). A maioria dos discentes considerou as metodologias aplicadas na disciplina mais eficazes que a metodologia expositiva, relatando que tais metodologias, com ênfase no uso do POGIL, promoveram maior interação entre os discentes, bem como o desenvolvimento da autonomia. O uso de metodologias ativas de ensino da Química é incipiente no Brasil. A maioria dos relatos de metodologias ativas de ensino é mais comum na área da saúde, com ênfase na Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) (LOPES et al., p. 1275, 2011; COVIZZI e LOPES-DE ANDRADE, p. 10, 2012). Não há relatos de uso do POGIL. Portanto, esta experiência mostrou que tais metodologias ativas de ensino devem ser estimuladas e praticadas nos cursos de Licenciatura em Química, visando formar professores críticos e reflexivos que vivenciem a importância da aprendizagem significativa, bem como propiciar aos alunos uma formação docente embasada em outras metodologias de ensino.

Figura 1. Metodologia utilizada na disciplina

Respostas dos discentes quanto à metodologia utilizada na disciplina: 1- Tradicional, 2 – Parcialmente diferente e 3- Totalmente diferente.

Conclusões

Acredita-se na importância do incentivo e aplicação de metodologias diversificadas, com ênfase em metodologias ativas de ensino para formação do docente de Química, as quais dão significado aos conteúdos, além de preparar os futuros licenciados para uma prática docente diferente, bem como o desenvolvimento de autonomia e maior compromisso na aprendizagem nos discentes envolvidos em tais metodologias.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao IFRN Campus Currais Novos por todo apoio.

Referências

1. ___________. Projeto Pedagógico do Curso Superior de Licenciatura em Química na modalidade presencial, 122p. Natal: IFRN, 2012.

2. COVIZZI, U.D.S.; LOPES-DE ANDRADE, P.F. Estratégia Para O Ensino do Metabolismo dos Carboidratos para o Curso de Farmácia, utilizando Metodologia Ativa de Ensino. Revista Brasileira em Ensino de Bioquímica e Biologia Molecular, v.10. n. 1, p 10-22, 2012.

3. LOPES, R. M.; SILVA FILHO, M. V.; MARSDEN, M.; ALVES, N. G. Aprendizagem baseada em problemas: uma experiência no ensino de química toxicológica. Química Nova [online]. v. 34, n.7, 1275-1280, 2011.

4. SILVA, J. A.; SIMÕES, R. A.; Di PIETRO, G.; WALKER, C. B.; SANTANA, D. C. A. S.; CARVALHO, A. A. Aplicação de Metodologias Ativas de Ensino em Química para o Curso de Fármacia da UFS. Infarma – Ciências Farmacêuticas, v. 26, s. 1, 1-122, 2013.