Autores

Duarte, E.D.O.S. (UFRR) ; Montero, I.F. (UFRR) ; Araujo, C.M.B. (UFRR) ; Santos, R.C. (CAPES)

Resumo

Alquimia é um dos conteúdos da disciplina de QA211 História e Filosofia da Química, do curso de licenciatura em Química da Universidade Federal de Roraima. Esse estudo relata a experiência vivida em 2017.1, com a abordagem sobre Alberto Magno. O objetivo foi divulgar suas contribuições alquímicas e avaliar a percepção dos alunos sobre esse alquimista. Este trabalho foi desenvolvido através de aulas teóricas, palestra, apresentação de desenhos e aplicação de duas perguntas aos alunos. As respostas dos alunos destacaram o fato de Alberto Magno ter conseguido conciliar sua fé e a curiosidade racional em estudar a Natureza, descoberto o arsênio, estudado as pedras e minerais e a sua perseverança em divulgar a Alquimia. Esse estudo motivou os alunos e serviu como fonte de inspiração.

Palavras chaves

Alquimistas; Formação de professores; Motivação de aprendizagem

Introdução

Alquimia, um dos períodos considerados na consolidação da ciência Química, é um dos assuntos das disciplinas relacionadas à História da Química, presentes nos currículos dos cursos de graduação em Química. Este período da história da Química destaca-se, por despertar grande interesse do aluno e buscando um maior envolvimento do aluno com esse assunto, ao longo da abordagem dos conteúdos dessa, foi dado ênfase ás contribuições do alquimista Alberto Magno. Diante deste contexto, esta pesquisa teve como objetivos divulgar as contribuições alquímicas de Alberto Magno e avaliar a percepção dos alunos sobre as contribuições desse alquimista para a sua formação de professor de Química. Alberto Magno (1193-1280), alemão, alquimista, frade dominicano, naturalista e seguidor de Aristóteles, além de ser considerado como o autor mais fértil da Idade Média (MAAR, p. 148, 1999). Curioso sobre a Matéria e forma, atuou em vários campos do conhecimento como Astrologia, Música, Alquimia, entre outros. Como discípulo da Igreja Católica foi responsável por demonstrar que a igreja não era totalmente contra o estudo da natureza e a ciência (ATTWATER et al., p.19,1993). Sendo muito respeitador da autoridade e a tradição dessa instituição, muitas vezes silenciava sobre diversos temas da astronomia e da física por acreditar que estas teorias eram muito avançadas para sua época, a ponto de não publicar muitos de seus trabalhos na área. O aristotelismo influenciou sua visão sobre a natureza e a filosofia, e deu-lhe um poderoso pensamento sistemático e grande habilidade explicativa. Entre seus grandes feitos destaca-se a sua contribuição ao método experimental, uma vez que ele considerava as etapas de observação, descrição e esclarecimento. Na sua percepção o conhecimento podia ser atingido por dois caminhos não excludentes, o da revelação e fé e o da filosofia e ciência, este último baseado nas autoridades do passado, observação e abstração. Como grande naturalista, contribui para o desenvolvimento das Ciências Naturais. Sua contribuição à Alquimia vai desde o reconhecimento da nobreza desse conhecimento, passando pela divulgação da importância desse conhecimento, até descoberta do arsênio no ano de 1250. Em "De Mineralibus", Alberto afirma que "o objetivo da filosofia natural [ciência] é não apenas aceitar as afirmações de outros, mas investigar as causas que estão em ação na natureza" (ALBERT & THOMAS, p.154,1988). Apesar de ser considerado um alquimista cético, pois negou muitas crenças em superstições, acreditava na transmutação dos metais, e em relação a esse princípio alquimista, para muitos estudiosos a descoberta do arsênio foi feita por ele. Em reconhecimento às contribuições de Alberto Magno à Igreja Católica e ao conhecimento científico, no ano 1622, foi canonizado pelo Papa Gregório XV e em 1941, foi designado padroeiro das Ciências Naturais. Vale destacar a atuação deste alquimista como professor nas universidades de Bolonha, Colônia e Launingen, a primeira na Itália e as duas últimas na Alemanha (MAAR, p. 149, 1999; ZAMBELLI, p. 26, 1992). O desenho é uma das formas que o homem usa para comunicar ideias, situações vividas, além de servir para informar o que é difícil de explicar com palavras (COOL e TEBERONSKY, 23, 2004). No ensino de química não é muito comum o uso de desenho, apesar de ser defendido como um instrumento psicológico que contribui para a atividade mental no que se refere ao armazenamento de informação e controle da ação pedagógico do indivíduo e foco, ainda é pouco usado como estratégia de fomentar a aprendizagem pelos professores de química (SANTOS e PAIXÃO, p. 20, 2015). Nesse trabalho, essa forma de manifestação do conhecimento foi empregada na elaboração de desenhos que retratassem as contribuições de Alberto Magno à Alquimia, visando assim motivar mais os alunos para a leitura e discussão do tema.

Material e métodos

A presente pesquisa foi realizada na disciplina QA211 História e Filosofia da Química, componente obrigatório do curso de licenciatura em Química da Universidade Federal de Roraima, ofertada no semestre de 2017.1, e foi desenvolvida nas seguintes etapas: (1) apresentação de aulas teóricas sobre Alquimia, destacando as informações sobre as contribuições do alquimista Alberto Magno. Etapa sob a responsabilidade da professora da disciplina; (2) Apresentação de palestra sobre Alberto Magno, ministrada por pesquisador, aluno de doutorado; (3) Apresentação de cartaz com desenhos retratando as contribuições de Alberto Magno; (4) Aplicação de questionário aos alunos com duas perguntas: (i) Explique a importância de estudar a figura de Santo Alberto Magno dentro do contexto da Alquimia e (ii) Qual é a contribuição de Santo Alberto Magno na formação de você como futuro licenciado em Ciências Química? e (5) análise das respostas dadas pelos alunos as duas questões aplicadas. Os resultados obtidos são discutidos de forma qualitativa.

Resultado e discussão

As informações dadas nas aulas foram sobre a nacionalidade, a sua dedicação à Igreja Católica, a descoberta do arsênio, entre outras informações, culminado com a indicação de leituras de diferentes autores sobre esse alquimista, visando assim promover e despertar o debate e a discussões, além do conhecimento, uma vez que a maioria não conhecia Alberto Magno e suas contribuições para o conhecimento da alquimia, buscando preparar mais o aluno para a palestra, que foi ministrada na aula seguinte, quem sabe assim contribuir para um debate da palestra com mais participação dos alunos. Antes de ministrar a palestra, foi distribuída aos alunos uma folha com as duas perguntas sobre o alquimista em estudo. Após a palestra, quando aberto o debate houve uma maior participação dos alunos em querer expressar o seu conhecimento sobre Alberto Magno. De modo geral, os depoimentos dos alunos sobre a palestra demonstraram satisfação e pediram para repetir esse procedimento de ministrar aula e ter uma palestra sobre o mesmo assunto em outros conteúdos. Quanto à análise das respostas dos alunos às perguntas, em relação à pergunta (i) é destacado a habilidade de Alberto Magno de conciliar sua fé e a curiosidade em se aprofundar no conhecimento da natureza usando a racionalidade e o intelecto, além da descoberta do arsênio e suas contribuições aos estudos das pedras e dos minerais; já em relação a pergunta (ii) as respostas destacaram a persistência e perseverança de Alberto Magno em vencer a adversidade de pensamento, religioso e conhecimento científico, na busca de respostas para maior compreensão da Natureza, bem como em divulgar o conhecimento, além da busca pelo equilíbrio entre o conhecimento religioso e científico. A apresentação dos desenhos impressionou muito aos alunos, pois os alunos não estão acostumados a receber e valorizar as informações do conhecimento química através do desenho, o que está de acordo com Santos e Paixão (2015). Essa boa aceitação deve-se não só pela beleza dos desenhos apresentado, mas também pelos argumentos da desenhista ao justificar cada desenho feito, além de dar esclarecimentos sobre a contribuição de Alberto Magno para a Alquimia. Para isso foram apresentados desenhos de livros, uma vez que ele foi um grande filósofo e conhecedor da obra de Aristóteles, o que corroborado por Attwater et al. (p.20, 1993) e Maar (p.148, 1999).

Figura 1 – Representação do alquimista Alberto Magno

A figura 1 busca retratar a relação conciliadora que Alberto Magno teve com o conhecimento científico e o conhecimento religioso.

Conclusões

Uma das maiores contribuições de Alberto Magno para a Alquimia foi a divulgação e credibilidade á essa área do conhecimento; Que Alberto Magno, segundo os alunos, é uma fonte de inspiração para sua formação de professor de Química, principalmente pela persistência e capacidade de conciliar o conhecimento religioso e científico; A abordagem da Alquimia através das aulas teóricas, palestra e desenho sobre Alberto Magno motivou os alunos para estudar mais sobre esse período da História da Química.

Agradecimentos

Ao DQ/CCT/UFRR pelo apoio na realização deste trabalho.

Referências

Albert & Thomas: selected writings, translated by Simon Tugwell, Classics of Western Spirituality, (New York: Paulist Press, (1988) [contains translation of Super Dionysii Mysticam theologiam]

ATTWATER, D.; JOHN, C. R. The Penguin Dictionary of Saints. 3rd edition. New York: Penguin Books, 1993. In: Collins, David J. "Albertus, Magnus or Magus?: Magic, Natural Philosophy, and Religious Reform in the Late Middle Ages." Renaissance Quarterly 63, no. 1 (2010): 1–44.

COOL, C.; TEBEROSKY, A. Aprendendo Arte: Conteúdos essenciais para o ensino Fundamental. São Paulo: Ática, 2004, p. 22-29.

MAAR, J. H. Pequena História da Química: primeira parte - dos primórdios a Lavoisier. v.1. Florianópolis: Papa-livro. 1999. p. 126-154.

SANTOS, J. P. M.; PAIXÃO, M. F. M. O Desenho no Ensino de Química: Uma análise através das concepções e perspectivas dos estudantes do ensino médio. XI SPPGDCI, 26-27/nov. 2015

ZAMBELLI, P. ; O Speculum astronomiae e seu enigma: astrologia, teologia e ciência em Alberto Magno e seus contemporâneos. Boston: Kluwer Academic Publishers, 1992) [Speculum astronomiae]