ÁREA: Química Orgânica

TÍTULO: COMPOSTOS VOLÁTEIS DE PRÓPOLIS PIAUIENSE – REGIÃO DO SEMI-ÁRIDO BRASILEIRO

AUTORES: TORRES, R. N. S. 1; CITÓ, A. M. G. L. 1; LOPES, J. A. D. 1
1UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ(GRACITO@UFPI.BR


RESUMO: RESUMO: Os compostos voláteis obtidos por microhidrodestilação de amostras de própolis, coletadas em três municípios do Estado do Piauí localizados na região do semi-árido brasileiro (Pio IX, Pedro II e Lagoa de São Francisco), foram analisados por CG-EM. Os voláteis foram caracterizados pela presença de mono e sesquiterpenos, além de outros constituintes, principalmente álcoois, aldeídos, ácidos e ésteres. Os compostos predominantes nos voláteis da amostra de própolis de Pio IX foram os monoterpenos, enquanto que nas amostras de Lagoa de São Francisco e Pedro II foram os sesquiterpenos. O a-pineno (29,56%) foi o monoterpeno majoritário na própolis de Pio IX. O β-cariofileno foi o sesquiterpeno majoritário nas amostras de Pedro II (10,22%) e Lagoa de São Francisco (16,37%).

PALAVRAS CHAVES: palavras-chave: própolis; voláteis; microhidrodestilação

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: Própolis é um material resinoso, produzido pelas abelhas a partir de exsudatos vegetais e tem sido utilizada para o tratamento de doenças em muitas partes do mundo (MARCUCCI, 1997). Devido às suas propriedades biológicas, ela tem amplas aplicações terapêuticas (BANKOVA et al., 1989). Mais de 300 compostos foram identificados em amostras de própolis coletadas em diferentes regiões (PEREIRA et al., 2002). Nas regiões de clima temperado a própolis é oriunda de exsudatos de botões florais de plantas da espécie Populus (choupo) (MARCUCCI, 2006). Em regiões de clima tropical, outras espécies de plantas são utilizadas como fonte de própolis e, portanto, a sua composição química difere substancialmente da própolis oriunda de Populus spp. Compostos voláteis estão presentes em baixas concentrações em própolis, porém, sua composição pode dar valiosas informações sobre sua origem. Nos países de clima tropical existem grandes diferenças na composição química dos voláteis de própolis obtidos a partir de diferentes localidades, dificultando a sua caracterização. Nosso estudo concentrou-se em amostras de própolis de municípios piauienses localizados na região do semi-árido brasileira.

MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de própolis foram coletadas no mes de agosto de 2004. 8g de cada amostra foram submetidas a microhidrodestilação por 3 horas. Os constituintes do hidrolato foram extraídos com diclorometano e os óleos essenciais obtidos foram mantidos sob refrigeração até a análise. As análises de CG-MS foram realizadas utilizado um cromatógrafo gasoso SHIMADZU GC-17A, acoplado a um espectrômetro de massas GCMS QP5050A, equipado com coluna capilar DB-5 (50m de comprimento, 0,25 mm de diâmetro interno e 0,25 μm de espessura do filme). As condições de operação foram as seguintes: injetor a 150ºC, interface a 280ºC e coluna programada para operar a 75ºC (8 min.); depois 6ºC.min-1 até 200ºC (4 min.); a seguir 10ºC.min-1 até 270ºC (15 min.). Utilizou-se hélio como gás de arraste, ao fluxo constante de 0,3 mL.min-1. O detector seletivo de massas foi operado no modo de ionização por impacto eletrônico, com energia de ionização de 70 eV. Os constituintes voláteis foram identificados por comparação dos espectros de massas obtidos com os registros da biblioteca computacional Wiley229 e dos índices de retenção relativos com dados da literatura (ADAMS, 1995).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados quantitativos da análise dos óleos essenciais das três amostras de própolis estão resumidos na tabela 1. Os compostos identificados corresponderam a 73,22%, 92,72% e 94,52% das áreas de integração dos cromatogramas das amostras de Pedro II, Pio IX e Lagoa de São Francisco, respectivamente. Todos os óleos apresentaram monoterpenos, sesquiterpenos, álcoois, aldeídos, ácidos graxos e seus ésteres e hidrocarbonetos alifáticos. Os óleos essenciais da amostra de Pio IX foram caracterizados pela predominância de monoterpenos (53,06%). O seu constituinte majoritário foi o a-pineno (29,56%). Já os óleos das amostras de Lagoa de São Francisco e Pedro II apresentaram preferencialmente sesquiterpenos na sua composição, correspondendo, respectivamente, a 66,80% e 44,55% dos seus teores. O b-cariofileno (16,37% e 10,22%, respectivamente) foi o principal constituinte destas amostras. Os ésteres encontrados nas amostras de própolis analisadas são, em geral, ésteres metílicos e etílicos, o que as diferencia das amostras de própolis de regiões temperadas, cujos componentes alcoólicos contêm de 2 a 5 átomos de carbono (GREENWAY et al., 1990).




CONCLUSÕES: CONCLUSÕES: As amostras de própolis investigadas no presente trabalho apresentaram diferenças substanciais na sua composição química. Dependendo da região de coleta, pode haver predominância de monoterpenos ou sesquiterpenos. Além da variação na composição qualitativa dos constituintes voláteis dos óleos, ocorreram também variações na sua composição quantitativa, o que sugere a presença de diferentes tipos de plantas utilizadas pelas abelhas como fonte para a produção de própolis nos locais onde as amostras foram coletadas.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1. ADAMS, R.P. 1995. Identification of Essential Oil Components by Gas Chromatography/Mass Espectroscopy, 2nd. ed., Allured Publishing Corporation: Illinois, 1995
2. BANKOVA, V.S.;POPOV, S.S.;MAREKOV, N.L. 1989. Isopentenil cinnamates from poplar buds and propolis. Phytochemistry, 28: 871-873
3. GREENWAY, W.; SCAYSBROOK, T.; WHATLEY, F. 1990. Identification by gas-chromatography-mass spectroscopy of 150 compounds in propolis. Zeitschrift für Naturforschung, 46c: 111-121.
4. MARCUCCI, M.C. 1997. Propolis: chemical composition, biological properties and therapeutic activity. Apidologie, 26: 83-99
5. MARCUCCI, M.C. 2006. Própolis tipificada: um novo caminho para a elaboração de medicamentos de origem natural, contendo este produto apícola. Fitos, 3: 36-46.
6. PEREIRA, A.S.; SEIXAS, F.R.M.S.; AQUINO NETO, F.R. 2002. Própolis: 100 anos de pesquisa e suas perspectivas futuras. Química Nova, 25: 321-326.