ÁREA: Química dos Alimentos

TÍTULO: TEORES DE ÁCIDO FÓLICO E FERRO EM FLOCOS DE MILHO ENRIQUECIDOS COMERCIALIZADOS EM SALVADOR/BA

AUTORES: DRUZIAN, J. I. - LABORATóRIO DE PESCADOS E CROMATOGRAFIA APLICADA – LAPESCA.
CARVALHO, R. D. S. - LABORATóRIO DE BROMATOLOGIA.
SILVA, L.T. - LABORATóRIO DE PESCADOS E CROMATOGRAFIA APLICADA – LAPESCA.
SILVA, J. R. - LABORATóRIO DE PESCADOS E CROMATOGRAFIA APLICADA – LAPESCA.
SOUZA, C. O. - LABORATóRIO DE PESCADOS E CROMATOGRAFIA APLICADA – LAPESCA.
GALDINO, F. S. S. - LABORATóRIO DE PESCADOS E CROMATOGRAFIA APLICADA – LAPESCA.
RIBEIRO, M. S. - LABORATóRIO DE BROMATOLOGIA.

DEPARTAMENTO DE ANALISES BROMATOLóGICAS. FACULDADE DE FARMáCIA. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA. R. BARãO DE JEREMOABO, S/N. CAMPUS UNIVERSITáRIO DE ONDINA. SALVADOR (BA)- CEP 40.170-290 (DRUZIAN@UFBA.BR)


RESUMO: Devido a grande carência nutricional da população brasileira e ao alto consumo de farinhas, a ANVISA, através da RDC344 de 13/12/2002, tornou obrigatória a fortificação das farinhas de trigo e de milho com ferro e ácido fólico (AF) em quantidades superiores a 4,2mg/100g e 150mcg/100g, respectivamente. Foram avaliadas três marcas de flocos de milho comercializadas em Salvador-BA, com descrição da presença de ácido fólico e ferro no rótulo, totalizando 14 amostras, no período de 09/2004 a 11/2005, por CLAE (290nm) e Espectrofotometria (510nm).Foram encontrados valores médios de 159,87±1,23mcg de AF e 8,91±2,31mg Fe, por 100g de flocos, portanto concordantes com os rótulos e resolução.Como a consumo de flocos de milho é alto no NE pode contribuir para diminuição de malformações congênitas.

PALAVRAS CHAVES: flocos de milho, fortificação, rdc nº 344

INTRODUÇÃO: A baixa ingestão de ácido fólico (AF) tem sido relacionada a doenças graves, como cardíacas, câncer e principalmente as malformações congênitas (BARTON et al., 2005). A ingestão suficiente de AF antes da concepção e início da gravidez diminui o risco de defeitos nos tubos neurais do feto: espinha bífida, anencefalia, e encefalocele (GREGORY, 1969). De acordo com dados de RANUM (2002) e SAZAWAL et al., (2006) a suplementação com AF diminui este risco de 50 a 75%. Dentre os metais de transição, o ferro desempenha funções importantes no transporte de oxigênio e na respiração celular, e sua carência esta relacionada a anemias. Os altos índices de doenças causadas pela deficiência de AF e Fe na população brasileira, levaram o Ministério da Saúde através da ANVISA, a tornar obrigatória a fortificação das farinhas de trigo e milho. Com isso, as farinhas e produtos, como pães, macarrão, biscoitos, misturas para bolos, etc. deverão apresentar maior quantidade de ferro e ácido fólico em sua formulação final. Dentro deste panorama, o objetivo deste trabalho foi avaliar se flocos de milho enriquecidos, e de alto consumo no NE (cuscuz, canjica) estão sendo fortificados com níveis adequados.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram avaliadas três marcas (A, B, e C) de flocos de milho mais comercializadas nos supermercados de Salvador-BA, com descrição da presença de ácido fólico (AF) e ferro no rótulo, totalizando 14 amostras, no período de 09/2004 a 11/2005. O AF foi extraído com H2SO4 0,1N, sob agitação em ultrassom (CATHARINO et al., 2001 e 2003) e clarificado com metanol a -18°C (LIMA, 1985). O teor de AF foi determinado por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE/290nm Perkin Elmer Series200), com coluna de fase reversa Spheri-5 ODS (220mm x 4,6mm x 5µm). A fase móvel acetonitrila:tampão acetato (pH=2,8), com gradiente: inicial (10:90), 8 min. (24:76), totalizando 30 minutos de corrida (0,5ml/min). A quantificação do ácido fólico foi feita por padronização externa. Para determinação espectrofotométrica de Fe, nas amostras foi adicionando HCl e hidroxialamina com ebulição. Depois do esfriamento, adicionou-se tampão de acetato de amônio e fenantrolina, e a leitura foi feita em Espectrofotometro Micronal B442 (510nm) e a quantificação com curva-padrão (IAL, 1985).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A importância de monitoramento de alimentos com relação a níveis de enriquecimento é uma preocupação, no sentido de fornecer ao consumidor as quantidades estipuladas no rótulo. Os resultados de AF(Figura1) encontrados para flocos de milho variaram de 149,83 a 270mcg/100g de flocos. Para o Fe foram encontrados valores de 5,13 a 11,87 mg/100g de flocos. Para a marca A (AF=162,62±2,45 e Fe=7,59±2,23); B (AF=158,13±2,46 e Fe=10,07±1,46) e C (AF=204,27±2,40 e Fe=9,18±2,65)(Tabela 1). Os valores médios entre todas as amostras foram de 159,87±1,23mcg de AF, e 8,91±2,31mg de Fe, por 100g de floco de milho. A avaliação dos resultados mostrou que todas as amostras analisadas encontram-se estatisticamente dentro dos valores estabelecidos pela RDC n° 344, e de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde. Os produtos escolhidos para o enriquecimento com ácido fólico nos EUA são principalmente os cereais matinais, as farinhas e o macarrão, entre outros (RANUM, 2002; BARTON et al., 2005). No Brasil, o processo de enriquecimento de alimentos com acido fólico vem incluindo uma ampla variedade de produtos, em especial farinhas.




CONCLUSÕES: Observa–se pelos resultados obtidos, que o enriquecimento de flocos de milho está sendo realizado, e as concentrações de ácido fólico e de ferro foram concordantes em relação às declaradas nos rótulos. Como a consumo de flocos de milho é alto no NE pode contribuir para diminuição de malformações congênitas e doenças adquiridas devido baixa ingestão.

AGRADECIMENTOS:FAPESB

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Resolução RDC nº 344, de 13 de dezembro de 2002. Aprova o Regulamento Técnico para a Fortificação das Farinhas de Trigo e das Farinhas de Milho com Ferro e Ácido Fólico , constante do anexo desta Resolução. D.O.U. - Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 18 de dezembro de 2002.
BARTON, et al. The relationship of breakfast and cereal consumption to nutrient intake and body mass index: the National Heart, Lung, and Blood Insitute Growth and Health Study. J. of the American Dietetic Association,105(9): 1383-1389, 2005.
CATHARINO, R. R.; GODOY, H. T. Otimização da determinação de ácido fólico em leites enriquecidos através da análise de superfície de resposta. Ciênc. Tecnol. Aliment., vol.21, no.3, p.326-329, 2001.
CATHARINO, R. R.; VISENTAINER, J. V.; GODOY, H. T. Avaliação das condições experimentais de CLAE na determinação de ácido fólico em leites enriquecidos. Ciênc. Tecnol. Aliment., vol.23, no.3, p.389-395, 2003.
GREGORY, J. F. Chemical and nutritional aspects of folate research: analytical procedures, methods of folate synthesis, stability, and bioavailability of dietary folates. Advanc. Food Nutrit. Res. v. 33, p. 1–101, 1969.
IAL-INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Métodos Químicos e Técnicas para Análise de Alimentos. 3º Edição, São Paulo. 1985.
LIMA, J. A.; CATHARINO, R. R.; GODOY, H. T. Ácido fólico em leite e bebida láctea enriquecidos: estudo da vida-de-prateleira. Ciênc. Tecnol. Aliment., vol.24, no.1, p.82-87, 2004.
RANUM, P. Quality assurance for wheat flour fortification. Cereal Foods World. 47(7): 332-333, 2002.
SAZAWAL, et al. Effects of routine prophylactic supplementation with iron and folic acid on admission to hospital and mortality in preschool children in a high malaria transmission setting: community-based, randomised, placebo-controlled trial. Lancet. 367(9505): 133-143, 2006.