ÁREA: Química dos Alimentos

TÍTULO: FÉCULA DO LÍRIO-DO-BREJO DO CERRADO GOIANO

AUTORES: ALEXANDRIA, L.S. DE - UEG/UNUCET
MELO, K.R.D. - UEG/UNUCET
SANTOS, M.P. DOS - UEG/UNUCET
ASCHERI, D.P.R. - UEG/UNUCET


RESUMO: No Brasil, o lírio-do-brejo é considerado uma espécie exótica invasora, entretanto, devido ao elevado teor de fécula apresenta potencial de uso como matéria-prima na extração de fécula comercial. Para isso há necessidade de estudar o processo de extração e caracterização do produto obtido. Os resultados indicaram a necessidade de bissulfito de sódio na água de extração para evitar o escurecimento da massa. O rendimento foi de 5,34% em relação à matéria-prima inicial. A fécula obtida apresentou 11,89% de umidade, 87,43% de amido, 0,26% de cinzas, 0,02% de matéria graxa, 0,09 de fibras, 1,73% de proteína e 0,04% de açúcares redutores. A densidade absoluta foi de 1,4232g/mL e o pH e acidez titulável de 6,3 e 0,013 g de ac. Cít./100g, respectivamente.

PALAVRAS CHAVES: hedychium coronarium,amido,rizoma.

INTRODUÇÃO: O lírio-do-brejo (Hedychium coronarium) é uma macrófita aquática da família Zingiberaceae que tem sua origem na região do Himalaia (SANTOS et al., 2005). Foi introduzido no Brasil desde 1987, disseminando-se pelo país e, hoje em dia, considera-se uma espécie exótica invasora causando a redução da população de espécies nativas e perda efetiva da biodiversidade. Atualmente vem se estudando o manejo e o controle desta praga (RAMSAR, 2006; SANTOS et al., 2005), no entanto, há a necessidade de estudar a utilidade desta espécie quanto à fécula, um dos seus componentes majoritários, que pode ser aproveitamento na indústria, significando uma alternativa para aumentar a renda familiar das áreas pobres do estado de Goiás, por esse motivo, no presente trabalho estudou-se um método de extração e caracterização do amido dos rizomas do lírio-do-brejo do cerrado goiano.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram coletadas rizomas de lírio-do-brejo nos arredores do município de Anápolis-GO, selecionadas de acordo com o estado de maturação e tamanho. A extração e purificação da fécula foram feitas seguindo o fluxograma da Figura 1 segundo LEONEL et al (2002) com modificações. O balanço de massa do processo foi calculado pela relação entre o peso dos rizomas e da fécula produzida. Dos rizomas foi determinada a umidade (IAL, 1986) e a fécula foi caracterizada quanto a pH, acidez titulável, umidade, cinzas, amido, açúcares totais, fibras, matéria graxa e proteína (AACC, 1995). A densidade absoluta foi determinada por deslocamento de líquido segundo SCHOCH & LEACH (1964) utilizando-se um picnômetro de 50mL.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A determinação de umidade dos rizomas de lírio-do-brejo mostrou teor de matéria seca de 10%, com elevado teor de fécula (53,30% em base seca), resultados estes promissores considerando-se o objetivo de processamento deste rizoma para extração de fécula. No processamento dos rizomas, observou-se a necessidade de uso do antioxidante bissulfito de sódio em toda a água utilizada no processo de extração, devido ao rápido escurecimento da massa desintegrada, fato que pode ser um fator limitante na extração de féculas comerciais. O balanço de massa do processo de extração da fécula de lírio-do-brejo mostrou rendimento de 5,34% em relação ao peso fresco dos rizomas. Análises realizadas na fécula de lírio-do-brejo (Tabela 1) mostraram que o amido preenche os requisitos mínimos estabelecidos pela legislação brasileira (BRASIL, 1978). O processo de extração pode ser considerado eficiente, uma vez que os teores de substâncias acompanhantes foram baixos.




CONCLUSÕES: A partir dos resultados obtidos foi possível concluir que os rizomas de lírio-do-brejo (Hedychium coronarium) apresentam composição potencialmente adequada para uso como matéria-prima amilácea. Em face do rápido escurecimento durante o processamento, faz-se necessário o uso de inibidores de oxidação para obtenção de amido de coloração clara.

AGRADECIMENTOS:À Universidade Estadual de Goiás (UEG/GO).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:AACC (American Association of Cereal Chemists). 1995. Approved methods of the American Association of Cereal Chemists. 9th ed. St. Paul: AACC, vol. 2.
BRASIL. Leis, decretos, etc. Decreto nº 12.486 de 20 de outubro de 1978. Normas técnicas especiais relativas a alimentos e bebidas. Diário Oficial do Estado de São Paulo, 21 out., 1978. p.20.
IAL (INSTITUTO ADOLFO LUTZ). 1985. Normas Analíticas del Instituto Adolfo Lutz: Métodos químicos y físicos para análises de alimentos. 3 ed. São Paulo: IAL. 195 p.
LEONEL, M.; SARMENTO, S.B.S.; CEREDA, M.P; GUERREIRO, L.M.R. Extração e caracterização do amido de biri (Canna edulis). Braz. J. Food Technol., v. 5, p. 27-32, 2002.
RAMSAR, COP 7 DOC. 24. Invasive species and Wetlands. The Ramsar convention on Wetlands. Backgraund document. 12/01/2001. Disponível em: . Acesso em 21 jun. 2006. p. 1-7.
SANTOS, S. B.; PEDRALLI, G.; MEYER, S. T. Aspectos da fenologia e ecologia de Hedychium coronarium (Zingiberaceae) na estação ecológica do Tripuí, Ouro Preto-MG. Planta Daninha, v. 23, n. 2, p. 175-180, 2005.
SCHOCH, T. J.; LEACH, W. H. 1964. Determination of absolute density; liquid displacement. In: WHISTLER, R. L.; WOLFROM, M. L. Ed. Methods in carbohydrates chemistry. New York: Academic Press, v. 4. p. 101.