ÁREA: Bioquímica e Biotecnologia

TÍTULO: ATIVIDADE MICROBICIDA DE COMPOSTOS ORGANOGERMÂNICOS SOBRE AS BACTÉRIAS KLEBSIELA PNEUMONIAE E SERRATIA MARCESCENS

AUTORES: BARBIÉRI, ROBERTO S. - UNINCOR - FAMINAS
GUEDES, L.C.V. - UNINCOR - UNIS
PÓVOA, H.C.C. - FAMINAS
SILVA, V.V. - UNINCOR - CDTN
BORGES, M.F. - UNINCOR
FONSECA, E.A. - UNINCOR

RESUMO: Em levantamento no Chemical Abstracts, a partir do Portal Periódicos da CAPES, encontraram-se 332 referências relativas a “organogermanium compounds”, sendo a mais antiga de 1951, separadas em 228 (68,7%) artigos gerais, 85 (25,6%) patentes e 19 (5,7%) revisões. Das patentes, 52 (61,2%) foram registradas em 1981-89, revelando destaque para aplicações biotecnológicas dos compostos organogermânicos (CO’s). Neste trabalho avaliou-se o potencial microbicida de cloreto de trimetilgermânio (A) e de trifenilgermânio (C) sobre cepas das bactérias Klebsiela pneumoniae (I) e Serratia marcenscens (II), que foram comparados com os dos cloretos de trimetilestanho (B) e de trifenilestanho (D). A e C não inibem o desenvolvimento de I e A somente inibe o de II a partir de 18 h de exposição.

PALAVRAS CHAVES: compostos organogermânicos, atividade microbicida; bactérias.

INTRODUÇÃO: O primeiro composto organogermânico (CO), Et4Ge, descrito em 1887, foi por muito tempo o único exemplo conhecido da classe. O interesse pelos CO’s só se deu depois de 1925 e somente em 1969 foi publicado um livro sobre estes compostos. Entre as aplicações tecnológicas destacam-se as propriedades catalíticas de complexos organogermânicos com metais de transição, na forma de catalisadores ou de co-catalisadores em reações de rearranjos de alquenos, de hidroformilação de alquenos e aldeídos e de transesterificação, entre outras. Os CO’s são utilizados como aditivos em polímeros, na produção de semicondutores, e como agentes biocidas e fungicidas, sendo substâncias responsáveis pelo crescimento de plantas e secagem de material fotográfico. Nos últimos 30 anos os CO’s têm sido mais sistematicamente investigados quanto às atividades biológicas, incluindo aspectos sobre toxicidade, até em humanos (BORGES, 2005). Neste trabalho descreve-se a avaliação do efeito microbicida dos cloretos de trimetilgermânio (A) e de trifenilgermânio (C) sobre cepas das bactérias Klebsiela pneumoniae e Serratia marcenscens, que são comparados aos dos cloretos de trimetilestanho (B) e de trifenilestanho (D).

MATERIAL E MÉTODOS: Para determinar a concentração inibitória mínima, partiu-se de culturas puras de cepas ATCC, cedidas pelo INCQS/FIOCRUZ-RJ. A a D foram diluídos a 1,0 mg mL-1 em solução NaCl 0,85 % peptonada a 1%. Alíquotas de 10 μL de cada meio foram transferidas para tubos contendo 0,9 mL de solução NaCl peptonada a 1%, obtendo-se diluições de 10-1 mg L-1. Repetiu-se o procedimento, obtendo-se concentrações de 10-2 e 10-3 mg L-1. De culturas das bactérias Klebsiela pneumoniae e Serratia marcescens, com 24 h de cultivo em ágar padrão para contagem de bactérias Müeller-Hinton, foram preparadas suspensões em solução NaCl 0,9%, com densidade óptica 0,1 a 450 nm. A cada diluição de A a D foram acrescentados 10 μL da suspensão de cada microrganismo e incubadas a 36±1 ºC por 1, 18 e 48 h. Em seguida, alíquotas de 10 μL de cada suspensão foram plaqueadas em triplicata em ágar PCA e reincubadas a 36±1 ºC por 18 h, ao final do qual foram detectadas a presença ou não do crescimento de colônias das bactérias. Como controle positivo foram incubadas alíquotas das suspensões microbianas sem exposição prévia aos compostos e como controle negativo foram incubados meios de cultivo não semeados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Nos períodos de exposição estudados pode-se observar que o cloreto de trimetilgermânio (A) e cloreto de trifenilgermânio (C), em nenhuma das concentrações utilizadas foi capaz de inibir o desenvolvimento de colônias de bactéria Klebsiela penumoniae. Em relação à bactéria Serratia marcescens, o composto A inibiu completamente seu desenvolvimento, em qualquer concentração a partir de 18 h de exposição, diferente do composto C, que não inibiu o crescimento da bactéria em nenhuma das concentrações utilizadas. Por outro lado, o cloreto de trimetilestanho (B) e o cloreto de trifenilgermânio (D), em todas as concentrações utilizadas apenas não inibiu o desenvolvimento de colônias de ambas bactérias durante a primeira hora de exposição.




CONCLUSÕES: O composto A, significativamente menos tóxicos que os compostos organoestânicos B e D, foi capaz de inibir o crescimento de Serratia marcescens depois de uma hora de exposição, o que não ocorreu em relação à Klebsiela pneumoniae. Este fato é de significativa importância tendo em vista que a Serratia marcescens, um patógeno relativamente mais agressivo que a Klebsiela, tem um poder tão efetivo na contaminação que chegou a ser utilizada em testes como arma biológica, podendo ser encontrada inclusive em detergentes usados para higienização hospitalares (FERNANDES et al., 2000; SCHAECHTER, 2002).

AGRADECIMENTOS:À Universidade Vale do Rio Verde - UninCor, de Três Corações-MG, e à Faculdade de Minas - FAMINAS, de Muriaé-MG, pelo apoio recebido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:BORGES, Marilange Ferreira. Atividade bactericida de compostos organogermânicos e organoestânicos sobre Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli. 52 p. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia) - Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, 2005.
FERNANDES, Antonio Tadeu et al. Infecção hospitalar e suas interfaces na área da saúde. São Paulo : Atheneu, 2000.
SCHAECHTER, Moselio et al. Microbiologia: mecanismos das doenças infecciosas. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2002.