ÁREA: Bioquímica e Biotecnologia

TÍTULO: ATIVIDADE MICROBICIDA DE COMPOSTOS ORGANOESTÂNICOS SOBRE O FUNGO MUCOR SP.

AUTORES: BARBIÉRI, ROBERTO S. - UNINCOR - FAMINAS
GUEDES, L.C.V. - UNINCOR - UNIS
PÓVOA, H.C.C. - FAMINAS
SILVA, V.V. - UNINCOR - CDTN
BORGES, M.F. - UNINCOR
FONSECA, E.A. - UNINCOR

RESUMO: Neste trabalho estudou-se o efeito microbicida dos compostos organoestânicos R3SnX, R2SnCl2, Ph2SnO e (Ph3Sn)2O (R = Me, Et, Bu, Ph; X = Cl, Br) sobre o fungo Mucor sp., significativo agente etiológico de infecções nosocomiais. Ao contrário do esperado, de ser o derivado tributilestânico, Bu3SnBr, o composto com a atividade microbicida mais intensa, verificou-se que todos os compostos apresentaram atividades idênticas, exceto pelo Ph2SnO, que não inibiu o desenvolvimento fúngico em nenhuma das condições estudadas. Sendo significativamente menos tóxicos que os compostos butilestânicos, os derivados metilestânicos ou fenilestânicos despontam como princípios ativos eficazes para sanitizantes de ambientes hospitalares.

PALAVRAS CHAVES: compostos organoestânicos, atividade microbicida; mucor sp.

INTRODUÇÃO: Compostos organoestânicos, principalmente os acetatos triorganoestânicos são substâncias microbicidas, cuja intensidade de ação é afetada pela natureza dos radicais alquila ou arila coordenados ao átomo de estanho, existindo uma dependência da atividade microcida com a natureza dos ligantes orgânicos. Já foi comprovado que à medida que aumenta o tamanho da cadeia orgânica do radical alquila, de metila até butila, a atividade biológica dos acetatos triorganoestânicos sobre fungos é intensificada e, de forma inversa, a atividade biológica sobre mamíferos e insetos decresce na mesma ordem (EVANS; KARPEL, 1985; OMAE, 1989). Tendo em vista que o fungo Mucor sp., significativo agente etiológico de infecções nosocomiais, tem sido observado em número significativo de isolamentos a partir de pacientes internados no Centro Brasileiro de Oncologia, de Muriaé-MG, avalia-se neste trabalho o efeito microbicida de compostos organoestânicos dos tipos R3SnX, R2SnCl2, Ph2SnO e (Ph3Sn)2O (R = Me, Et, Bu, Ph; X = Cl, Br), sobre o referido fungo, com vistas à realização de posteriores experimentos visando a sanitização de ambientes hospitalares (FERNANDES et al., 2000).

MATERIAL E MÉTODOS: Para determinar a concentração inibitória mínima dos compostos organoestânicos, partiu-se de cultura pura de cepa ATCC, cedida pelo INCQS/FIOCRUZ-RJ. R3SnX, R2SnCl2, Ph2SnO e (Ph3Sn)2O (R = Me, Et, Bu, Ph; X = Cl, Br) foram diluídos a 1,0 mg mL-1 em solução NaCl 0,85 % peptonada a 1%. Alíquotas de 10 μL de cada meio foram transferidas para tubos contendo 0,9 mL de solução NaCl peptonada a 1%, obtendo-se diluições de 10-1 mg L-1. Repetiu-se o procedimento, obtendo-se concentrações de 10-2 e 10-3 mg L-1. De cultura do fungo Mucor sp. em ágar Saboraud, foram preparadas suspensões em solução NaCl 0,9%, com densidade óptica 0,1 a 450 nm. A cada diluição dos compostos organoestânicos foram acrescentados 10 μL da suspensão de cada microrganismo e incubadas a 36±1 ºC por 1, 18 e 48 h. Em seguida, alíquotas de 10 μL de cada suspensão foram plaqueadas em triplicata em ágar PCA e reincubadas a 36±1 ºC por 18 h, ao final do qual foram detectadas a presença ou não do crescimento de colônias do fungo. Como controle positivo foram incubadas alíquotas da suspensão fúngica sem exposição prévia aos compostos e como controle negativo foram incubados meios de cultivo não semeados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: De modo geral, a grande maioria dos fungos não é patogênica, porém podem ser associados a doenças. A virulência desses organismos está ligada a algumas condições que são características de ambientes nosocomiais, como temperatura, pH fisiológico, deficiência no sistema imunológico dos pacientes e a presença de estruturas, como ventiladores e aparelhos de ar condicionado, que podem aumentar a dispersão dos mesmos no ambiente. Os compostos organoestânicos Me3SnCl, Et3SnBr, Bu3SnBr, Ph3SnCl, Me2SnCl2, Bu2SnCl2, Ph2SnCl2, Ph2SnO e (Ph3Sn)2O foram utilizados em experimentos “in vitro”, visando avaliá-los como possíveis agentes microbicidas visando inibir o desenvolvimento de fungos Mucor sp. em ambientes hospitalares. Nas concentrações estudadas, nenhum dos compostos impediu o desenvolvimento do fungo com o tempo de incubação de uma hora. Com exceção do óxido de difenilestanho, Ph2SnO, todos os outros compostos, inibiram completamente o crescimento do fungo nos tempos de incubação de 18 e 48 horas, em todas as concentrações estudadas, independentemente da natureza do radical orgânico coordenado ao átomo de estanho.




CONCLUSÕES: Demonstrou-se que não há diferença nos efeitos microbicidas dos haletos tri- e diorganoestânicos e do (Ph3Sn)2O empregados sobre Mucor sp. O resultado é interessante, pois compostos tributilestânicos são os agentes mais eficientes sobre fungos, sendo, no entanto, os mais tóxicos ao meio ambiente, de uso restrito Brasil (CONAMA, 2005) ou proibidos em diversos países. Na seqüência do trabalho, no processo de avaliação do efeito de sanitização desses compostos, prevê-se o uso de derivados metilestânicos ou até fenilestânicos, significativamente menos tóxicos que os derivados butilestânicos.

AGRADECIMENTOS:À Universidade Vale do Rio Verde - UninCor, de Três Corações-MG, e à Faculdade de Minas - FAMINAS, de Muriaé-MG, pelo apoio recebido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:CONAMA - CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução CONAMA no 357 - Classificação das águas, de 17 de março de 2005, Diário Oficial da União, Brasília, DF, 31 mar. 2005. Seção 1.
EVANS, Colin J.; KARPEL, Stephen. Organotin compounds in modern technology. Amsterdam: Elsevier, 1985.
FERNANDES, Antonio Tadeu et al. Infecção hospitalar e suas interfaces na área da saúde. São Paulo: Atheneu, 2000.
OMAE, Iwao. Organotin chemistry. Amsterdam: Elsevier, 1989.