ÁREA: IC-Iniciação Científica

TÍTULO: IDENTIFICAÇÃO E ESTUDO DE NOVOS CORANTES PARA A AGUARDENTE DE MANDIOCA (TIQUIRA)

AUTORES: SOUZA,L.S.-UFMA; SANTOS,G.S.-UFMA, BEZERRA,C.W.B-UFMA; SANTANA,S.A.-UFMA; SILVA,H.A.S.-UFMA

RESUMO: O presente trabalho propõe novos corantes para aguardente de mandioca (tiquira) com a intenção de substituir o cristal violeta, um potencial agente cancerígeno. Corantes vermelho e azul, utilizados na confecção de alimentos, originam a mesma coloração do cristal violeta quando misturados. Assim produziram-se duas soluções 0,015% (v/v) que foram misturadas até a obtenção da coloração desejada e da onde se calculou as quantidades para um litro (18,75µL de corante vermelho e 30,3µL de corante azul). Por UV-vis avaliou-se a estabilidade de amostras frente à variação de luz, temperatura e matriz em função do tempo, onde se concluiu pelas comparações dos espectros eletrônicos que nenhuma alteração espectral significativa foi observada que configurasse alteração na composição do sistema.

PALAVRAS CHAVES: cristal violeta, corantes e tiquira.

INTRODUÇÃO: A cor está presente e tem influência em vários momentos do nosso dia-a-dia bem como em nossas escolhas, principalmente quando falamos em alimentos. A aceitação de um alimento está intimamente relacionada à aparência, ou seja, as suas características sensoriais. E sendo comuns alimentos industrializados terem suas cores afetadas durante o seu processamento à utilização de corantes é inevitável. No Maranhão uma bebida muito apreciada é obtida a partir da mandioca, a tiquira tem como grande atrativo a coloração azulada adquirida com adição de folhas de tangerina durante a etapa da destilação. Porem essa coloração não é mantida devido à natureza volátil dos compostos que imprimem a cor (SANTOS, G. S, 2001) fazendo com que produtores buscassem o crista violeta um corante violeta muito usado na medicina e em processos industriais desde 1890. A literatura mostra que sua ingestão pode causar diversos efeitos colaterais e o classifica como um agente mutagênico e como um poderoso veneno mitótico (SAQUIB, M, 2003). Esse trabalho tem então o principal objetivo de identificar corantes alimentícios que possam substituir o cristal violeta de forma segura na manutenção da coloração da tiquira.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram analisados dois corantes alimentícios artificiais da marca REGINA de larga utilização em alimentos como bolos e tortas, com coloração vermelha e azul comprados em supermercados da região de São Luis/MA. As amostras de tiquira oriundas das localidades Barreirinhas (MA) e Santa Quitéria (MA) foram adquiridas no comércio local e todos os reagentes utilizados foram de pureza analítica: etanol P.A(Quimex), HCl (Merck), KCl (Merck) e água unicamente destilada.
Para obter a coloração do cristal violeta, soluções aquosas dos corantes na concentração de 0,015% (v/v) foram misturadas gradativamente em pequenas porções em um tubo de ensaio, usando micropipetas. As quantidades de corante concentrado foram calculadas e convertidas para um litro. Espectros eletrônicos foram obtidos de soluções produzidas com as misturas dos corantes em água, solução hidroalcóolica tampão (40% pH=4,0) e tiquira submetendo amostras nos períodos de 1h, 2h, 72h e 168h a uma temperatura de 50° C numa estufa, duas lâmpadas de 60W em uma caixa de isopor fechada e outras ao abrigo da luz em temperatura ambiente.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os volumes de corantes utilizados para obter a amostra de coloração violeta foram de 1mL de corante vermelho e 1,6mL de corante azul. Desses dados calculou-se os volumes necessários para uma amostra de 1 litro, 18,75µL de corante vermelho e 30,3 µL de corante azul. Em água as misturas dos corantes apresentaram processos eletrônicos na região da emissão do vermelho (~506nm) e do azul (~629nm). Comparando com o espectro da tiquira observou-se que o processo eletrônico do cristal violeta presente em 585 nm localiza-se exatamente entre esses processos, o que era esperado, pois esta é a região de emissão do violeta que a soma dos dois processos simulam. Verificou-se também que a mudança de matriz não altera de forma significativa o perfil dos processos eletrônicos envolvidos, como já foi demonstrado (SANTOS,G.S, 2004). Sob radiação de luz os corantes apresentaram, em solução hidroalcoólica, uma variação negativa da absorbância ao longo de todo o espectro indicando a evaporação do solvente. Em tiquira sob radiação luminosa e fonte de calor apenas o comprimento de onda máximo referente ao corante vermelho teve sua absorbância diminuída mostrando nesse caso a evaporação desse corante.




CONCLUSÕES: Através dos estudos realizados podemos sugerir que os corantes alimentícios analisados podem ser usados em substituição ao cristal violeta, pois a coloração, o principal atrativo do destilado pode ser obtida e como os testes mostram também pode ser mantida, já que, os corantes se mostraram relativamente estáveis nas condições extremas a que foram submetidas às amostras. Outro fator positivo se refere aos custos, pois esses corantes são de fácil obtenção, baixo preço e de concentração alta, o que mostra que poucas gotas são suficientes para imprimir uma coloração ao destilado.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:SANTOS, G. S.; MARQUES, E. P.; SILVA, H. A. S.; BEZERRA, C. W. B.; Identificação e quantificação do cristal violeta em aguardentes de mandioca (tiquira). Quím. Nova, v. 28, n. 4, p. 583-586, 2005.
SAQUIB, M.; MUNEER. M.; Dyes Pigm., v. 56, n. 37, 2003.
SANTOS, G.S.; Sobre as aguardente de mandioca, São Luis, 2004, Tese de Mestrado, Departamento de Química, Universidade Federal do Maranhão (UFMA).