ÁREA: IC-Iniciação Científica

TÍTULO: DETERMINAÇÃO DA BIODISPONIBILIDADE DE CÁLCIO E MAGNÉSIO EM RAÇÕES UTILIZADAS EM PISCICULTURA UTILIZANDO-SE FAAS E EXTRAÇÃO POR ULTRA-SOM

AUTORES: NEVES, R.C.F. 1; SILVA, F.A. 1; LOUREIRO, V.R. 2; MORAES, P.M. 2; PADILHA, C.C.F. 3; BARROS, M.M. 1; PADILHA, P.M. 2.
1) PROGRAMA DE PóS-GRADUAçãO EM ZOOTECNIA – FACULDADE DE MEDICINA VETERINáRIA E ZOOTECNIA – DEPARTAMENTO DE MELHORAMENTO E NUTRIçãO ANIMAL/UNESP, BOTUCATU/SP(QUIMICA@IBB.UNESP.BR);
2)IB/UNESP-DEPARTAMENTO DE QUíMICA E BIOQUíMICA, BOTUCATU/SP;
3)IB/UNESP-DEPARTAMENTO DE FíSICA E BIOFíSICA, BOTUCATU/SP.

RESUMO: Neste presente trabalho um método simples e rápido é proposto para determinação de cálcio e magnésio em amostras de fezes e rações de peixes por FAAS utilizando-se ultra-som no processo de extração dos analitos. Utilizando como solução extratora HCl 0,10 mol L-1, as condições ótimas de extração estabelecidas foram: granulometria da amostra < 60 micrômetros; tempo de sonificação = 20 segundos e potência de sonificação = 40 Watts. O método foi aplicado em estudos de biodisponibilidade de cálcio e magnésio em amostras de rações de peixes. O resultados obtidos comparados com os resultados utilizando-se amostras mineralizadas por digestões ácidas, foram concordantes.

PALAVRAS CHAVES: ultra-som; faas; biodisponibilidade de cálcio e magnésio.

INTRODUÇÃO: Nos estudos de biodisponibilidade de minerais na nutrição de peixes, utilizam-se os chamados indicadores fecais. Um dos marcadores fecais mais utilizados é o Cr2O3, por ser completamente não absorvível, não ter ação farmacológica no aparelho digestório e por passar uniformemente através dele (CHO, 1987). A determinação da porcentagem de Cr2O3 e dos minerais nas fezes dos peixes permite estimar o coeficiente de biodisponibilidade dos nutrientes, comparando-se com a porcentagem do óxido e do mineral presente inicialmente na ração (HANLEY, 1987). A quantificação do Cr2O3 e dos minerais apresenta dificuldades nos procedimentos de mineralização das amostras, que é feita por aquecimento em blocos digestores, utilizando-se mistura nítrica-perclórica. Os extratos ácidos gerados contêm íons dicromato, espécie altamente tóxica. Considerando o exposto, este trabalho descreve o desenvolvimento de um método para determinação de cálcio e magnésio em amostras de rações e fezes de peixes por espectrometria de absorção atômica por chama (FAAS) utilizando-se extração por ultra-som, eliminando a etapa de mineralização das amostras e evitando a formação de espécies tóxicas no extrato resultante.

MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de rações e fezes de peixes foram desidratadas em estufa de recirculação forçada de ar e moídas em moinho criogênico. Após este tratamento as amostras apresentaram granulometria menor que 60 micrômetros. Em seguida, foram transferidos para frascos de teflon de 50 mL aproximadamente 150 mg de amostras e alíquotas de 25 mL de soluções diluídas de ácido clorídrico e/ou nítrico. A mistura amostra/solução foi então submetida à agitação por ultra-som para extração dos nutrientes inorgânicos estudados. Utilizando-se este procedimento foram avaliadas diferentes concentrações das soluções ácidas, tempos de sonificação e potências de ultra-som no processo de extração dos analitos de interesse. Os extratos ácidos obtidos foram separados da fase sólida remanescente por centrifugação. As determinações de cálcio e magnésio nesses extratos foram feitas por espectrometria de absorção atômica por chama (FAAS) utilizando-se soluções padrão Titrisol MERCK no preparo da curva de calibração. As condições operacionais utilizadas foram as descritas no manual do fabricante do equipamento (COOKBOOK, SHIMADZU AA – 6800, 2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: As condições ótimas estabelecidas para o processo de extração do cálcio e magnésio utilizando-se agitação por ultra-som foram as seguintes: solução extratora – HCl 0,10 mol L-1; Tempo de sonificação – 20 segudos e Potência do ultra-som – 40 Watts. A precisão e exatidão do método foi avaliada determinando-se a porcentagem de recuperação dos analitos de rações que continham 680±20 mg Kg-1 de Ca e 80±3 mg Kg-1 de Mg. A porcentagem de recuperação obtida foi em torno de 99±2 e 101±3 para o Ca e Mg respectivamente. Utilizando-se os parâmetros otimizados para o processo de extração dos analitos, o método foi aplicado na determinação da biodisponibilidade cálcio e magnésio de quatro amostras de suplementos alimentares utilizadas na dieta de alevinos de Tilápia do Nilo (WATANABE et. al., 1997). Os resultados obtidos mostraram-se concordantes com os resultados obtidos utilizando-se a mineralização das amostras em forno de microondas (Tabela 1).




CONCLUSÕES: O método proposto para determinação da biodisponibilidade de Ca e Mg de amostras de rações de peixes, utilizando-se extração por ultra-som, obteve resultados equivalentes ao método utilizando-se a mineralização das amostras em forno de microondas. Além disso, como não exige a necessidade da mineralização das amostras o tempo das determinações analíticas é reduzido consideravelmente.

AGRADECIMENTOS:Os autores agradecem a FAPESP pelo suporte financeiro e pela concessão de bolsa de iniciação científica das alunas Paula M. Moraes e Vanessa R. Loureiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:CHO, C.Y. La energia en la nutrición de los peces. In: Nutrición en Acuicultura II. Ed. J. Espinosa de los Monteros y U. Labarta, Madrid-España, p.197-237, 1987.
HANLEY, F. The digestibility of foodstuffs and effects of feeding selectivity and digestibility determination in tilapia (Oreocromis niloticus). Aquaculture, v.66, p.163-179, 1987.
COOKBOOK, SHIMADZU AA-6800. Operation Manual 2000. Atomic Absorption Spectrophotometer, 2000, 67p.
WATANABE, T.; KIRON, V.; SATOH, S. Trace minerals in fish nutrition, Aquaculture, v.151, p.185-207, 1997.