ÁREA: IC-Iniciação Científica

TÍTULO: TEORES DE FLAVONÓIDES DE FAVA D’ANTA - DIMORPHANDRA MOLLIS (CAESALPINACEAE)

AUTORES: CUSATI, R. C.1; MANGIAVACCHI, K. M.1; RODRIGUES-DAS-DORES, R. G.2; DEMUNER, A. J.1; MARTINS, E. R. 3; FINGER, F. L. 2; CASALI, V. W. D. 2 (RAPHAELCUSATI@YAHOO.COM.BR)

1.DEPARTAMENTO DE QUíMICA. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIçOSA. VIçOSA. MINAS GERAIS. BRASIL. 36.570.000.
2. DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA, UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIçOSA. VIçOSA. MINAS GERAIS. BRASIL. 36.570.000.
3.NúCLEO DE CIêNCIAS AGRáRIAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. CAIXA POSTAL: 135. MONTES CLAROS. MG. BRASIL. 39.404.006.


RESUMO: Foram avaliados os teores de flavonóides de Dimorphandra mollis (fava d’anta, faveiro), Caesalpinaceae, espécime medicinal. Amostras de favas e folhas totalmente expandidas de D. mollis foram coletadas no norte de Minas, na região de Montes Claros e Mirabela caracterizando 3 tratamentos constituídos por extrato concentrado de favas (EXT), pó de folhas secas (PFO) e pó de frutos secos (PFR). Os extratos foram submetidos à extração com metanol e analisados por espectrofotometria no UV-visível e HPLC, tendo como comparação rutina padrão. As análises estatísticas dos teores de flavonóides foram comparadas utilizando o teste de Tukey a 5% de probabilidade. O extrato concentrado de favas possui teores de rutina semelhantes nas duas técnicas de ánálises validando a metodologia escolhida.

PALAVRAS CHAVES: dimorphandra mollis, flavonóides, rutina

INTRODUÇÃO: Dimorphandra mollis Benth (fava d’anta) é uma espécie arbórea, de ampla adaptação aos terrenos secos do cerrado. As favas possuem em diversos estádios de desenvolvimento variados teores de princípios ativos como flavonóides, constituindo matéria-prima de excelência no desenvolvimento de produtos fitoterápicos. A comercialização do fruto de fava d’anta na região do norte de Minas subsidia o desenvolvimento e sustento da população local, no entanto o manejo inadequado têm contribuído com a perda de qualidade da matéria prima, no que tange ao teor de flavonóides.
Os principais produtos extraídos da fava-d'anta são a rutina, a ramnose e a quercetina com ação antioxidante, o que torna-os muito úteis na atualidade (PROENÇA DA CUNHA, 2003). A rutina é o principal produto exportado, distribuído em 18 países. O mercado tende a se expandir, uma vez que apenas 60% da demanda mundial tem sido atendida. Cerca de 50% da produção mundial é proveniente da fava-d'anta e 95% da produção nacional destina-se ao mercado externo, gerando uma receita anual de 12 milhões de dólares.
O presente trabalho aborda metodologias de extração, caracterização e isolamento dos flavonóides de D. mollis.


MATERIAL E MÉTODOS: Frutos no estádio inicial de desenvolvimento, folhas totalmente expandidas foram coletadas no cerrado mineiro do norte de Minas Gerais.
O material coletado foi previamente pesado, rotulado e armazenado em sacos de papel Kraft e secos em estufa de ventilação forçada em temperatura de 40 graus, até peso constante.
Para obter o extrato concentrado de favas (EXT) foram pesadas 20 gramas de favas secas e extraiu-as com metanol por 48 horas sendo posteriormente concentrada em evaporador rotativo. O resíduo foi pesado e calculado o rendimento.
Para obter o pó de folhas (PFO) e o pó de frutos (PFR) foram moídos 20 gramas de cada um em moinho de facas.
O doseamento dos flavonóides foi realizado utilizando a metodologia escrita na FARM. BRAS. IV (2003) utilizando espectrofotômetro no UV-visível (425 nm) e por HPLC. O resultado é fornecido em percentual (m/m) de flavonóides calculados como rutina. Os dados são submetidos à análise estatística de variância e as médias ao teste de Tukey a 5% de probabilidade.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Flavonóides podem ser considerados os pigmentos dos vegetais. Muitas vezes podem ser distinguidos pela coloração: amarela nas chalconas, auronas e flavonóides (PROENÇA DA CUNHA, 2003). São biossintetizados a partir da via dos fenilpropanóides. Constituem importante classe de polifenóis, substância que tem um ou mais núcleos aromáticos contendo substituintes hidroxilados e/ou seus derivados aromáticos e substituintes hidroxilados e seus derivados funcionais (ésteres, metoxilas, glicosídeos) (SIMÕES et al, 1999).
Diversas funções são atribuídas aos flavonóides nas plantas: proteger vegetais contra a incidência de raios ultravioleta e visível, além da proteção contra fungos, insetos, vírus e bactérias; ter função antioxidante; controlar a ação de hormônios vegetais e agentes alelopáticos assim como inibir enzimas (SIMÕES et al, 1999). Segundo MANN (1995), são responsáveis ainda pela atração de animais polinizadores, vitais à propagação do vegetal.
No doseamento de flavonóides obteve-se maior concentração no extrato seco (EXT) com média de 32,5%; em PFR foi de 8,00% e em folhas 2,21%. Já no HPLC obteve-se no extrato (EXT) 78.60 %, em PFR 34.57 % e em PFO 0.48 % de rutina.





CONCLUSÕES: A superioridade do tratamento EXT foi comprovada nas duas metodologias. As folhas de D. mollis podem ser fonte suplementar de obtenção de rutina, uma vez que a produção de folhas é constante durante toda a vida da espécie.

AGRADECIMENTOS:À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:COMISSÃO PERMAN. 2003. C.P.R.F.B. Farmacopéia Brasileira. 4ª ed. São Paulo: Ateneu, v.1. 600p.

MANN, J. 1995. Secondary metabolism. 3nd ed. Oxford: Claredon.

PROENÇA DA CUNHA, A. et al. 2003. Plantas e produtos vegetais em Fitoterapia. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 701p.

SIMÕES, C. M. O. (Org.). 1999. Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre/Florianópolis: UFRGS/UFSC.