ÁREA: IC-Iniciação Científica

TÍTULO: ESTUDO DA MIGRAÇÃO DE ALUMÍNIO EM ÁGUAS FERVIDAS EM RECIPIENTE DE ALUMÍNIO

AUTORES: GOMES, M. S. S. O.; SOUSA, M. S. DE; SILVA, R. A. C. DA; ARAÚJO JÚNIOR, E. A.; MOITA NETO, J. M. E MOITA, G. C. - UFPI (MARON@UFPI.BR)


RESUMO: O alumínio é amplamente distribuído na natureza, inclusive nas águas. O teor deste metal em água pode ser aumentado no tratamento doméstico de fervura, pois pode haver migração do metal da parede do recipiente de alumínio para a água. Para avaliar a extensão desta migração foi fervida água purificada, sem alumínio detectável, em recipiente de alumínio previamente polido por períodos de 5, 10, 15 e 20 minutos. Foi constatada migração de quantidade expressiva do metal nos primeiros 5 minutos (3330,0 g.L-1), que não aumenta com o aumento no tempo de fervura. Experimentos conduzidos sem a remoção de óxido de alumínio, formado durante a fervura, demonstraram que a camada de óxido de alumínio minimiza a migração do metal para a água (23,7 g.L-1.).

PALAVRAS CHAVES: água, alumínio, absorção atômica em forno de grafite.

INTRODUÇÃO: O alumínio distribuído em quase toda a cadeia alimentar sendo encontrado nos vegetais, na água, em utensílios de cozinha, embalagens de alimentos e medicamentos (LÓPEZ et al., 2002; TRIPATHI et al. 2002). Apenas uma pequena fração do alumínio ingerido é absorvido, pois este metal não apresenta nenhuma função bioquímica conhecida no organismo (PEREIRA e REIS, 2002). Um procedimento doméstico muito comum é a fervura de água em utensílio de alumínio, inclusive no tratamento caseiro de água de poço. Durante este processo a água fica em contato com o recipiente por um período de tempo variável. Com o objetivo de verificar o comportamento da migração e a variação da concentração de alumínio em águas aquecidas nesse tipo de recipiente. Para isto foram realizados experimentos envolvendo procedimentos domésticos diários. Há duas situações que precisam ser levadas em consideração para avaliar a quantidade de alumínio que migra do recipiente para a água: a) o utensílio de alumínio utilizado foi polido antes do uso e sua parede está diretamente em contato com a água, b) o utensílio não foi polido e há uma camada de óxido de alumínio entre a parede do recipiente e a água.

MATERIAL E MÉTODOS: O alumínio foi determinado por espectrometria de absorção atômica em forno de grafite. As medidas foram realizadas a 309 nn , e temperaturas de pirólise e atomização iguais a 1000 e 2500 ºC, respectivamente, com nitrato de magnésio como modificador químico. A análise quantitativa foi realizada pelo método da adição de padrão. Para o estudo da migração de alumínio do recipiente de aquecimento para a água, foram aquecidos 250 mL de água purificada pelo sistema Milli-Q, em um recipiente de alumínio previamente polido com lã de aço, até completar 5, 10, 15 ou 20 minutos de fervura. Após resfriamento, a água foi transferida quantitativamente para um balão volumétrico de 250 mL e o volume completado com água purificada. Para avaliação da influência da camada de óxido de alumínio foram aquecidos 250 mL de água purificada em um recipiente de alumínio polido até completar 5 minutos de fervura. Após resfriamento a água foi transferida quantitativamente para um balão volumétrico de 250 mL e o volume completado com água purificada. Repetiu-se o mesmo procedimento para o mesmo período de tempo, porém sem prévio polimento do recipiente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A água purificada utilizada para o estudo não apresentou teor detectável de alumínio. Após a fervura por 5, 10, 15 e 20 minutos, em recipiente de alumínio polido, o teor deste metal na água passou para 3330,0 g.L-1, 3186,6, 2883,3 e 2890,0 g.L-1, respectivamente. Todos estes valores estão acima do valor máximo permitido (VMP), que é 200 µg.L-1 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Para avaliar a influência da camada de óxido de alumínio formado durante a fervura, água purificada foi aquecida por 5 minutos em outro recipiente polido e o teor final do metal foi de 1258,0 g.L-1. Dois novos experimentos foram conduzidos nestas mesmas condições, porém a camada de óxido de alumínio formada no aquecimento anterior não foi removida, sendo que as quantidades de alumínio que migraram para a água foram 23,7 g.L-1 e 22,9 g.L-1. Diante destes resultados foi observado que a camada de óxido de alumínio formado durante os cinco primeiros minutos de aquecimento é suficiente para minimizar a migração de alumínio para a água, e impedir que o teor do metal seja superior ao VMP.




CONCLUSÕES: A camada de óxido de alumínio formada durante os primeiros cinco minutos de fervura de água funciona como uma camada protetora à parede do recipiente, minimizando a migração do metal para a água. Já quando o óxido de alumínio é removido através de polimento a migração do metal para a água é expressiva.

AGRADECIMENTOS:Ao PIBC/CNPq, à FAPEPI à CAPES.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:LÓPEZ, F. F.; CABRERA C.; LORENZO, M. L.; LÓPEZ, M. C. Aluminum levels in convenience and fast foods: in vitro study of the absorbable fraction. Sci. Total Environ., v. 300, p. 69-79, 2002.

TRIPATHI, R. M.; MAHAPATRA, S.; RAGHUNATH, R.; KUMAR, A. V.; SADASIVAN, S. Daily intake of aluminium by adult population of Mumbai, Índia. Sci. Total Environ. v.299, p. 73-77. 2002.

PEREIRA, M. S. S.; REIS, B. F. Determinação espectrofotométrica de alumínio em concentrados salinos utilizados em hemodiálise empregando pré-concentração em fluxo.Quim. Nova, v. 25, n. 6, p. 931-934, 2002.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos. Consulta Pública n°. 03 /2004, de 07 de julho de 2004, disponível em: . Acesso em: 16 jun. 2006.