ÁREA: IC-Iniciação Científica

TÍTULO: A COMPLEXIDADE DA MATÉRIA: UMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO/APRENDIZAGEM

AUTORES: SILVA, J. L. P. B. - UFBA, MORADILLO, E. F. - UFBA, ALMEIDA, L. W. S. – UFBA (KINHO_QUíMICO@YAHOO.COM.BR), CUNHA, M. B. M. - UFBA/ SEC-BA.

RESUMO: RESUMO: Esta comunicação relata uma experiência de ensino-aprendizagem do conceito de matéria como objeto complexo, em uma turma do 1º ano do ensino médio numa escola pública. Adotando como referencial teórico-metodológico um modelo de ensino facilitador da aprendizagem significativa, preparamos um texto didático que foi discutido em sala de aula. As diferenças verificadas entre os conceitos de matéria expostos pelos alunos, prévia e posteriormente ao ensino, não nos permitem afirmar a ocorrência duma modificação significativa em seus conhecimentos. As dificuldades de expressão verificadas entre os estudantes refletem dificuldades de raciocínio que criam impedimentos à aprendizagem. Propomos a ampliação do trabalho de interpretação de textos químicos e o tempo de discussão em aula.

PALAVRAS CHAVES: matéria, complexidade da matéria, ensino de química.

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: A matéria é um dos conceitos em que se baseia a explicação do mundo por parte das ciências naturais. Por isso, é importante que os alunos construam este conceito durante a educação básica, para adquirir uma compreensão da natureza adequada à contemporaneidade.
Em vista da grande familiaridade que temos com a matéria, sabemos que a mesma se apresenta como espécies diversas — p. ex.: metais, cerâmicas, óleos — que exibem propriedades variadas, tais como: cor, textura, densidade, dureza, maleabilidade, etc. Portanto, a definição de matéria como o que possui massa e ocupa lugar no espaço, costumeira em livros didáticos de química para o ensino médio, não é suficiente para explicá-la. Essa redução nos parece inadmissível, já que, é patente, para todo químico, a complexidade de seu objeto de estudo. Em nosso entender, faz-se necessária uma reflexão crítica, nas salas de aula de química, acerca da matéria como conceito complexo e primitivo, iniciador de uma cadeia conceitual, para que depois se proceda seu aprofundamento. Esta comunicação relata uma experiência de ensino do conceito de matéria como objeto complexo, em uma turma de alunos do ensino médio numa escola pública.

MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAL E MÉTODOS: Adotamos como referencial teórico-metodológico um modelo de ensino facilitador da aprendizagem significativa (AUSUBEL, 2003; MOREIRA, 1977; SILVA, 1999). A partir duma crítica ao conceito de matéria veiculado em livros didáticos de química para o ensino médio (COVRE, 2000; FELTRE, 2001; FONSECA, 1993; PERUZZO, CANTO, 2002; SARDELLA, 1998; SILVA, NÓBREGA, SILVA, 2001; USBERCO, SALVADOR, 1999) elaboramos um texto didático complementar tratando da matéria como um conceito complexo (SCHUMMER, 1998) e indefinido (BUNGE, [197-?]).
A experiência de ensino-aprendizagem consistiu na discussão do texto didático com estudantes do 1º ano do ensino médio duma escola pública, em Salvador, Bahia, durante três horas-aulas, conduzida pela professora regular da turma e tendo como observador participante um licenciando em química. Os estudantes foram solicitados a expor seus conceitos de matéria, prévia e posteriormente ao ensino. Tais conceituações foram comparadas a título de avaliação da aprendizagem.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os conceitos de matéria dos/as estudantes prévios ao ensino reproduziram, em cerca de 50%, a definição simplista dos livros didáticos, atribuindo à matéria a característica de ocupar lugar no espaço e, eventualmente, de possuir massa. Tais conceitos noções parecem advir dos ensinamentos de ciências do ensino fundamental. Alguns poucos alunos (10%) referiram-se a características sensíveis (ver, tocar, pegar, sentir) e os demais não souberam conceituar matéria.
A discussão do texto sobre a complexidade da matéria iniciou com pouca participação da turma, que cresceu no decorrer das aulas. Vários estudantes necessitaram de mais explicações para o entendimento do texto e das questões formuladas.
As conceituações de matéria posteriores ao ensino mostraram-se, em geral, mais extensas que as iniciais, porém, muitas apresentaram-se confusas, apontando para a fragmentação do raciocínio e dificuldades de expressão. Cerca de 40% dos estudantes referiram-se explicitamente à ocupação do espaço como uma característica da matéria, embora incorporassem elementos das críticas formuladas no texto estudado que tinham à mão.





CONCLUSÕES: CONCLUSÕES: As diferenças entre as conceituações dos/as estudantes, prévia e posteriormente ao ensino, não nos permitem afirmar a ocorrência de modificações significativas em seus conhecimentos. As dificuldades de raciocínio e expressão demonstradas pelos estudantes criam impedimentos à aprendizagem e sugerem que o ensino da química amplie o tempo de discussão em aula e aproxime-se do ensino de língua portuguesa, trabalhando a interpretação de textos de química. Desse modo, espera-se contribuir para uma evolução conceitual dos estudantes em direção à compreensão da complexidade da matéria.

AGRADECIMENTOS:AGRADECIMENTO: Ao CNPq, pela bolsa de iniciação científica de Lucas Wilson Santos Almeida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AUSUBEL, David P. Aquisição e Retenção de Conhecimentos: uma perspectiva cognitiva. Lisboa: Plátano, 2003.
BUNGE, Mario. Filosofia da Física. Lisboa: Edições 70, [197-?]
COVRE, G. J. Química: o homem e a natureza. São Paulo: FTD, 2000.
FELTRE, Ricardo. Fundamentos da Química. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2001.
FONSECA, M. R. M. Química Integral. São Paulo: FTD, 1993.
MOREIRA, Marco Antonio. Uma Abordagem Cognitivista ao Ensino de Física. Porto Alegre: EDUFRGS, 1983.
PERUZZO, T. M., CANTO, E. L. Química: na Abordagem do Cotidiano. 2. ed. São Paulo : Moderna, 2002.
SARDELLA, A. Curso de Química. 24. ed. São Paulo: Ática, 1998.
SILVA, E. R.; NÓBREGA, O. S.; SILVA, R. H. Química: Conceitos Básicos. São Paulo: Ática, 2001.
SCHUMMER, Joachim. The chemical core of chemistry I: a conceptual approach. Hyle, v.4, n.2, p.129-162, 1998. Available from . Cited: 13 mar. 2006.
SILVA, José Luis P. B. Um Ensino Facilitador da Aprendizagem Significativa da Termodinâmica Básica. 1998. Dissertação (Mestrado em Física) - Instituto de Física, Universidade Federal da Bahia, Salvador.
USBERCO, J., SALVADOR, E. Química. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.