ÁREA: IC-Iniciação Científica

TÍTULO: AVALIAÇÃO DO FATOR DE PROTEÇÃO SOLAR (FPS) DE PROTETORES SOLARES COMERCIAIS POR ESPECTROFOTOMETRIA

AUTORES: MORAES, R. R. DE - UFPI
ARAÚJO JÚNIOR, E. A. - UFPI
MOITA, G. C. - UFPI

RESUMO: O propósito deste trabalho foi determinar o Fator de Proteção Solar (FPS) de emulsões fotoprotetoras por espectrofotometria no ultravioleta (UV). Realizou-se a determinação in vitro do FPS de acordo com o método de Mansur, utilizando dados de absorção na faixa de 290 a 320 nm para as soluções de protetor solar. Avaliou-se doze amostras de protetores solares comerciais de três diferentes marcas. Em relação ao FPS, dos produtos analisados, 17% estavam de acordo, 33% acima e 50% abaixo do rotulado pelos fabricantes. O método espectrofotométrico proposto é simples e rápido para determinação in vitro do FPS de emulsões de protetor solar, sendo recomendado principalmente para análise de produtos em fase de desenvolvimento, antes do teste oficial (in vivo).

PALAVRAS CHAVES: protetor solar, fator de proteção solar, espectrofotometria.

INTRODUÇÃO: Protetores solares são amplamente utilizados para proteção da pele contra os efeitos danosos da radiação ultravioleta (UV) solar, particularmente da faixa UVB (320-290 nm) e UVA (400-320 nm) (ABNEY & SCALETTAR, 1998). A eficácia de uma formulação contendo filtro solar é comumente determinada pelo Fator de Proteção Solar (FPS), que é um índice definido como a relação entre a Dose Eritematógena Mínima (DEM) na pele protegida (com protetor solar) pela DEM na pele desprotegida (MATHEUS et al., 2002). Devido aos testes para determinação de FPS in vivo (metodologias oficiais) apresentarem dificuldades como: planejamento cuidadoso, muito tempo e voluntários para serem realizados; vários métodos alternativos para a determinação do FPS in vitro têm sido desenvolvidos e aperfeiçoados. O método espectrofotométrico desenvolvido por Mansur demonstrou ser eficiente e rápido, permitindo a determinação do FPS (MANSUR et al., 1986). O objetivo deste trabalho foi determinar os valores de FPS de protetores solares comerciais, empregando metodologia in vitro por espectrofotometria no UV, aplicando a equação matemática de Mansur.

MATERIAL E MÉTODOS: Neste trabalho, utilizou-se amostras de protetores solares comerciais de diferentes marcas (A, B e C) e FPS (4 a 50), na forma de emulsão do tipo o/a ou o/a, adquiridas no comércio local. Inicialmente obteve-se uma suspensão uniforme em etanol 95% (10-3 g.mL-1 de amostra), sendo submetida a banho de ultra-som por cerca de 3 minutos. Filtrou-se a suspensão com algodão, rejeitando-se os cinco primeiros mililitros. Diluiu-se o filtrado com o mesmo solvente para se obter a solução problema (2.10-4 g.mL-1 de amostra). Coletou-se, então, os espectros de absorção no UV em espectrofotômetro (marca Hitachi, modelo U-3000), utilizando-se etanol 95% como branco. Ajustou-se os parâmetros da varredura e do instrumento: intervalo de varredura (200 a 400 nm), alcance da escala ordenada (0 a 1,5 abs), velocidade de varredura (120 nm.min-1), abertura de fenda (1,0 nm), lâmpada (deutério) e linha de base (system). Utilizou-se cubeta de quartzo com caminho ótico de 1 cm. Realizou-se a determinação in vitro do FPS espectrofotométrico de acordo com o método de Mansur (MANSUR et al., 1986), utilizando-se os dados de absorção na faixa de 290 a 320 nm (UVB), a cada 5 nm.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O FPS é definido em termos DEM, e por isso representa a proteção contra os raios UVB (290-320 nm). O FPS espectrofotométrico dos protetores solares comerciais foi determinado através do método espectrofotométrico desenvolvido por Mansur (MANSUR et al., 1986). A Tabela 1 apresenta os resultados de FPS obtidos, que são similares a outros trabalhos da literatura (DUTRA et al., 2004; RIBEIRO et al., 2004). Em relação ao FPS, dos produtos analisados, 17% estavam de acordo, 33% acima e 50% abaixo do rotulado pelos fabricantes. O FPS espectrofotométrico é um método de natureza física e, apesar de preciso, sofre certas limitações porque não considera nenhum fator envolvendo a interação da pele humana com o produto. Além disso, os dados obtidos por amostras que contenham partículas dispersas na emulsão, levam a resultados divergentes do FPS real (DIFFEY et al., 2000). Estes efeitos puderam ser verificados nos produtos analisados, especialmente para loções com FPS maior que 15.




CONCLUSÕES: A metodologia espectrofotométrica proposta é simples, rápida, emprega reagentes de baixo custo e pode ser usada na determinação in vitro de FPS em formulações cosméticas. Por não ser oficial, a metodologia desenvolvida por Mansur é mais indicada para avaliação prévia do produto, durante o processo de desenvolvimento da formulação, antes de encaminhá-lo para análise in vivo. Assim como nas determinações in vivo, este método espectrofotométrico apresenta limitações quando aplicado a produtos de alto FPS.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:ABNEY, J. R.; SCALETTAR, B. A. Saving your student's skin. J. Chem. Educ., v. 75, p. 757-760, 1998.
DIFFEY, B.L.; TANNER, P.R.; MATTS, P.J.; NASH, J.F. In vitro assessment of the broad-spectrum ultraviolet protection of sunscreen products. J. Am. Acad. Dermatol. v. 43, n.6, p.1024-1035, 2000.
DUTRA, E.A.; COSTA e OLIVEIRA; D.A.G. da; KEDOR-HACKMANN, E.R.M.; SANTORO, M.I.R.M. Determination of sun protection factor (SPF) of sunscreens by ultraviolet spectrophotometry. Rev. Bras. Cienc. Farmac., v. 40, n.3, 2004.
MANSUR, J.S.; BREDER, M.N.R.; MANSUR, M.C.d’A.; AZULAY, R.D. Determinação do fator de proteção solar por espectrofotometria. An. Bras. Dermatol., v. 61, n.3, p. 121-124, 1986.
MATHEUS, L. G. M.; KUREBAYASHI, A. K. Fotoproteção: a radiação ultravioleta e sua influência na pele e nos cabelos. São Paulo: Technopress, 2002. 80 p.
RIBEIRO, R.P.; SANTOS, V.M.; MEDEIROS, E.C.; SILVA, V.A.; VOLPATO, N.M.; GARCIA, S. Avaliação do fator de proteção solar (FPS) in vitro de produtos comerciais e em fase de desenvolvimento. Infarma, v. 16, n.7-8, p.85-88, 2004.
SAYRE, R.M.; AGIN, P.P.; LEVEE, G.J.; MARLOWE, E. Comparison of in vivo and in vitro testing of sunscreening formulas. Photochem. Photobiol., v. 29, p. 559-565, 1979.