ÁREA: IC-Iniciação Científica

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DA FILTRAÇÃO LENTA NA REMOÇÃO DE MICROORGANISMOS PATOGÊNICOS E SUA APLICABILIDADE NO TRATAMENTO DE ÁGUA

AUTORES: BENIGNO, A.P.A. (UECE), ROCHA, A.V.P. (UECE), SILVA, J.S. (UECE), VASCONCELOS N.M.S. (UECE), MAGALHãES, C.E.C. (UECE)

UECE - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARá


RESUMO: O processo de filtração lenta destaca-se como opção tecnológica para o tratamento de água, devido à sua capacidade de remoção de organismos patogênicos. Consiste em ser um sistema de concepção e operação simples e que exige pouco investimento. Este trabalho avaliou a eficiência da filtração lenta por parâmetros microbiológicos da água e a viabilidade da utilização de materiais alternativos na montagem dos filtros. Assim, foi construído um sistema de filtração de fluxo descendente usando-se um reservatório de água de plástico tendo como meio filtrante areia fina, grossa e cascalho. Observou-se a eficiência do filtro, devido ao resultado obtido após a filtração de águas de mananciais hídricos de Fortaleza, as quais apresentavam elevado índice de coliformes termotolerantes.

PALAVRAS CHAVES: filtro lento, eficiência, organismos patogênicos

INTRODUÇÃO: O primeiro filtro lento foi construído por John Gibbs, em 1804, na Escócia. No entanto, apenas em 1828, James Simpson utilizou os filtros de areia para abastecimento público na cidade de Londres, de acordo com CONCEIÇÃO (2002). Como sistema de tratamento de água, a filtração lenta possibilita a melhoria das características microbiológicas da água a ponto de torná-la mais adequada para diversos usos, inclusive para o consumo humano, devido á passagem desta por um meio granular, geralmente areia e cascalho. Esse método de tratamento de águas apresenta várias vantagens se comparada a outras tecnologias, podendo-se destacar, a não necessidade da utilização de produtos químicos, nem a exigência de equipamentos sofisticados para operação e controle do processo, também não carece de operadores qualificados e é de simples construção e manutenção. Essas vantagens, aliadas ao uso de materiais alternativos, podem reduzir ainda mais os custos iniciais de implantação, operação e manutenção de um sistema de filtro lento, o que possibilita um processo de tratamento de água bastante eficiente e acessível a comunidades rurais pouco desenvolvidas e de baixa renda.




MATERIAL E MÉTODOS: O Filtro de Areia foi construído em um recipiente cilíndrico, medindo 40cm de altura e 78,5cm de circunferência, contendo 4 camadas distribuídas entre areia e cascalho, com 9cm cada. A primeira camada foi formada de areia fina, a qual estava disposta sobre outra camada de areia grossa. Essas camadas, por sua vez, ficaram sobre duas camadas de pedras, medindo 9cm cada. Todas as camadas supracitadas foram mantidas por uma tela de plástico, que serviu de suporte. Na avaliação da eficiência do filtro, utilizou-se a água bruta oriunda de mananciais hídricos da cidade de Fortaleza, principalmente lagoas. Através do parâmetro microbiológico, com padrão estabelecido pela Resolução CONAMA No 357/05, avaliou-se a eficiência da filtração lenta como tratamento de água. As determinações microbiológicas foram realizadas através da técnica dos tubos múltiplos. O processo de filtração, onde a água percorreu as camadas do filtro, é finalizado com o armazenamento da amostra de água em um pequeno vasilhame de armazenamento, para posterior consumo.



RESULTADOS E DISCUSSÃO: O filtro lento apresentou elevada eficiência pela remoção de aproximadamente 95% do número de coliformes termotolerantes e de bactéria Escherichia coli, bem como da maior parte dos materiais sedimentáveis que existiam na água bruta. Além disso, apresentou uma elevada vazão, podendo filtrar até 60 litros de água por hora. Utilizando-se o filtro de areia, como mecanismo de tratamento de água para consumo humano, verificou-se que os organismos patogênicos existentes nas águas das Lagoas da Parangaba, Porangabussu e Messejana na cidade de Fortaleza/CE foram removidos, devido a uma combinação de processos biológicos e mecânicos. Obteve-se esse resultado porque a água atravessou filtro, de forma descendente, assim, a matéria orgânica se prendeu à superfície da areia fina, formando uma capa biológica ou “schmutzdecke”. A schmutzdecke desempenha um papel de suma importância na remoção de indicadores microbiológicos, esta camada suporte retém sólidos e microrganismos.




CONCLUSÕES: Após estudo do processo de filtração lenta, pode-se perceber que este apresentou uma elevada eficiência na remoção de coliformes termotolerantes e da bactéria Escherichia coli. Esta bactéria pode ser veículo de transmissão de doenças como a hepatite ou a cólera ou agente causador de problemas gastrointestinais. Além disso, destacou-se como alternativa no tratamento de águas para abastecimento de população carente, devido sua construção e operação utilizar materiais de baixo custo, e quando bem construído pode durar mais de 50 anos.

AGRADECIMENTOS:A dedicação e incentivo dos professores orientadores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:Brito, L.L.A., Cardoso, A.B., Salvador, D.P., Heller, L. AMADURECIMENTO DE FILTROS LENTOS DE AREIA E REMOÇÃO DE MICRORGANISMOS INDICADORES DE QUALIDADE DA ÁGUA AO LONGO DA PROFUNDIDADE DO LEITO: UMA AVALIAÇÃO EM INSTALAÇÃO PILOTO. Rio de Janeiro, 2005. Revista de Engenharia Sanitária e Ambiental. Vol.10 número 4

CONCEIÇÃO, C.H.Z., EFICIÊNCIA DA PRÉ-FILTRAÇÃO E FILTRAÇÃO LENTA NO
CONTROLE DAS CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS, FÍSICAS E BIOLÓGICAS DA ÁGUA PARA PISCICULTURA. Campinas/SP, 2002. Dissertação de Mestrado da Faculdade de Engenharia Agrícola - UNICAMP

TANGERINO, E. P., BERNARDO, L., REMOÇÃO DE SUBSTÂNCIAS HÚMICAS POR MEIO DA OXIDAÇÃO COM OZÔNIO E PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO E FIME. Rio de Janeiro, 2005. Revista de Engenharia Sanitária Ambiental. Vol. 10 número 4

www.ipemabrasil.org.br. Filtro Biológico. Acessado em 13/05/2006

www.kalunga.com.br. Filtro de Areia. Acessado em 20/05/2006