ÁREA: IC-Iniciação Científica

TÍTULO: EXTRAÇÃO DE ÁCIDOS TRITERPÊNICOS DA RESINA DE ALMÉCEGA (PROTIUM HEPTAPHYLLUM MARCH) E AVALIAÇÃO DA AÇÃO ANTIOXIDANTE

AUTORES: DE FREITAS, S.D.L. - UFPI
CARVALHO, A.A. - UFPI
CHAVES, M.H. - UFPI

RESUMO: A resina Protium heptaphyllum March foi extraída com soluções de Na2CO3 e NaOH. Fracionamento cromatográfico da sub-fração FA1 (Na2CO3) resultou no isolamento e identificação de quatro triterpenos, distribuídos em duas misturas: α e β-amirina, breína e maniladiol e de uma possível mistura de ácidos triterpênicos. A atividade antioxidante (AA) da sub-fração FA2 (NaOH) foi avaliada pelo método do DPPH (2,2-difenil-1-picrilidrazila). Verificou-se decréscimo na concentração da solução do DPPH, sendo evidenciado pela redução da absorbância no comprimento de onda de 516 nm. Os porcentuais de AA de FA2 (NaOH) nas concentrações de 250, 500 e 1000 µg/mL foram 12,76±4,11, 19,45±1,77 e 26,68±0,96% respectivamente, enquanto a do BHT, controle positivo, foi 93,50±0,29% na concentração de 250 µg/mL.

PALAVRAS CHAVES: resina de almécega, protium heptaphyllum, atividade antioxidante.

INTRODUÇÃO: Protium heptaphyllum (Bourseraceae), conhecida como almécega do Brasil, caracteriza-se pela grande produção de resina amorfa, usada popularmente como antiinflamatória, cicatrizante, expectorante e analgésica. O óleo essencial tem ação antiinflamatória e citotóxica (CITÓ et al., 2003). Na literatura encontra-se relatada a ocorrência de quatro misturas binárias de triterpenóides na resina (MAIA et al., 2000) e uma mistura ternária (VIEIRA-JÚNIOR et al., 2005), sendo a α e β-amirinas, breína e maniladiol, os constituintes majoritários.
A resina e seus principais constituintes (α e β-amirinas) têm ação gastroprotetora e antiinflamatória (LIMA-JÚNIOR. et al., 2006).
Várias resinas naturais têm sido investigadas como antioxidantes devido à presença de triterpenóides (ASSIMOPOULOU et al. 2005). Os ácidos ursólico e oleanólico são os triterpenos mais bioativos, exibindo efeitos antiinflamatório, antitumoral e antioxidante, não são tóxicos e são recomendados para a prevenção do câncer de pele (LIU et al., 1995).
O presente trabalho teve como objetivo, obter ácidos triterpênicos da resina de almécega, e investigar a ação antioxidante através do ensaio do DPPH.

MATERIAL E MÉTODOS: A resina foi adquirida no Mercado Central de Teresina-PI, em agosto de 2005, proveniente do município de Timon – MA.
Extração e fracionamento. A resina foi tratada com soluções de Na2CO3 5% e de NaOH 10% e as fases aquosas básicas foram acidificadas com HCl 37% até pH 5 e extraídas com éter etílico fornecendo FA1 (Na2CO3) e FA2 (NaOH). A fração acídica FA1 (Na2CO3) (1,5 g), foi cromatografada em coluna de gel de sílica eluída com hexano-AcOEt-HOAc (95:5:1), (9:1:0,1), (8:2:0,1), (7:3;0,1) e (6:4:01). Fracionamentos subseqüentes forneceram as misturas 1a+2a; 3a+4a e o subgrupo R32-37.
Atividade antioxidante (AA). A análise de FA2 (NaOH) pelo ensaio do DPPH, foi realizada em triplicatas em espectrofotômetro UV-VIS, no comprimento de onda de 516 nm, usando o BHT como controle positivo (SOUSA, et al. 2006). Solução de DPPH (40 µg/mL) e de FA1 (NaOH) nas concentrações de 250, 500 e 1000 µg/mL em MeOH, foram preparadas. As absorbâncias das misturas reacionais [0,3 mL da solução da amostra e 2,7 mL da solução de DPPH], foram medidas em 1, 30 e 60 min de reação e registrado o espectro eletrônico. A %AA foi determinada pela expressão: %AA=100-{[(Absamostra–Absbranco) x 100]/Abscontrole.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O fracionamento da FA (Na2CO3) resultou na obtenção de duas misturas de triterpenóides: a e b-amirina (1a+2a) e de breína e maniladiol (3a+4a). As estruturas destes constituintes foram identificadas por CCD usando padrão autêntico e confirmadas pela análise dos espectros de RMN 1H e 13C e comparação com os dados relatados na literatura (MAIA et al., 2000).
O subgrupo R32-37 (7 mg) mostrou no cromatograma, a presença uma mancha alongada de coloração rosa, característica de substância de natureza terpênica ácida.
A avaliação da atividade seqüestradora de radicais livres por FA2 (NaOH) é apresentada na Figura 2. Verificou-se que houve um decréscimo da absorbância com o aumento da concentração da amostra em relação ao controle (solução de DPPH). Estes resultados mostram que houve consumo do radical livre DPPH e conseqüentemente FA2 (NaOH) exibe propriedade antioxidante. A porcentagem de atividade antioxidante (%AA) de FA2 (NaOH), nas concentrações de 250, 500 e 1000 µg/mL (t=60 min), foi 12,76±4,11, 19,45±1,77 e 26,68±0,96%, respectivamente, mostrando que esta fração apresenta fraca atividade seqüestradora de radicais livres, quando comparada ao BHT (93,50±0,29%, 250 µg/mL).





CONCLUSÕES: O estudo químico da resina de almécega permitiu o isolamento e identificação de duas misturas de triterpenos: α e β-amirina, breína e maniladiol e um sólido com características de ácido triterpênico.
A obtenção de substâncias de natureza não acídica na fração extraída com solução de Na2CO3 pode ser devida a alta concentração destas substâncias na resina e pelo caráter lipofílico, contribuindo para o arraste mecânico.
A fração acídica extraída com solução de NaOH embora tenha mostrado fraca ação antioxidante no ensaio do DPPH, poderá ter seu efeito intensificado em outros ensaios.

AGRADECIMENTOS:Os autores agradecem ao PIBIC/CNPq/UFPI pela bolsa de IC de S. D. L. F. e A. A. C. À CAPES/PROCAD, CNPq e FINEP pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:ASSIMOPOULOU, A.N.; ZLATANOS, S.N.; PAPAGEORGIOU, V.P. 2005. Antioxidant activity of natural resins and bioactive triterpenes in oil substrates. Food Chemistry, 92: 721-727.
CITO, A.M.G.L.; SOUZA, A.A.; LOPES, J.A.D., CHAVES, M.H.; COSTA, F.B.; SOUSA, S.A.A.; AMARAL, M.P.M. 2003. Resina de Protium heptaphyllum March (Bourceraceae): composição química do óleo essencial e avaliação citotóxica frente a Artemia salina. Anais da Associação Brasileira de Química, 52: 74-76.
LIMA-JÚNIOR, R.C.P.; OLIVEIRA, F.A.; GURGEL, L.A.; CAVALCANTE, I.J.M.; SANTOS, K.A.; CAMPOS, D.A.; VALE, C.A.L.; SILVA, R.M.; CHAVES, M.H.; RAO, V.S.M.; SANTOS, F.A. 2006. Attenuation of visceral nociception by α-and β-amyrin, a triterpenoid mixture isolated from the resin of Protium heptaphyllum, in mice. Planta Medica, 72: 34-39.
LIU, J. 1995. Pharmacology of oleanolic acid and ursolic acid. Journal of Ethnopharmacology, 49: 57-68.
MAIA, R.M.; BARBOSA, P.R.; CRUZ, F.G.; ROQUE, N.F.; FASCIO, M. 2000. Tritepenos da resina de Protium heptaphyllum March (Bouseraceae): caracterização de misturas binárias. Química Nova, 23: 623-626.
SOUSA, C.M.M.; SILVA, H.R.; VIEIRA-JÚNIOR, G.M.; AYRES, M.C.C., COSTA, C.L.S.; ARAÚJO, D.S.; CAVALCANTE; L.C.D.; BARROS, E.D.S.; ARAÚJO, P.B.M.; BRANDÃO, M.S.; CHAVES, M.H. 2006. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Química Nova, no prelo.
VIEIRA-JÚNIOR, G.M.; DE SOUZA, C.M.L.; CHAVES, M.H. 2005. resina de Protium heptaphyllum: isolamento, caracterização estrutural e avaliação das propriedades térmicas. Química Nova, 28: 183-187.