ÁREA: Química Inorgânica

TÍTULO: OS SEDIMENTOS EM SUSPENSÃO DAS BACIAS DOS RIOS PURUS E JURUÁ NO ESTADO DO ACRE

AUTORES: CARVALHO, A.T.- CG/UFPA; COSTA, M.L.- PQ/CNPQ; ALMEIDA, H.D.F.- CG/UFPA; POELLMANN, H.-UNIVERSITAT HALLE-WITTENBERG

RESUMO: O presente trabalho procurou caracterizar a granulometria, mineralogia e composição química dos sedimentos em suspensão das Bacias dos rios de água branca, Purus e Juruá, dentro do Estado do Acre. Os resultados obtidos mostraram que se tratam de sedimentos sílticos com média granulométrica de 12 mm. A mineralogia é dominada por quartzo, seguida de minerais de argila (esmectita, illita e caulinita), mica e feldspatos (albita e K-feldspato) semelhante a composição química que apresenta concentrações elevadas de SiO2, Al2O3 e Fe2O3, além de K2O, MgO e Na2O mostrando o predomínio minerais de argila e feldspatos nestes sedimentos e sua importância como agente de fertilização das praias e das planícies de inundação que são utilizadas empiricamente pelos ribeirinhos para cultivo de subsistência.

PALAVRAS CHAVES: granulometria, mineralogia, composição química.

INTRODUÇÃO: Os rios de água branca, como classificado por SIOLI (1984), ocorrem com maior freqüência no oeste da Amazônia Brasileira. São assim chamados pela expressiva quantidade de material em suspensão transportado, dando um aspecto barrento as suas águas.
Os rios que drenam os terrenos do Estado do Acre são em sua maioria de águas brancas, exceção ao rio Moa que apresenta águas claras.
Os sedimentos transportados por esses rios são depositados em planícies de inundação que margeiam os principais cursos d’água, como os rios Purus e Juruá e seus afluentes. No período de estiagem, assim como as praias e barracos, à medida que despontam, são utilizados em parte pelos habitantes que vivem em seu entorno, para o cultivo de subsistência de pequeno ciclo, especialmente milho (Zea-mays) e feijão (Vigna unguiculata (L) Walp). Com o objetivo de avaliar a contribuição dos sedimentos de suspensão para a fertilização desses ambientes em contraposição com os sedimentos similares de outras regiões da Amazônia se desenvolveu o presente trabalho.


MATERIAL E MÉTODOS: As amostras foram coletadas durante o período da cheia dos rios, num total de 12 estações de amostragem dos rios mencionados. Os sedimentos em suspensão foram obtidos através de decantação, empregando para isto 10mL de sulfato de alumínio a 10%. Essas amostras foram submetidas a análises granulométricas, no laboratório da Universidade de Halle Alemanha, utilizando laser-granulômetro, enquanto a identificação mineral foi realizada por difração de raios-X (DRX) em amostra total e na fração argila. E como método auxiliar a microscopia eletrônica de varredura com um sistema de espectrometria de dispersão de raios-X (MEV/SED). As análises químicas totais foram realizadas por ICP-MS no Actlabs – Activation Laboratories Ltd (Canadá), para determinação de SiO2, TiO2, Al2O3, Fe2O3, MnO2, MgO, CaO, Na2O, K2O, P2O5 e elementos-traço.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: São de granulação fina (silte) com pouca areia fina e argila (Figura 1). Mineralogia constituída de quartzo, mica, feldspatos (albita e K-feldspato), esmectita, illita e caulinita, não apresentam diferença expressiva entre os rios (Figuras 2). A MEV/SED mostra que a esmectita é o mais abundante entre os argilominerais (Figura 3). Quimicamente constituídos de SiO2 (55,69% ± 3,89%) representando quartzo, mais abundante, seguido de Al2O3 (18,68% ± 1,76%), Fe2O3 (5,89% ± 0,41%) e valores significativos de K2O (1,93% ± 0,07%), MgO (1,17% ± 0,22%), Na2O (0,41% ± 0,06%) representando feldspatos, illita/mica e esmectita, além de TiO2 (0,85% ± 0,10%). Enriquecidos principalmente em Al, Fe, Mn, Mg, Rb, Cs, Th, Y, Cr, Co, Sc e V e empobrecidos em Ca, Na, Zr, Hf e Cu, em relação aos sedimentos de praia e mostra a importância de minerais de argila, em especial esmectita, para aumentar o potencial de nutrientes e com isso explica-se a sua fertilidade. Resultados são comparáveis com aqueles obtidos no Acre em sedimentos de praia dos mesmos rios por ALMEIDA et al (2005) e VIANA (2004), bem como em sedimentos dos rios Solimões (KONHAUSER et al, 1994).




CONCLUSÕES: Os sedimentos em suspensão dos rios do Acre são compatíveis entre si em termos granulométricos, mineralógicos e químicos. São imaturos, produtos de intemperismo físico. Isto mostra que estão em desequilíbrio com o clima quente e úmido reinante no Estado do Acre. A composição mineralógica bem como a composição química, rica em nutrientes como K, Mg e (Ca), podem disponibiliza-los parcialmente em consideráveis concentrações contribuindo para fertilizar as praias e planícies de inundação que são utilizadas empiricamente pelos ribeirinhos para o cultivo de subsistência.

AGRADECIMENTOS:Ao CNPq pelo apoio financeiro do projeto Geosedintama (Proc. 471109-7) e bolsa de iniciação científica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:ALMEIDA, H.D.F.; COSTA, M.L.; OLIVEIRA, M. S. 2005. Área fonte e condições paleo-climáticas da Formação Solimões segundo os sedimentos de barra em pontal da bacia hidrográfica do rio Juruá no Estado do Acre. In: SBGq, Cong. Bras. Geoq. X, Anais.

KONHAUSER, K. O.; FYFE, W. S.; KROMBERG, B. I. 1994. Multi-element chemistry of some Amazonian water and soils. Chemical Geology, 111: 155-175.

SIOLI, H. 1984. The Amazon and its main afluents: Hydrografy, morfology of the river courses, and river types. In: Sioli H (ed.) The Amazon, Limnology and Landscape Ecology of a Mighty Tropical River and Its Basin. Dordrecht. p. 127-166.

VIANA, E. C. A. 2004. Aspectos granulométricos, mineralógicos e químicos de sedimentos de praias (Barra em pontal) do rio Acre e sua relação com a fertilidade. Dissertação de mestrado, Centro de Geociências, Universidade Federal do Pará, 132 p.