ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: DESINFESTANTES – CONTROLE QUÍMICO E FÍSICO-QUÍMICO

AUTORES: PRISCO, R.C.B. - IB; PAPINI, S. - COVISA; SAVOY, V.L.T. -IB
INSTITUTO BIOLóGICO, CENTRO DE P&D DE PROTEçãO AMBIENTAL. SãO PAULO.SP.
COVISA COORDENAçãO DE VIGILâNCIA EM SAúDE, PMSP. SãO PAULO. SP
(RPRISCO@BIOLOGICO.SP.GOV.BR)


RESUMO: A qualidade das formulações dos desinfestantes utilizados no controle de animais sinantrópicos e em saúde pública é essencial para efetivo controle de pragas. Alterações no teor de ativo e nas características físico-químicas podem causar perdas econômicas, resistência de insetos e poluição ambiental. Assim, 41 lotes de desinfestantes inseticidas foram analisados no Instituto Biológico-IB, quanto ao teor de ativo por técnicas instrumentais e, quanto às características físico-químicas, conforme especificações ABNT NBR 8510. As análises revelaram 3 lotes com teor de ativo abaixo do declarado e 3 lotes reprovados nas características das formulações, nos testes de granulometria e de suspensibilidade. Os resultados mostraram a necessidade da normalização de metodologia para os desinfestantes.

PALAVRAS CHAVES: saneantes, saúde pública, controle da qualidade

INTRODUÇÃO: No Brasil, vários pesticidas são utilizados no combate a endemias como febre amarela, dengue e doença de chagas (MACEDO, 2002). Embora esses pesticidas sejam denominados saneantes inseticidas e raticidas e regulamentados pela ANVISA (ANVISA, 2005), alguns ingredientes ativos (i.a.) e formulações são similares aos agrotóxicos utilizados na área agrícola. A determinação das características físico-químicas em formulações de inseticidas e de raticidas é fundamental para bom controle da praga e ação pesticida efetiva. Deficiência na composição de seus i.a. e em suas formulações podem causar inconvenientes de caráter econômico, desenvolvimento de resistência dos insetos e danos ambientais. O Laboratório de Química Ambiental-IB com experiência em análises de controle da qualidade de agrotóxicos vêm desenvolvendo pesquisas e prestando serviços com enfoque na qualidade dos produtos desinfestantes, utilizados para controle de animais sinantrópicos. Este trabalho analisou a qualidade dos desinfestantes inseticidas, quanto as suas características físico-químicas e à composição química de seus ingredientes ativos, com métodos de análises oficiais nacionais utilizados nos agrotóxicos.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram analisados 32 lotes de inseticida Temefós granulado e 9 lotes de Cipermetrina pó molhável. As determinações quali-quantitativas do ingrediente ativo temefós foram realizadas por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), com padronização externa, detetor UV, coluna Si 60, comprimento de onda 254 nm, fase móvel acetato de etila: n-hexano e vazão de 1 mL . min-1 a temperatura ambiente e, do i.a. cipermetrina por cromatografia gasosa (CG), com padronização externa, detetor de ionização de chama, coluna empacotada SE 30 a 3%, com temperatura do forno a 220ºC, injetor a 250ºC e detetor a 300ºC (BRASIL, 1988). As análises físico-químicas, inerentes aos tipos de formulação dos produtos temefós granulado e cipermetrina pó molhável, foram determinadas segundo especificações da norma ABNT NBR 8510, 2005. Para a formulação granulada foi efetuado o teste de teor de pó, em peneira de abertura 250µm (NBR 13828, 1997) e na formulação pó molhável efetuados os testes físico-químicos de espuma persistente (NBR 13451,2002), granulometria via úmida, em peneira de abertura 75µm (NBR 13237, 2006), suspensibilidade (NBR 13313, 2000) e molhabilidade (NBR 13242, 2005).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Quanto ao teor de i.a.de 32 lotes de temefós, 3 foram detectados fora de especificação, 4 com teor de i.a. próximos ao limite mínimo e 25 com a concentração de i.a. dentro da especificação. Dos 9 lotes contendo o i.a. cipermetrina todos os resultados estavam dentro da especificação. Quanto aos testes físico-químicos, os resultados de teor de pó na formulação granulado apresentaram-se abaixo do limite máximo permitido (5% m/m). Nos testes efetuados para pó molhável, 2 lotes foram reprovados em granulometria via úmida (mínimo de 98% m/m), comprometendo a aderência e a distribuição do produto, e 1 lote em suspensibilidade (mínimo de 60% m/m), não garantindo a homogeneidade da solução para aplicação. As reprovações ocorreram em parâmetros de formulações essenciais à eficiência dos produtos. Por falta de normas brasileiras para padronizar as metodologias necessárias ao controle da qualidade de inseticidas e raticidas de uso doméstico e em saúde pública, criou-se junto à Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, no âmbito do Comitê Brasileiro de Química - CB-10, a Comissão de Estudos de Desinfestantes - CE 10.103.03, em atividade técnica desde fevereiro de 2006.




CONCLUSÕES: Concluiu-se que praticamente não ocorreram deficiências nos teores dos ingredientes ativos e que o controle da qualidade deve ser enfocado quanto à implantação dos testes físico-químicos inerentes a cada tipo de formulação. As metodologias oficiais nacionais para detecção e quantificação dos ingredientes ativos e caracterização físico-química dos agrotóxicos se mostraram adequadas para os testes realizados com os saneantes avaliados. Porém, é necessário que sejam estabelecidas normas nacionais para o controle da qualidade dos desinfestantes.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8510: agrotóxicos e afins - características físicas. Rio de Janeiro, 2005.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13242: agrotóxicos – determinação da molhabilidade. Rio de Janeiro, 2005.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13313: agrotóxicos - determinação da suspensibilidade. Rio de Janeiro, 2000.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13451: agrotóxicos – determinação da espuma persistente. Rio de Janeiro, 2002.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13828: agrotóxicos – determinação da granulometria através de peneiramento via seca e teor de pó. Rio de Janeiro, 1997.
BRASIL Ministério da Agricultura. Pesticidas – Métodos de Análise & Informações Técnicas. v. 1, 323p, 1988.
BRASIL Saneantes Conceitos Técnicos-Brasília Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária-ANVISA. Disponível em: www.anvisa.gov.br/saneantes/conceito.htm.
MACEDO, J., A.,B Introdução a Química Ambiental, Juiz de Fora 1 2002.