ÁREA: Química Ambiental

TÍTULO: ANÁLISE DE ALGUMAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DAS ÁGUAS DO CÓRREGO DO TOURO (NAVIRAÍ – MS)

AUTORES: PRATES,C.B. - UEMS; ZANETE,K.A. - UEMS; MORAES,A.R. - UEMS; SILVA,A.F.G. - UEMS


RESUMO: O córrego do Touro é um receptor de água pluvial da zona urbana de Naviraí/MS e o transportador da maior carga poluidora do município. Com o objetivo de verificar possíveis alterações na qualidade de sua água, estão sendo realizadas análises mensais dos seguintes parâmetros físico-químicos: cor, pH, turbidez, condutividade e temperatura, determinados com aparelhos eletrônicos, alcalinidade, pelo método da titulação colorimétrica, oxigênio dissolvido (OD) e demanda bioquímica de oxigênio (DBO), pelo método de Winkler, e material em suspensão. Os resultados até o momento mostram uma diminuição, ao longo do curso do córrego, de quase todos os parâmetros analisados, devido ao acúmulo de substâncias poluidoras que são transportadas com a água. Apenas o OD aumentou ao longo do curso do córrego.

PALAVRAS CHAVES: córrego do touro, análise físico-química, poluição.

INTRODUÇÃO: A água é o elemento fundamental da vida, seus múltiplos usos são indispensáveis às atividades humanas. A crescente expansão demográfica e industrial observada nas últimas décadas trouxe como conseqüência o comprometimento das águas dos rios, lagos e reservatórios (PORTO, 1991). As atividades humanas têm causado grandes impactos nos sistemas aquáticos. Os despejos de efluentes domésticos e industriais causam profundas modificações nesses ambientes (TOWNSEND, 1994).
As características químicas são conferidas através da presença em maior ou menor intensidade tanto de matéria orgânica como de inorgânica, enquanto que as físicas são conseqüências da presença de sólidos, que podem estar em suspensão, dissolvidos ou em solução.
Estudos referentes à avaliação da qualidade da água em diferentes ambientes aquáticos são fundamentais não só para a compreensão da dinâmica destes ecossistemas, quanto aos usos potenciais que podem proporcionar; desta forma a presente pesquisa, ao caracterizar os principais fatores abióticos no córrego do Touro, pretende contribuir para um manejo mais racional deste curso d’água que, apesar da importância para o município, foi objeto de poucos estudos.


MATERIAL E MÉTODOS: O córrego do Touro localiza-se no município de Naviraí/MS pertencente à bacia hidrográfica do rio Paraná e tem cerca de 5 km, sendo a maior parte do seu percurso em área urbana, onde recebe efluentes domésticos e industriais.
As amostras de água estão sendo coletadas mensalmente (05, 06, 07 e 08/2006) em três pontos: o primeiro (P1) na nascente, próximo a um frigorífico, o segundo (P2) ao lado de uma fecularia (2 Km abaixo do P1) e o terceiro (P3) numa área densamente habitada, 4 km abaixo do P1.
O pH e a condutividade estão sendo medidos em campo utilizando-se, respectivamente, o pHmetro ALFAKIT e o condutivímetro digital LUTRON com sensor de temperatura acoplado, permitindo a leitura desta variável na água. Para determinar OD, DBO e alcalinidade, as amostras de água são coletadas em frasco de vidro âmbar com capacidade aproximada de 300 mL. As análises são feitas no laboratório de Química da UEMS em Naviraí, com exceção da cor e turbidez que são determinadas no laboratório da SANESUL (colorímetro DIGIMED e turbidímetro HACK). As concentrações de OD e DBO são determinadas pelo Método de Winkler e a alcalinidade por titulação com ácido sulfúrico, ambos descrito em Lucca.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados obtidos até o momento encontram-se na tabela 1.
Tabela 1: Características físico-químicas do córrego do Touro.
05/2006 06/2006
Parâmetro/Local P1 P2 P3 P1 P2 P3
Cor 57,8 24,2 32,9 19,9 8,7 17,4
Turbidez 11,0 7,9 11,5 8,69 4,93 11,5
pH 6,90 6,75 6,50 6,10 5,80 5,80
Condutividade (μs) 51,5 89,9 106 20,6 86,0 101
Temperatura da água (º C) 22,0 23,9 24,1 22,1 22,7 23,0
Alcalinidade (mg/L) 15,1 17,9 21,8 14,6 18,5 23,5
Sólidos em suspensão – total (mg/L) 3,81 3,16 8,15 6,36 3,83 8,53
Sólidos em suspensão – fixo 2,52 1,66 5,75 4,04 2,00 5,8
Sólidos em suspensão – volátil 3,61 1,49 2,40 2,32 1,83 2,73
OD (mg/L) 2,79 4,06 4,23 5,07 7,33 7,70
DBO (mg/L) 1,69 1,86 0,37 0,94 0,94
O pH no P2 e P3 de junho manteve constante: 5,80, indicando uma leve acidez.
A Condutividade em junho aumentou até 80μs do P1 (20,6) ao P3 (101).
Nos Sólidos em suspensão, as análises realizadas mostram que teve um aumento no P3 em relação ao P1: 8,53 em junho e 8,15 em maio no P3 e 6,36 em junho e 3,81 em maio no P1.
O OD indicou uma maior concentração de oxigênio no ponto mais distante da nascente: em maio (P1 2,79 e P3 4,23) e em junho (P1 5,07 e P3 7,70).





CONCLUSÕES: O trabalho encontra-se em andamento, porém já é possível observar que os possíveis agentes poluidores (Frigorífico, Fecularia e conjuntos habitacionais*) contribuem para que as condições físico-químicas da água do Córrego se modifiquem, principalmente em sua maior extensão devido ao acúmulo de substâncias químicas e transporte de materiais. Os parâmetros que tiveram modificação mais acentuada foram sólidos em suspensão, condutividade e oxigênio dissolvido.
* Considerou-se apenas estes Agentes poluidores, pois foram os de maior impacto e mais facilmente detectáveis.


AGRADECIMENTOS:À Empresa de Saneamento Básico de Mato Grosso do Sul (SANESUL) e a todos que direta ou indiretamente colaboram para a realização desta pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:PORTO, R. L, et al. 1991. Hidrologia Ambiental. Imprensa Universitária, USP. São Paulo-SP, 414.
TOWNSEND, P.L.; GEBHARDT, J. E. 1994. Qualidade em ação – 93 lições sobre liderança, participação e medição. Makron Books. São Paulo-SP.