ÁREA: Química Industrial e Tecnologias Limpas

TÍTULO: TEOR DE ÁGUA E SEDIMENTOS DE ÓLEOS DE MAMONA E COMESTÍVEIS E DE BIODIESEL PROVENIENTES OU COMERCIALIZADOS DO RN

AUTORES: EVANGELISTA, J. P. C. 1-UERN; NUNES, A. O. 1-UERN; SANTOS, A. G. D. 1-UERN; SOUZA, L. D. 1-UERN E BARROS, N. E. L. 1-UERN.
1-DEPARTAMENTO DE QUíMICA, UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO NORTE(UERN).
(JOAOPAULODACOSTAEVANGELISTA@YAHOO.COM.BR)

RESUMO: O trabalho teve como objetivo a análise do teor de água e sedimentos, para controlar a quantidade de contaminantes sólidos e água em amostras de óleo de mamona proveniente do RN, óleos comestíveis e biodiesel disponíveis no mesmo estado. O Trabalho teve também como objetivo comparar os resultados desses materiais com os valores estabelecidos na norma da ANP (valor máximo de 0,050% do seu volume). Os resultados mostram como previsto que os óleos comestíveis apresentaram poucos sedimentos. No entanto os valores para o óleo de mamona e para o biodiesel estão acima do permitido.

PALAVRAS CHAVES: biodiesel, mamona, água e sedimentos.

INTRODUÇÃO: Biodiesel é um combustível de queima limpa, derivado de fontes naturais e renováveis, como os óleos vegetais ou de gordura animal. Ele surge como uma alternativa à dependência do petróleo e seus derivados, sendo formado de uma mistura de ésteres metílicos ou etílicos de ácidos graxos, obtidos da reação de transesterificação de um triglicerídeo com um álcool, metanol ou etanol (PARENTE E.J.S, 2003).
A análise do teor de água e sedimento visa à detecção de impurezas e contaminantes sólidos presentes no material. O excesso desses contaminantes poderá causar problemas na vida útil dos filtros dos veículos e queimadores, bem como, formar emulsões de difícil remoção. A presença de água contribui para elevação da acidez do biocombustível, podendo facilitar a corrosão dos tanques de estocagem.
O trabalho realizado determinou o teor de água e sedimentos do óleo de mamona, e do biodiesel, em amostras de provenientes de diferentes cidades do RN e em óleos comestíveis de girassol, milho, canola, algodão e soja comparando os valores obtidos com os recomendados na legislação.



MATERIAL E MÉTODOS: Foram analisados óleos extraídos no laboratório de mamona do assentamento de Palheiros 3, localizado na cidade de Mossoró-RN e de Severiano Melo - RN, uma amostra de óleo de mamona enviada pela Petrobrás, duas amostras de biodiesel fabricados com óleo de mamona pela Petrobrás e cinco óleos comestíveis: girassol, canola, milho, algodão e soja. Para os óleos produzidos no laboratório, as sementes de mamona após tratamento apropriado (lavagem e secagem) sofreram prensagem a frio e filtragem para a obtenção do óleo cru. A metodologia usada para a determinação do teor de água e sedimentos foi a descrita na ASTM D 2709 que determina que uma amostra de 0,1 L do combustível seja centrifugada com rotação de 2,2x103 rpm por um tempo médio de 6,0x102s em um tubo próprio calibrado para a realização das medidas. Para esse ensaio utilizou-se uma centrifuga BE-4004-28. Depois da centrifugação o volume de água e sedimentos foi lido diretamente no tubo e registrados como a porcentagem volumétrica da água e sedimentos da amostra.
Os experimentos foram repetidos cinco vezes e o resultado foi expresso como a média das medidas.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os óleos comerciais apresentam poucos sedimentos ou nenhum, como era de se esperar, já que são óleos comestíveis e devem passar por uma etapa de purificação. Os óleos de mamona extraídos no laboratório apresentam grande quantidade de sedimentos apesar de ter sido usado papel de filtro no momento da prensagem, (ver tabela 1). De onde se conclui que é necessária uma etapa de purificação para este óleo de mamona antes do seu uso. Os valores apresentados nos ensaios foram aproximadamente iguais para ambos os óleos de mamona.O óleo de mamona extraído pela Petrobrás foi o único a não apresentar sedimentos, de onde pode-se especular que haja passado por um processo de purificação adequado. Quanto aos biodíeseis, os valores encontrados foram bem superiores aos determinados pela portaria 255 da ANP que estabelece um valor máximo de 0,050% em volume para o teor de água e sedimentos contidos no biodiesel. Eles também são muito diferentes um do outro, razão pela qual se especula que a presença de sedimentos nos mesmos pode ser resultado de uma reação reversa da transesterifacação, já que os mesmos provêm da mesma fonte.




CONCLUSÕES: Os teores de sedimentos encontrados nos óleos de mamona, provenientes de cidades do RN e as amostras de biodiesel, apresentaram um alto teor de sedimentos, acima das normas da ANP, portanto os óleos não devem ser utilizados para a fabricação do biodiesel e as amostras de biodiesel impróprio para comercialização. Os óleos comestíveis apresentaram resultados excelentes, sendo uma ótima opção para se fabricar biodiesel.
Não se detectou água ou sedimentos na amostra de óleo de mamona enviada pela Petrobrás, indicando que o processo industrial usado na sua produção está otimizado.


AGRADECIMENTOS:FAPERN,FINEP E CNPq pelo financiamento do projeto ref. FINEP3769/04.
Ao DQ pelo uso dos laboratórios.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:Site http://www.biodieselbr.com/biodiesel/especificacoes/biodiesel-propriedades-fisicas-quimicas.htm visitado em 29/05/2006
PARENTE, E.J.S, BIODIESEL: Uma Aventura Tecnológica Num País Engraçado.
OLIVEIRA, L.B;COSTA,A.O., BIODIESEL: Uma experiência de desenvolvimento sustentável.
MACEDO, I.C; L. A. H. Cadernos do Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE) N 2, 2005.