ÁREA: Alimentos

TÍTULO: DETERMINAÇÃO DOS TEORES DE UMIDADE, CINZAS E PROTEÍNAS DO MEXILHÃO Mytella falcata (SURURU) COLETADO NO ESTUÁRIO DO RIO POTENGI-NATAL/RN

AUTORES: BRITO,G.Q. (UFRN) ; CRUZ, A.M.F. (UFRN) ; CHAVES, K.M. (UFRN) ; GOMES, A. G. S. (UFRN) ; ARAÚJO, E. G. (UFRN) ; MOURA, M.F.V. (UFRN)

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo determinar os valores de umidade, cinzas e proteínas do molusco Mytela falcata (sururu) coletado no estuário do Rio Potengi em Natal/RN. A umidade foi determinada pela perda de massa em estufa segundo o método do Instituto Adolfo Lutz. O teor de cinzas foi obtido por redução da amostra a cinzas e as proteínas totais valor pelo método Kjedahl. Resultados obtidos: Umidade 89,12%; cinzas 0,17% e proteínas 4,12g%. Os resultados obtidos serão úteis na elaboração de tabelas de composição centesimal de alimentos.

PALAVRAS CHAVES: proteína, sururu, mytella falcata

INTRODUÇÃO: Mexilhão é o termo utilizado para denominar as várias espécies de moluscos bivalves da família Mytilidae, onde os gêneros mais comuns são: o Mytilus, o Perna e o Mytella. De acordo com a região do Brasil onde são encontradas, as espécies de mexilhões recebem diversos nomes populares como marisco, marisco-preto, marisco das pedras, sururu e “ostra de pobre” (MEDEIROS, 2001).
Os mariscos (moluscos e crustáceos) são alimentos comumente consumidos em regiões costeiras e são de significativa importância nutricional, pois constituem fontes alimentares de proteínas e minerais (PEDROSA E COZZOLINO, 2001).
As pesquisas sobre a composição nutricional de frutos do mar são importantes para a adequação nutricional de dietas, correlacionar o consumo com o aparecimento de doenças, além de serem úteis para a indústria alimentícia. A composição nutricional dos moluscos é influenciada por fatores como espécie, sexo, grau de maturação sexual, temperatura e salinidade da água, local de cultivo e tipo de alimentação. Os moluscos são organismos filtradores, portanto se alimentam retendo substâncias presentes na água que passa através deles, por isso a composição nutricional é alterada de acordo com o ambiente em que eles são cultivados. Isso torna necessárias análises em diferentes locais e períodos do ano (TRAMONTE, 2003).
A obtenção de dados relativos à composição de alimentos brasileiros tem sido estimulada com o objetivo de reunir informações atualizadas, confiáveis e adequada à realidade nacional (LIRA e cols., 2004).
Portanto, os valores de umidade, cinzas e proteínas presentes no molusco consumido no litoral do Rio Grande do Norte, contribuirão com os profissionais da área de nutrição no fornecimento de dados para serem utilizados em tabelas de composição centesimal.


MATERIAL E MÉTODOS: Material

Foram analisados vários moluscos sendo utilizada a parte comestível dos sururus (Mytella falcata). A coleta das amostras foi realizada em janeiro de 2007 no estuário do Rio Potengi em Natal/RN. Logo após a coleta as amostras foram colocadas em embalagens plásticas e acondicionadas em recipiente de isopor com gelo. Em seguida foram transportadas até o laboratório de Química Analítica Aplicada da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, onde foram realizadas as análises. Todos os reagentes utilizados foram grau analítico.

Preparo das Amostras

No laboratório a parte comestível dos moluscos foi retirada das conchas e acondicionados em recipiente de vidro, constituindo assim uma massa única e homogênea das amostras (moluscos).


Métodos

A amostra homogeneizada foi submetida as seguintes determinações:

- Umidade: Determinada pela perda de massa em estufa regulada a 105°C segundo o método do Instituto Adolfo Lutz.
- Cinzas: Determinada através da incineração de uma quantidade conhecida da amostra a 550°C em mufla até obtenção de peso constante.
- Proteínas: Analisada pelo método Kjedahl, que consiste na determinação do nitrogênio total na amostra.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: As amostras de sururu (Mytella falcata) foram coletadas no estuário do Rio Potengi em Natal,RN, no mês de janeiro de 2007. Foram coletados 382 moluscos com tamanho médio de 47,8 mm. As determinações de umidade, cinzas e proteínas foram realizadas a partir de uma massa única constituída pela parte comestível de todos os moluscos coletados.
Utilizando o método analítico do Instituto Adolfo Lutz para determinação de umidade, os moluscos estudados apresentaram um teor de umidade de 89,18%(±0,56). Os valores obtidos neste trabalho são ligeiramente mais elevados que os encontrados por LIRA e cols.(2004) que determinaram o teor de umidade no sururu coletado na Lagoa do Mundaú (Maceió/AL) e obtiveram valor de umidade de 76,68%(±1,25). O teor de cinzas obtido na base seca foi de 1,56%(±0,01) e na base úmida 0,17%(±0,00). Estes valores estão abaixo dos valores encontrados por LIRA e cols.(2004) que obtiveram os valores de 7,80%(±2,39) e 1,80%(±0,47) respectivamete. Quanto aos teores de proteínas o valor encontrado na base seca foi de 38,71g%(±0,99) e na base úmida foi de 4,12g%(±0,12). No trabalho de LIRA e cols.(2004) o teor de proteína no sururu em base seca foi de 73,00g%(±6,23) e na base úmida foi 17,26g%(±1,76) constituindo valores mais elevados que os obtidos por este trabalho. Portanto, de acordo com os resultados obtidos, podemos verificar que os sururus coletados no estuário do Rio Potengi, Natal/RN, apresentam elevado teor de umidade e os valores de cinzas e proteínas estão abaixo dos encontrados nas amostras de sururu coletados na Lagoa do Mundaú (Maceió/AL).


CONCLUSÕES: Os resultados encontrados neste trabalho são mais elevados para a umidade e mais baixo para os valores de cinzas e proteínas quando comparados com os resultados obtidos com amostras coletadas de outra localidade.
Como a composição nutricional dos moluscos pode mudar de acordo com o local onde são coletados em função de uma série de fatores entre eles a variação de nutrientes presentes na água podendo ser diferente de região para região, torna-se possível desenvolver criadouros contendo nutrientes específicos para se obter animais de valor nutritivo mais elevado.


AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao CNPQ/UFRN pelo apoio e suporte financeiro prestados para a realização deste trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: LIRA,G.M; FILHO, J.M; SANT’ANA, L.S; TORRES, R.P; OLIVEIRA, A.C; OMENA, C.M.B; NETA, M.L.S. Perfil de ácidos graxos, composição centesimal e valor calórico de
moluscos crus e cozidos com leite de coco da cidade de Maceió-Al. Rev. Bras. Cienc. Farm. Braz. J. Pharm. Sci.vol. 40, n. 4, out./dez., 2004


MEDEIROS, J. K. Avaliação dos efeitos de uma dieta à base de mexilhões Perna perna (Linné, 1758) em relação aos teores de colesterol, triglicerídeos e lipoproteínas em cobaias em (Cavia porcellus). [Dissertação de mestrado-UFSC-2001].

PEDROSA, L.F.C; COZZOLINO, S.M.F. Composição centesimal e de minerais de mariscos crus e cozidos da cidade do Natal/RN. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 21(2): 154-157, maio-ago. 2001.

TRAMONTE, V. L. G. 3ª Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSC (Sepex). Laboratório da UFSC analisa valor nutritivo de ostras e mexilhões da região. www.agecom.ufsc.br/index.php?secao=arq&id=1333.